As dez fotos acima mostram outros tantos aspectos do patusco e castiço carnaval da Linhaceira, uma realização artesanal e cheia de garra, sobretudo dos naturais para os naturais. Infelizmente para os seus entusiastas, nesta edição havia bastante menos espectadores que no ano passado. É natural. Se três hospitais separados por 30 quilómetros, numa zona de 200 mil almas, é algo que se entende mal; dois carnavais nessa mesma zona, a dez quilómetros um do outro, só lembra aos tomarenses.
Acresce que algumas piadas carnavalescas permitem deduzir que os linhaceirenses, como bons nabantinos que são, pararam algures outrora. Caso contrário não reivindicariam subsídios quando já não há sequer dinheiro para o essencial (cemitérios, limpeza, recolha do lixo, estradas...). E muito menos culpariam Coelho e Relvas por fornicarem o concelho de Tomar desde que foram para o governo, quando na verdade se limitam a tratar todos os portugueses por igual, como de resto deveria ser sempre.
Claro que tanto um como outro poderão agilizar a aprovação de projectos tomarenses fecundos que lhes sejam apresentados. Não podem porém, nem devem, discriminar-nos positivamente, poupando-nos aos sacrifícios que a todos cabem. Tal como não têm culpa nenhuma da inépcia dos nossos conterrâneos, que regra geral falam muito mas fazem pouco. O tempo das prebendas de Lisboa já lá vai. Agora urge imperativamente encontrar outros meios de criar riqueza, de forma a que a cidade e o concelho possam ir recuperando pouco a pouco o estatuto que já tiveram. Insistir na subsidiação de iniciativas, sejam elas quais forem, parece-me ser tempo perdido. Antes de mais, porque não há nem voltará a haver verbas disponíveis para realizações a fundo perdido. Depois porque, sem criação de riqueza, de valor acrescentado, estamos a empobrecer cada vez mais. Deixamos de ser autónomos para passarmos a viver de esmolas. Pode ser confortável e dar menos trabalho, mas não dignifica ninguém.
Com ou sem cidadãos mais conscientes da crise que atravessamos, creio haver fortes possibilidades de que em 2013 os subsídios camarários farão greve geral durante todo o ano. Há eleições autárquicas em Outubro e quem antes tenha andado a esbanjar dinheiros públicos, enquanto os eleitores sentem cada vez mais dificuldades de toda a ordem, dificilmente vencerá. Cá conto estar para ver se me enganei.
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