quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A QUESTÃO DO COMBOIO TURÍSTICO

Comboio turístico - Chaves

Confesso não ser um grande admirador do comboio turístico. Não por simples aversão de princípio, mas por considerar tratar-se de um modo enganador e frustrante de visitar a cidade. Gasta-se tempo e dinheiro para afinal se não ver grande coisa. Não passa pelas ruelas típicas (excepto pela Rua Direita), não entra na Mata nem no Mouchão. Pior ainda, nos percursos até ao Convento, como é muito baixinho, não permite vislumbrar grande coisa do panorama da cidade, acontecendo o mesmo nas raras idas à Senhora da Piedade. E como agora também não pode ir até à Senhora da Conceição... julgo que é muito bom apenas para as crianças das escolas e para os adultos com a mesma idade mental.
Acresce que, como bem sabem os profissionais de turismo, foi mal concebido, ou melhor dizendo, foi idealizado tendo em vista apenas a capacidade máxima, não sendo o resultado prático de modo algum brilhante. Com bancos virados para a frente e outros para trás, quando o motorista guia informa "E agora à vossa esquerda..." os turistas que viajam virados de costas olham para o lado oposto ao pretendido, acabando por não ver nada. Se, porém, o guia dissesse "E agora à esquerda para os virados para a frente e à direita para os virados para trás..." não faltariam perguntas do tipo "Como é que é? Como é que é?" "Repita lá!"
Claro que a informática, aliada à robótica, já faculta soluções automatizadas para tal tipo de encrencas. É tudo uma questão de investimento, que se calhar depois não compensa. Em Tomar compensaria? 
Tudo isto para situar o problema no seu verdadeiro contexto, permitindo ajudar a perceber porque é que o comboio, sendo útil, também nunca conseguiu ser um grande êxito turístico. Além de que, como bem grafou o poeta "Erros meus, má fortuna, amor ardente..." O que obviamente não se aplica a Tomar, terra onde felizmente nunca ninguém erra. Bendita gente! Que Deus os abençoe!
Há enfim uma outra questão. Empresários tomarenses apresentaram uma proposta par a compra do comboio, na qual se comprometem a restaurá-lo e a mantê-lo em serviço na cidade. (Ver post "Empresários tomarenses...") Ao que consta haverá propostas superiores, designadamente uma que a ser aceite implicaria a ida do comboio para Castelo Branco. Julgo que seria uma decisão eticamente duvidosa aceitar qualquer oferta implicando a transferência do comboio, mesmo que seja superior à dos empresários nabantinos. Isto porque, como é sabido, aquele equipamento foi adquirido pela ACITOFEBA com a dupla comparticipação da câmara; directamente e através da sua subsidiária "Comissão da Feira de Santa Iria". O que quer dizer que está ali bastante dinheiro dos contribuintes tomarenses. Pelo que a direcção da ACITOFEBA, que é tomarense, saberá certamente honrar os compromissos implicitamente assumidos aquando da aquisição. Há coisas que o dinheiro nunca compra.


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