Confrontado com uma situação que nunca imaginou ser possível e para a qual não está nem podia estar, por conseguinte, minimamente preparado, Carlos Carrão tinha, em tão agreste conjuntura, três opções que até lhe foram facultadas de bandeja em post anterior: A - Proceder de modo a provocar eleições intercalares; B - Alhear-se das querelas intestinas no laranjal tomarense e tentar durar até ao final do mandato, procurando passar pelos intervalos da chuva; C - Avançar para a luta interna, procurando dirigir de novo o partido a nível local.
Porque alguém lho exigiu ou por decisão própria, optou pela última. A mais corajosa porque igualmente a mais perigosa e até mortífera. A partir de 16 de Março, data prevista para o escrutínio, se ficará a saber se o actual presidente em exercício conseguiu retomar o leme ou não. Em caso de êxito, nada contudo estará garantido. As divisões internas acentuar-se-ão, sendo praticamente impossível que o actual inquilino dos Paços do Concelho venha a ser o cabeça de lista social-democrata. Mas mesmo que, por improvável bambúrrio, isso viesse a acontecer, seria um candidato derrotado logo à partida. Os eleitores tomarenses já sabem agora qual a real função dos IpT nas eleições autárquicas: roubar eleitorado ao PS para facultar vitórias tangenciais ao PSD. Como em 2009. Nestas condições -julgo eu- só volta a cair no logro quem quiser. O que transforma a eventual manobra em causa numa operação votada ao fracasso para ambas as partes: os mandantes e os mandados. A não ser que os socialistas nabantinos andem a dormir na forma, o que não é costume. Mas pode suceder...
Assim sendo, há no PSD quem continue a encarar a hipótese de eleições intercalares como a saída menos perigosa para todas as partes envolvidas. Desde logo, porque permitiria medir forças, 18 meses antes do embate a nível nacional. Depois, porque constituiria um corte saudável na dolorosa agonia local. Finalmente, porque se os sociais-democratas ainda não estão preparados para eleições e a envolvência nacional é péssima, acontece exactamente o mesmo com todas as outras forças políticas. É precisamente por isso que, salvo melhor interpretação, de acordo com os resultados da sondagem nacional, ontem divulgados pela RTP1, a popularidade do primeiro-ministro está pelas ruas da amargura mas, quando questionados se outro partido/governo faria melhor, 73% dos inquiridos responderam não. É uma percentagem impressionante. Se lhe juntarmos o bom resultado obtido por Vítor Gaspar, que logicamente devia até ser o bode expiatório do governo, temos julgo eu algo assim: O que estão a fazer é extremamente duro e eu não posso concordar, pois estou a ser prejudicado. Mas continuem, porque é indispensável, e no vosso lugar ninguém conseguiria fazer melhor.
É uma pena ninguém mandar fazer sondagens a nível local. Podia ser que uma vez divulgados os respectivos resultados, os politiquelhos caseiros percebessem finalmente que no caso da reforma hospitalar não passam afinal de rafeirotes armados em galgos, correndo atrás de doninhas com mais de 40 anos de experiência, disfarçadas de lebres para a circunstância. Qual a diferença entre doninhas e lebres? Ao contrário destas, as doninhas são vorazes e carnívoras...
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