Por muito que isso incomode José Vitorino e os seus apoiantes, na inoportuna bronca provocada pelo PAEL, mais precisamente quando o ex-cabeça de lista e actual vereador PS votou a favor e o outro representante socialista no executivo votou contra, a razão está do lado de Luís Ferreira. Isto porque, sendo ambos militantes do mesmo partido, estão naturalmente obrigados a seguir as suas normas, desde que previamente debatidas, votadas maioritariamente e comunicadas em tempo útil. Foi o caso. Os órgãos legítimos do PS determinaram que o voto socialista seria contra o PAEL. José Vitorino disse imediatamente que votaria a favor, indo portanto contra a orientação do partido em cujas listas foi eleito. Devia por isso ter esclarecido logo que o fazia a título pessoal, por discordar da orientação do seu partido, sujeitando-se implicitamente às eventuais consequências.
Em vez disso, num alarde de algum marialvismo político, acusou o seu companheiro de lista de usurpar competências, ao ler uma declaração de voto classificada como posição oficial do Partido Socialista. Anunciou até que vai recorrer ao poder judicial tendo em vista anular o citado documento, caso Luís Ferreira não o altere em em tempo útil. Está equivocado!
Nesta lamentável trapalhada, que podia muito bem ter sido evitada, não prestigia mesmo nada quem a desencadeou e terá decerto consequências a curto, médio e longo prazo, José Vitorino julgou ser aquilo que não é - um cidadão livre- a partir do momento em que aceitou encabeçar uma lista partidária, tendo assinado um compromisso de honra, nos termos do qual está obrigado a acatar as decisões dos órgãos do partido, nomeadamente a disciplina de voto. Agora que cometeu esse erro, originando o escândalo político subsequente, resta-lhe ter a coragem de ir até às últimas consequências, fazendo o óbvio -renunciar ao cargo que ocupa e abandonar o partido, ou manter-se como vereador, mas como independente. E definitivamente ferido de asa, pois pouco ou nada acontece por mero acaso, na política como no resto. O que leva as pessoas a perguntar o que lhe terá sido prometido em contrapartida do seu voto. É triste e reles, mas é assim que funciona. Estamos em Portugal, onde a democracia nos foi servida de bandeja pelos militares de Abril, e em Tomar, uma terrinha cuja população poderá ter os seus defeitos, mas nunca constou que fosse canhota. Ou muda. Basta olhar para os sucessivos resultados eleitorais...
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