Durante meses e meses, contrariando a opinião da família, declarei-me pronto a assumir o meu dever de cidadania, disponível para na qualidade de cabeça de lista me submeter aos sufrágio dos meus concidadãos. Contava com a previsível alteração da lei eleitoral, que iria tornar possível aquilo que há muito se impõe -executivos homogéneos = corajosos e honrados, na minha humilde opinião.
Como quase sempre neste país, falharam as negociações no seio da coligação, exclusivamente por excesso de partidarismo. Logo a seguir, também respeitando a tradição, o PS afirmou que tem pronto um projecto de lei eleitoral mas que não o apresentará porque está de antemão derrotado. A irresistível atracção pelo abismo...
Em Tomar, esta minha amada terra que tanto está a sofrer, a situação é ainda mais trágico-cómica. Trágica, porque finalmente já todos perceberam -uns mais, outros menos- que nos estamos a afundar no pântano da incompetência, da improvisação saloia, da pusilanimidade e da irrelevância, sem contudo mexerem uma palha para alterar tão lamentável estado de coisas. Cómica, porquanto os três principais actores da farsa nabantina -PSD, PS e IpT, por esta ordem- andam por aí satisfeitos da vida, apregoando cada um a excelência da sua actuação e a manifesta incompetência dos outros dois. Parece uma comédia, mas infelizmente é a triste realidade. Ninguém assume que tem culpas no cartório.
Por estas e por outras, o ex-vereador socialista António Alexandre advogou na passada semana, num artigo em CIDADE DE TOMAR, a necessidade e a urgência de se constituir um executivo de salvação tomarense. Deverá saber contudo que, nas actuais circunstâncias, a sua ideia não passa de um voto piedoso, infelizmente sem consequências práticas. Digo isto porque, não se podendo contar, por razões óbvias, com a CDU e o BE e tendo em conta a também fraca implantação eleitoral do CDS, se apenas com PSD e PS um eventual bloco central pouco mais era já que uma miragem, (dado o passado recente), com mais um parceiro, o melhor é nem sequer tentar o TPT = Trio Político Tomarense. Isto para já não mencionar a conhecida amizade de estimação entre membros influentes do PSD, do PS e dos IpT.
Acresce que uma coligação política que se pretenda fecunda nunca deve ser um fim em si mesma, mas apenas o suporte de um projecto coerente, realista, vasto no espaço e escalonado no tempo. Coisa que, até prova em contrário, e apesar das eufóricas proclamações de alguns dos nossos políticos, nunca existiu nem existe em Tomar. É pena, mas é o que temos. E não adianta continuar a iludirmo-nos, num canhestro exercício de mal disfarçada hipocrisia masoquista.
Nestas condições, que são o oposto das desejáveis e indispensáveis ao renascimento da defunta pujança tomarense, concluí que não adianta, antes cansa cada vez mais em termos psicológicos, porfiar remando contra a maré de conformismo de uma população que continua à espera de milagres, mesmo quando nem sequer reza ou frequenta a igreja.
Tudo devidamente ponderado, conquanto tenha presente a conhecida máxima "nunca digas nunca", DESISTO! Não contem comigo como candidato na próxima refrega eleitoral tomarense. Como é uso dizer em português popular, para que todos percebam: Não há condições, não há artista! Outros farão o espectáculo. Tudo indica que tão bom como até agora.
2 comentários:
A vantagem, meu caro amigo Prof.Rebelo, é que em democracia cada homem vale um voto e todos, desde que se disponham a concorrer podem ser eleitos.
Assim, tal como há 4 anos quando teve a frontalidade e a coragem de ir ao PS explicar porque seria um bom candidato a Presidente da Camara 'Municipal, desejava que o pudesse fazer, desta vez numa das outras agremiações políticas da terra. Se a sua avaliação se mantém a um nível muito baixo sobre a condução da política em Tomar, avaliação com a qual geneticamente concordo, nao faltam em Tomar opções de grupo para se construir uma alternativa.
Em todo o caso sou mais uma vez a concordar consigo: por mais que se escreva e fale, aquela gente que está no poder nada faz de jeito, nem sequer tem a humildade de aprender. Estou a 200% consigo. Não querem mudar? Então porque se queixam?
Abraço
Este Sr. Luís Ferreira é dum calibre que não há registo, é impressionante como o PS (quando em oposição) vem "chorar", até parece que o PS, coitadinho do PS, não tem culpas nenhumas.
E que tal postular um "Mea Culpa" publicamente? Seria o primeiro passo, para restatiar alguma credibilidade que possam querer passar à população.
Basta ver o Sr. A. José Seguro, parece um "coitadinho" (não querendo ofender), apregoando os males do PSD, quando foi o PS que até há muito pouco tempo conduziu a nação.
Por cá, o PS não conduziu activamente, mas passivamente deu ao PSD a condução (e ainda tentou agarrar a meias o volante da Câmara).
E depois sai-se com a frase: "nem sequer tem a humildade de aprender", porém, a PS também tem muito que aprender nessa matéria.
Cumps.
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