segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Estátuas vivas num país de contrastes

Paço Ducal de Vila Viçosa, propriedade da Fundação Casa de Bragança.

Carruagem do regicídio, onde viajava a família real portuguesa, quando foram assassinados a tiro o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro Luís Filipe, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

Terminou em Tomar a 3ª edição do Festival de Estátuas Vivas, mais uma vez um incontestável êxito de afluência. Está assim confirmado tratar-se de uma iniciativa a continuar, desde que, penso eu, se passem a acautelar os interesses dos habitantes da parte antiga da urbe, sempre tão abandonados, bem como as finanças municipais, que estão no estado em que se sabe. 
Nos moldes actuais, pode dizer-se que a organização foi excelente, apesar de uma ou outra falha, como sempre acontece. (Aquela dos pendões preto e branco com a cruz de Cristo não lembrava a ninguém mas aconteceu em Tomar, a única terra no país cujos habitantes têm obrigação de saber de cor que as cores da Ordem de Cristo, da qual os seus antepassados foram súbditos, são vermelho e branco.) Acontece porém que o modelo usado é o dos abastados, que convidam para banquetes gratuitos, recebem imensa gente e depois proclamam que foi um sucesso, esquecendo-se sempre de dizer qual foi o seu preço. Confundem simpatia e amizade com mama e oportunismo.
Um simples detalhe? De modo algum. Uma coisa é quem come paga, outra bem diferente pagarem todos e comerem só alguns, por sinal quase sempre os mesmos. Para se ter uma ideia mais precisa, permita-se uma comparação. Este ano os visitantes puderam apreciar mais uma vez, frente aos Paços do Concelho, uma representação viva do Regicídio. À borla. Pois em Vila Viçosa, no Palácio Ducal, propriedade da Fundação da Casa de Bragança, paga-se seis euros de entrada (tal como no Convento de Cristo), mas depois, já dentro do palácio, há que avançar com mais três euros para se poder ver a carruagem na qual se deslocava a família real portuguesa aquando do atentado que custou a vida ao rei D. Carlos e ao príncipe herdeiro D. Luís Filipe. São uns trogloditas os dirigentes da fundação que gere os bens da Casa Real Portuguesa? Olhe que não! O seu presidente é o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Estamos é num país de contrastes, onde câmaras falidas continuam a oferecer aos eleitores borlas que custam milhares de contos aos esbulhados contribuintes. E depois ainda há quem se admire que a autarquia tomarense tenha calotes de perto de 8 milhões de contos. Pudera! Com organizações como esta, que custou à roda de 80 mil euros= 16 mil contos...

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