quinta-feira, 1 de março de 2012

PRINCIPAIS TEMAS DA ACTUALIDADE LOCAL






Principais temas da actualidade local, desta vez mais cedo, dado que os periódicos anteciparam a sua saída devido ao feriado municipal. Efeméride este ano comemorada de forma assaz peculiar. Se na igreja de S. João se celebra uma missa de acção de graças, logo a seguir está prevista uma espécie de marcha fúnebre (com flores, velas e tudo) rumo ao hospital. Afinal em que ficamos? Acção de Graças ou Requiem?
Ao contrário daquilo que muitos pensarão -obnubilados que andam com a questão do hospital- o principal tema política da semana foi incontestavelmente a transitória convergência PS/PSD, que permitiu evitar um monumental enxovalho a Miguel Relvas. Que teria deixado envergonhados muitos tomarenses. Enfiar os pés no prato da sopa nunca é bem visto. Refiro-me ao voto contra a absconsa proposta da CDU, que visava a destituição da mesa da AMT, (com que intuito final?), antes sequer de qualquer conversa prévia tendo em vista um elenco alternativo. No melhor estilo comunista.
CIDADE DE TOMAR viu bem ao dar manchete a esse assunto. Outro tanto fez O MIRANTE, ao dar-lhe primeira página e uma referência do sibilino, politicamente calejado e sempre bem informado Serafim das Neves: "Tal como não se consegue desagradar a todos. Foi por isso que o ministro todo-poderoso Miguel Relvas se conseguiu aguentar como presidente da Assembleia Municipal de Tomar, graças aos votos do PS. Quem diria! E depois dizem que a terra dos fenómenos é o Entroncamento..."
É claro que o astuto Serafim já percebeu o essencial: na política como na vida em geral, ninguém dá nada a ninguém. Não há almoços grátis, proclama o professor César das Neves. De forma que, tendo deliberadamente desatascado Relvas em nome da decência, das regras da democracia e das boas maneiras, não tardará a chegar a ocasião de o PS apresentar a respectiva factura. Que Relvas, de longe o melhor político da região, se apressará a pagar. Ou até já começou a fazê-lo.
Na contenda interna em curso no PSD/Tomar, com duas listas em compita para a Comissão Política, uma liderada por Carlos Carrão, outra por João Tenreiro, apesar do actual presidente da câmara ter afirmado que  tem o apoio de Relvas, este ainda nada disse sobre o assunto, procurando assim manter-se neutro tanto quanto possível. Quem sabe, sabe! Na segunda metade deste mês já todos perceberão melhor as jogadas decisivas actualmente em curso, tendo em vista as autárquicas de 2013.
Entretanto, vários amigos de infância e outros conterrâneos têm procurado que lhes diga em quem votaria no próximo dia 16, caso fosse militante ou inscrito no PSD. Tenho recusado emitir opinião sobre tal matéria e não tenciono mudar de opinião. Sendo aceitável que me pronuncie sobre a actuação política anterior do eleito Carlos Carrão, há mais de 20 anos estipendiado pelo dinheiro dos contribuintes, não devo fazer outro tanto em relação a João Tenreiro, de quem sou amigo, bem como dos seus pais e meus colegas. Isto porque se trata de uma eleição interna, reservada aos inscritos no PSD. Nestas condições, que legitimidade teria eu para me pronunciar, uma vez que não tenho direito de voto? Dantes, quando se jogava às cartas nas colectividades e havia comentários dos usuais treinadores de bancada, era usual dizer-lhes, com ar enfadado, "Quem não joga, também não racha lenha!" Silêncio portanto. Não porque se vai cantar o fado, mas só até se conhecer o resultado das eleições-laranja do próximo dia 16. Que vão condicionar e de que maneira o nosso futuro...
Finalmente O TEMPLÁRIO. Entre as crónicas desta semana, algumas a meu ver deslocadas na imprensa local porque sobre generalidades, destaco a de SC "Ideias de borla". Irónica como as anteriores da mesma autoria, desta vez inclui um detalhe com o qual não posso concordar, por destoar na realidade local de outrora. Escreveu SC que "Naturalmente haverá sugestões mais práticas neste momento de crise aguda, grave e esdrúxula, como seja o regresso aos carros de mão, aos carros de bois caseiros, ao transporte público urbano de carroça, ouvindo-se pela cidade o característico "Anda Mula".
Com o devido respeito, peço licença para avançar com dois reparos. Um refere-se à classificação da crise, em aguda, grave e esdrúxula. Tratando-se de um problema actual e de que maneira, a dita não pode, ou pelo menos não deve, ser classificada com vocábulos técnicos antigos e por isso já ultrapassados. Em conformidade com a nova nomenclatura gramatical portuguesa, a crise já não é aguda, grave ou esdrúxula. Passou a oxítona, paraoxítona ou proparaoxítona. Dá logo um ar mais moderno e tecnocrático, não dá?
O outro reparo é mais do terrunho. Tanto quanto me lembro, o velho Barrela, que distribuiu durante muitos anos pela cidade cântaros de "água da Asseiceira", numa carroça puxada por um macho, usava um vocabulário bem mais vicentino que o "Anda mula!" Tendo sido vítima de uma partida junto à nascente onde enchia os cântaros, de cada vez que alguém se cruzava com ele nas ruas citadinas e perguntava "Queres ser rico?" a resposta jorrava pronta e fulminante: "Arre macho! Cabrão! Filho da puta! Cornudo! Filho de um cabaz de cornos!" Com duas chicotadas no pobre animal, para acalmar.

1 comentário:

Leão_da_Estrela disse...

Meu caro professor, mais uma vez Miguel Relvas, não pela notícia e pelo facto relatado, mas por ser ele o super-ministro da reestruturação autárquica.

Não tenho dúvidas nenhumas de que é necessário proceder a mudanças; hoje a organização do território não corresponde minimamente à sua ocupação, fruto de muitas circunstâncias que não vêm aqui ao caso neste "post".
Previa o plano a extinção de municípios e de freguesias. A rapaziada das Câmaras levantou a garimpa e puxou dos galões, ameaçando com o seu poder dentro dos partidos e rapidamente se esqueceram os municípios neste plano!
Restaram as freguesias e as suas despesas "milionárias". Dá vontade de rir, palavra, professor. Saberá certamente, ainda que por alto, quanto custa um executivo municipal ( o presidente e os vereadores a tempo completo ); com todos os encargos, em média cerca de 7.000,00 Euros mensais por cada membro, considerando vencimentos, carro, telefone, motorista, ajudas de custo e mais outras mordomias; o mesmo para os membros do CA dos SMAS. Sabe talvez também quanto custa todo o executivo de uma Junta de Freguesia em média; pois, 700,00 Euros chegam! ou seja, o que se gasta com um vereador, "dá" para 10 executivos de JFreguesia. Não esqueça que há Presidentes de Junta, que não têm ordenado, apenas um subsídio e juntas há que nem executivo têm! apenas as maiores freguesias urbanas, contemplam um presidente a tempo inteiro ou mesmo parcial e mesmo neste caso, o vencimento não ultrapassa os 1.000,00 Euros. Com 4 A.Freguesia anuais, em contraponto com as demasiadas, bastante demasiadas, Assembleias Municipais para além das regimentais, durante o ano.

Há Freguesias a mais? porventura haverá, p.e. nas sedes de Concelho onde há mais que uma, ou em Lisboa e Porto, onde há várias (Lisboa já está a resolver a questão, num processo pacífico entre todas as forças políticas), mas no interior, em que a sede do Concelho fica longe, a população é cada vez mais idosa e as comunicações e transportes cada vez piores e mais raros, acabar com a Junta de Freguesia, é roubar às populações o único elo com o poder; a relação de proximidade da JF é uma mais valia muito importante, o(a) presidente da Junta é bastas vezes a única pessoa a quem recorrer, para tudo! é pau para toda a obra, bastas vezes em sacrifício da sua vida pessoal e familiar.

Reestruturar sim, mas com muito cuidado! e nunca com a justificação dos gastos. Apresentem-me uma Junta insolvente, ou endividada, sequer e depois falamos. Já quanto aos às Câmaras Municipais...


Já agora, que se preocupa e bem, com os desmandos e desvarios do executivo municipal da nossa terra, uma pequena adivinha para si:
Sabe qual o concelho em que a macro-estrutura é uma árvore genealógica?
Passo a explicar: Câmara Municipal - Presidente eleito;
_Chefe de gabinete do presidente e coordenador do SMPCivil, o cunhado do presidente;
-Assessora do presidente, a nora do presidente, que em simultâneo dá formação em castelhano, já que é espanhola;
-Assessora da vereadora dos Recursos Humanos, a filha do presidente;
-Funções no Gabinete de Apoio à Presidência, a mãe do vereador do Ambiente, a afilhada do presidente;
-Assessor do presidente, o irmão do presidente;
-Directora Delegada dos SMAS, a mulher do presidente;
-Adjunto do vereador do ambiente, o padrinho do vereador do ambiente;
-Adjunto do vereador do Urbanismo, o filho do vereador do urbanismo;
-Adjunto do ex-vice-presidente e secretária, filho e mulher do ex-vice-presidente
-Exercem ainda funções na Câmara ou nos SMAS: as mulheres dos presidentes de três Juntas de Freguesia, uma como Chefe de Divisão; a sobrinha do presidente, filha do cunhado chefe de gabinete, o cunhado, irmão da mulher do presidente, etc., etc...

Fico-me por aqui. Acrescentar ainda que esta malta anda toda de carro e telefone à pala da Câmara Municipal!
Ainda o meu amigo fala de Tomar...