Corvêlo de Sousa tem razão. Pena é que não conclua os seus raciocínios, nem aja depois em conformidade. Em recentes declarações à Rádio Hertz, no excelente programa "Directíssimo", de António Feliciano, afirmou que o estado de degradação do mercado, que levou ao seu encerramento, não resulta unicamente dos últimos 12 anos, mas sim dos últimos 30, pelo que todos somos culpados. É a triste verdade. Mas porquê?
Entre outros motivos, porque, sobretudo a partir dos anos 80, ocorreu por todo o país e também em Tomar, um extraordinário desenvolvimento do "cancro burocrático". Multiplicaram-se exponencialmente os improdutivos "lugares de secretária", que só existem para complicar e justificar os execrandos percursos administrativos, em detrimento das ocupações operacionais, realmente indispensáveis. Resultado: O munícipio tem hoje mais de 500 empregados; eleitos, chefias e demais mangas de alpaca estão muito bem instalados (geralmente com ar condicionado e tudo), mas há menos varredores, menos pedreiros, menos calceteiros, menos jardineiros, menos carpinteiros, menos mecânicos, menos pessoal de pá e pica. Em resumo, menos gente que trabalha no duro. Consequência normal -Não se pode fazer a manutenção dos imóveis municipais, fecham-se as retretes para não ter de as limpar e cuidar, entrega-se a jardinagem a empresas privadas, e assim sucessivamente. Como em simultâneo as múltiplas chefias não respeitam os eleitos, por não lhes reconhecerem competência, e os funcionários detestam as chefias, há cada vez mais sectores da autarquia em verdadeira autogestão, no sentido negativo do termo, enquanto se vão criando estruturas paralelas. Cada vereador nomeia um ou mais assessores ou adjuntos, cada assessor ou adjunto escolhe uma ou vários secretárias, cada secretária arranja uma ou mais ajudantes...
Corvêlo de Sousa e os outros eleitos sabem tudo isto como ninguém. Porém, em vez de denunciarem a coisa, e agirem em conformidade, preferem manter o prudente silêncio. Afinal os funcionários municipais são o maior grupo eleitoral do concelho, logo a seguir aos professores aposentados e no activo.
De forma que, em vez de enfrentar com coragem as adversidades, procurando ir sempre corrigindo o que está mal e custa muito dinheiro aos contribuintes, a actual maioria de circunstância parece ter optado pelas duas grandes vias tradicionais. Por um lado, procuram intrujar os eleitores, agindo no sentido de lhes "enfiar Lisboa pelos olhos dentro", para o que quase todos os dias vão repetindo que vai tudo pelo melhor, que a situação orçamental é boa, que cada evento realizado foi um sucesso. Como se alguém, para além dos interessados, ainda dançasse ao som de semelhamnte música.
Por outro lado, vão convocando a comunicação social, para mais isto e mais aquilo. A oposição que há, para conferências de imprensa onde não se diz nada de novo; a maioria para visitas aqui ou ali. Esta tarde, chegou a vez de uma visita comentada às obras da Pedreira, dos Casais e da Chroromela. Tudo bem. Podiam era aproveitar para visitar e comentar igualmente o paredão terraço à beira-Nabão (ver foto com atenção), as obras da Rotunda, que implicaram a destruição do que tinha sido arranjado há pouco tempo, à entrada da Rua dos Moínhos, ao fundo da Rua dos Arcos e a norte da Casa dos Cubos. E já agora comentavam o paredão-mistério e o seu filho, do outro lado da estrada. Com muita oportunidade, um cidadão atento já nos esclareceu que o grande é para mijar e o pequenino para fazer chichi. Será?
Da Rotunda, podiam fazer mais um esforçozito e ir até à Mata. Visitavam e comentavam as obras ali em curso, com um só colector de esgotos. As águas pluviais são canalizadas da valeta da direita (no sentido de quem sobe) para a ribanceira da esquerda. Nas próximas enxurradas, vamos ter por ali árvores com as raízes ao sol. Ai vamos vamos!
Que mal terão os tomarenses feito a Deus Nosso Senhor? Por estas e por outras, o vereador Ferreira até já se mandou "desbaptizar". Agora é apóstata. (Ver vamosporaqui.blogspot.com). Precavido, o nosso respeitado autarca. Como constatou que os autarcas tomarenses não estão na graça de Deus...
12 comentários:
O vereador Ferreira apostota? E qual será a novidade disso? Ele não e assumidanente Maçon? E na sua tomada de posse não se afirmou pela ética republicana de serviço publico ou coisa do gênero?
Agora é que osnsectores mais conservadores de Tomar lhe vão fazer a vida negra. Já não bastava ser socialista, agora é também maçon e apostata.
Tomar naontem sorte nenhuma! Chiça!
Boa caro António.
- Reina a incompetência no governo do município e a culpa são dos funcionários.
- Os vereadores e o presidente não sabem gerir a autarquia nem tão pouco organizar o trabalho da mesma dirigindo os directores e demais chefias dos seus serviço e logo a culpa é dos funcionários e dos seus chefes hierárquicos.
Mais uma vez passa-se ao largo do verdadeiro problema.
A Câmara está onde está devido à incompetência dos que nela exerceram cargos de responsabilidade política. Se hoje temos muitos funcionários, foi porque cada um dos vários vereadores e presidentes que por lá passaram (nos últimos 30 anos) se preocuparam mais em nela colocar (ou empegar) os seus amigos e protegidos do que em operacionalizar aquela instituição.
Mas como de costume, a culpa morre solteira. E a incompetência alastra como um cancro. E neste momento já não haverá nada a fazer. Nem faca, nem quimio. É deixar morrer. É pena!
Para 12:37
Convém ler com calma aquilo que se escreveu. Feito isto, fácil será concluir que não se disse mal nem bem dos funcionários. Apenas se constatou uma realidade: muitos nada ou quase nada fazem e só servem para empastelar as coisas. Só isso. Não temos qualquer má vontade contra os funcionários ou contra os eleitos, mas o que tem de ser, tem muita força.
Este Post vai direitinho ao âmago dos nossos verdadeiros problemas nacionais (não só locais), e não carece de ser embrulhado em teorias políticas sofisticadas.
O pior é que o responsável desta situação chama-se Sistema Partidário português, o Pilar vital da democracia. E seria errado culpabilizar o conjunto (ou um a um) dos funcionários públicos, porque mais não fizeram do que desenrascarem-se com um emprego, ganhando por todos os meios possíveis um lugar no Eléctrico para a "Casa Grande", onde pelo menos a sopinha está assegurada para o resto da vida, e apesar de muitas aves agoirentas não irá falir. A falir estão as pessoas e famílias "Cá Fora" que viram os seus rendimentos começarem a diminuir este mês e mais vão ser reduzidos nos próximos anos, para não referir as centenas de milhares no desemprego, para alimentar patriarcas, filhos, irmãos, primos e cunhados da "Casa".
E deu-se este paradoxo em Portugal: a contradição mor na nossa sociedade de hoje não é entre os trabalhadores e o capital, não é a contradição clássica entre a burguesia e os assalariados (proletariado só serve hoje para as reuniões de caráter iniciático em espaços "clandestinos" de alguns partidos para obscurecer a realidade) - a contradição principal manifesta-se entre esta "Nomenklatura" oficial e oficiosa e a sociedade civil.
Mas o pior é que, deste regabofe, evoluiu-se para a instauração de uma "Nomenklatura" bem à portuguesa, conservadora e reacionária, disponível, se os chamam à contribuição, para dar o lombo a um qualquer aventureiro que apareça por aí a querer montá-la, sem questionar o destino.
Lamentavelmente, esta "Nomenklatura" instalada na "Casa Grande" (e não só) da politeia portuguesa é mais da responsabilidade da esquerda do que da direita. O que é preciso é juntar forças, juntar forças, porque as despesas já sabemos quem as paga para alimentar esta social ditadura do Estado.
Como é que isto se resolve? Não sei. Mas fermentam por aí soluções, falta saber qual a que vai levedar com pujança.
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P.S. - NOMENKLATURA: palavra russa (derivada do latim), incluia altos funcionários do Partido, e trabalhadores com cargos técnicos, artistas e outras pessoas que gozavam da simpatia do Part.Com. da União Soviética. Na sua maioria eram filiados e gozavam de inúmeros privilégios e vantagens inacessíveis para o restante da população do país (síntese da definição da Wikipédia).
Corvelo tem razão?
Corvelo até poderia ter dito que o problema do mercado vem desde a sua construção.
Corvelo até poderia ter dito que o problema do mercado vem desde a fundação de Portugal.
Afinal desde quando é que Corvelo está na Câmara?
A sensação que se tem é que ele tem estado o tempo todo de férias...
Há uma coisa em que ele tem razão, se os tomarenses o puseram lá, a gora aguentem-no!
O quê? Não sabiam que ele era assim tão incompetente? Deixem-me rir Ahahahah
José Soares
Até que enfim li aqui alguma coisa de jeito! Mas também não consegui encontrar uma solução para esta "porcaria" toda!
Ao anónimo das 14h09
Tomar nunca mais teve um presidente de Câmara como o General Fernando de Oliveira ou o Dr. Aurélio Ribeiro. Depois do 25 de Abril só vieram coveiros e o maior coveiro foi o António Paiva.
Li atentamente o post e reduzindo um pouco o comentário devo dizer que, a razão não nos leva a lado nenhum, é preciso actuar.Pois e a actuar onde, como e sem ver a forma partidária e as suas cores?
Por vezes fico a pensar qual a razão de fazer-se obras para simplesmente um autarca pôr aí a sua marca, muda-se os presidentes muda-se os cenários e que cenários.
Quanto aos funcionários, competentes ou não trabalhadores ou não, são sempre empregados do povo e mandados por um presidente eleito pelo mesmo povo, e agora de quem é a culpa, o Corvêlo tem razão, em quê? E o povo?
E o povo ?
O povo é uma categoria muito vasta, e conquista-se com aparências e coisas efémeras.
O povo só serve para legitimar tudo o que aconteça, de bom ou de mau. E, normalmente, o que é bom para alguns, é mau para a maioria que votou.
Tomar entrou em decadência com a decadência das suas elites. Os que têm estado na Câmara, com o voto do povo, não passam de pequena-burguesia pretenciosa sem qualquer preparação.
Cada povo tem o que merece.
Esta, que acabaram d me contar, não posso deixar de partilhar convosco (se passar o crivo do lápis azul do Rebelo):
Sabem a diferença estre as prostitutas e os políticos?
- É que as primeiras não trabalham à comissão!
Para 12:56
Está bem visto, sim senhor. Há, porém, outra versão ainda mais cruel:
É que aquelas são pessoas sérias, que geralmente trabalham deitadas. Enquanto que os políticos, nem uma coisa nem outra...
Cruel mas verdadeiro, é isso que falta aquela classe de burguêses
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