sábado, 15 de setembro de 2012

Enchente nas Estátuas Vivas




Enchente nesta terceira edição do Festival de Estátuas Vivas. E uma maré humana nalguns sítios. Com os inerentes problemas de circulação pedestre. Por vezes provocados sem querer pelos próprios passeantes. Estou-me a recordar daquela jovem mãe que resolveu vir ver as estátuas com os seus dois gémeos, num carrinho de dois lugares de frente. Foi bastante complicado ali junto ao Paraíso, onde "estavam" de novo os dois famosos Fernandos nabantinos: Nini Ferreira e Lopes Graça.
Grande afluência portanto, inteiramente merecida, que a realização tem mérito e o trabalho dos artistas é muito profissional. Não está assim de modo algum em causa a excelente qualidade do evento. Dito isto, que não é nada pouco, lastima-se que os objectivos implícitos da iniciativa tenham sido mas uma vez os do costume: mostrar trabalho e agradar ao eleitorado, tendo em vista as futuras votações. Creio ser pouco e incongruente. Pouco, pois o facto de não haver entradas pagas impede que alguma vez se venha a conhecer o número exacto de pessoas que se deslocaram; pouco, dado que se o dinheiro europeu assim gasto fosse compensado pelo valor acrescentado das bilheteiras, este estaria disponível para outras acções artísticas de fôlego. O cinema americano é o mais conhecido no Mundo, não constando que nos USA haja grandes filmes subsidiados com fundos públicos, o que não tem impedido o surgimento de excelentes realizadores...
Incongruente enfim, posto que, segundo Juvenal, já os governantes romanos, há mais de vinte séculos, tinham o cuidado de fornecer em simultâneo ao povo panem et circenses = pão e circo = comida e divertimento. Sucede que no presente aperto que estamos a viver, um modesto cidadão rural que pretenda vender os seus hortícolas no mercado para sobreviver -paga; um doente que precisa sem falta de um medicamento -paga; um acidentado que recorre aos hospitais -paga; um modesto proprietário que queira fazer obras em casa, precisa de licença -paga. O ensino é obrigatório para todos, mas para cumprir a lei, qualquer pai vai matricular os seus filhos e depois (caso não pertença ao grupo de indigentes crónicos, habituados a viver à custa do Estado), paga os livros e outro material escolar Até para liquidar os impostos se paga o custo dos impressos, o que é um abuso. Mas enquanto isto, em Tomar os divertimentos culturais continuam a ser gratuitos para todos. Menos para os sobrecarregados eleitores tomarenses, obrigados a liquidarem das licenças e taxas mais altas dos país. Bem diz o João César das Neves: Não há almoços grátis! Que o diga Carlos Carrão, a braços com um "buraco" de quase 40 milhões de euros = 8 milhões de contos = 211 contos por eleitor concelhio. É obra! E ainda falta mais de um ano para o final do mandato.

1 comentário:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Apoiadíssimo Dr. Rebelo!

Minguém consegue regular este mercado dos votos.