A ilustração supra refere uma realidade que, à primeira vista, muitos tomarenses poderão pensar que se refere a outro país. Isto porque, enquanto outros autarcas se preocupam com a reorganização já anunciada das entidades regionais de turismo, em Tomar moita carrasco! Nem sequer se formou uma comissãozita na Assembleia Municipal. Apesar de a matéria ser importante e complexa.
Resumidamente, está em curso a extinção dos vários organismos regionais de turismo criados pelo governo Sócrates, que serão substituídos por cinco novas estruturas, uma para cada região do plano: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
No que diz respeito a Tomar, apesar de integrarmos a Região Centro para efeitos de QREN, fazemos parte da Entidade de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo para a promoção e animação turística. Até temos uma delegação local. Situação pouco canónica aos olhos de Bruxelas, que visa poder continuar a beneficiar de comparticipações comunitárias da ordem dos 75%, o que seria impossivel apresentando candidaturas pela RLVT, dado o seu índice de desenvolvimento já não o permitir.
Além de pouco ortodoxa, por denotar algum oportunismo, sempre mal visto pelos países do norte da Europa, a dupla pertença ao Centro, para as ajudas, e à ETLVT para a promoção turística, pode vir a ser excelente ou a revelar-se nefasta. Excelente, uma vez que estamos ligados (para o melhor e para o pior) à capital do país, com todas as potenciais vantagens daí resultantes. Nefasta, visto que, como se sabe, o país é Lisboa e o resto é paisagem, com tudo o que isso implica, se consentido.
Sendo indiscutível que Tomar é de longe a cidade da zona com mais e melhores trunfos na área turística, essa circunstância de pouco ou nada nos poderá valer, caso não haja da parte da autarquia o conjunto de atitudes que dela se esperam. O presente marasmo não augura nada de bom.
Habituados a liderar sem empecilhos legais ou outros, os lisboetas procurarão manter a mesma tendência: promover Lisboa e arredores (Sintra, Queluz, Cascais, Estoril, Guincho, Mafra), eventualmente Fátima, Batalha, Alcobaça e Nazaré, mas omitindo Tomar, por ficar "fora de mão" (entenda-se afastada da A 1). Desde há pelo menos 50 anos que assim é, tendo entretanto a A1 substituído a Nacional 1. Quanto mais mudamos, mais estamos na mesma!
Caso os políticos tomarenses estejam realmente interessados no turismo como principal motor do renascimento económico local, torna-se indispensável que a autarquia apresente, atempadamente e nos locais próprios, planos credíveis nesse sentido, estruturados, calendarizados e desdobrados em projectos tácticos e projectos estratégicos. Sem esquecer os tais trunfos nacionais e internacionais, que nos colocam muito acima da concorrência, caso os saibamos usar adequadamente.
Pelo caminho que as coisas levam, não me parece que estejamos na via adequada. Tudo parece indicar que a dada altura estaremos a reivindicar fora de tempo, medidas há muito tornadas impossíveis pelas circunstâncias envolventes. Como agora acontece no caso da reforma hospitalar, em que a Comissão de Saúde não falha uma oportunidade para meter a pata na poça. Pouca sorte tomarense, é o que é.
PS: Esqueci-me de dizer quais são os tais trunfos nacionais e internacionais, não é? Pois façam o favor de sossegar, que foi de propósito. No actual contexto, as ideias são os nossos bens mais valiosos. Basta ler com atenção o recorte de imprensa do post "Tão perto e tão longe..." Isto está mesmo cada vez pior para a mama.
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