domingo, 18 de julho de 2010

MAIS UMA VEZ O MERCADO

Já aqui foi escrito, até agora sem qualquer resultado observável. Resta, portanto, voltar ao assunto.
O encerramento compulsivo do mercado municipal, que era previsível, excepto para os senhores autarcas que, por terem sido eleitos, se julgam acima das leis, quando é exactamente o contrário. Devem, têm a obrigação de as cumprir escrupulosamente. Para dar o exemplo. Não tem sido o caso? Pois não. Por isso estão como estão. Por isso estamos como estamos.
O encerramento do mercado -dizíamos- veio revelar a grande miséria tomarense em termos de planeamento urbano. Baseados não se sabe em quem nem em quê, os edis maioritários resolveram a dada altura substituir, em teoria, o mercado tradicional por um fórum moderno. Era o que estava a dar. Era a altura das vacas gordas.
Os tempos mudaram. Agora é a prolongada crise local e nacional, cujo fim ninguém vislumbra. E foram apanhados com as calças na mão. O mesmo é dizer, na ocasião menos oportuna ou, em termos desportivos, foram apanhados em contra-pé. Nas condições actuais, com cada vez menos poder de compra a nível local e regional, em que vamos ser forçados a mudar de vida, um fórum para quê? Para ficar aos ratos? Para ornamentar? Para fingir que somos modernos e ricos? Para armar ao pingarelho?
Como uma desgraça nunca vem só, descobre-se agora que, no fim de contas, não se trata de resolver só o problema do mercado. Há igualmente a confusão do mercado semanal, que não poderá continuar durante muito mais tempo nas infames condições actuais, sob pena de poder vir a causar distúrbios, pois é cada vez mais incómodo para todos. E vão dois, aos quais há que juntar um terceiro imbróglio -o mercado dos grossistas.
Para já, a solução das tendas não nos parece a mais adequada nem a mais económica. Terá sido tomada apenas e só com o intuito de forçar a mão aos que são a favor do mercado com o mesmo aspecto exterior, mas com as condições do século em que vivemos. Partiu-se do princípio que, com o tempo...
No intuito de evitar, tanto quanto possível, mais disparates semelhantes, aqui vai uma outra hipótese de solução. Ponto por ponto, para facilitar o entendimento: 1 -Alugar (ou comprar em leasing) as ex-instalações da Ford e da Auto-Tomar, ainda devolutas; 2 -Adaptá-las sumariamente, de forma a cumprir os normativos legais, uma para mercado do peixe e da carne; a outra para o resto; 3 - As obras de adaptação devem incluir a abertura de portas largas para as trazeiras, por onde se passará a efectuar a entrada e saída dos frequentadores, efectuado-se as cargas e descargas pelo lado da frente. 4 - Idealmente, o espaço livre de propriedade municipal, existente entre o rio e as construções, deve ser asfaltado de forma provisória, para servir como estacionamento; 5 - O mercado das sextas-feiras e o dos grossistas deve imperativamente ser deslocado para uma zona próxima do cemitério novo; 6 - Mesmo antes de qualquer plano de recuperação, a cobertura do mercado deve ser retirada, pois constitui um evidente e grave perigo para a saúde pública. É de amianto, matéria muito cancerígena, cuja utilização está proibida na União Europeia; e está-se a desfazer, o que provoca o desprendimento contínuo de microfibras causadoras da amiantose ou asbestose, um tipo de cancro das vias respiratórias; 7 - As obras de recuperação devem limitar-se a nova cobertura e arranjos interiores para instalações sanitárias, vendedores de carne, vendedores de peixe, vendedores de produtos alimentares elaborados ou semi-elaborados, vendedores de hortícolas, outros vendedores; 8 - As novas valências (posto de correio, café-restaurante, banco, loja do cidadão, farmácia, aferidor, veterinário, cobradores, administração, etc.), devem ser instaladas no novo pavilhão, idêntico aos existentes, a acrescentar do lado sul, com corredor de ligação; 9 -Os lugares de venda existentes a nascente devem ser suprimidos, por não terem condições mínimas; 10 - No seu lugar será instalada uma série de estabelecimentos, todos de r/c e 1º piso, com a maior parte da superfície útil escavada no actual talude.; 11 - Tanto o mercado como as lojas disporão naturalmente, consoante os casos, de rede de frio e/ou de ar condicionado; 12 - O actual largo será usado como parque de estacionamento, com um piso subterrâneo e dois exteriores sobrepostos, só para ligeiros, com entrada a norte e saída a sul; 13 - O piso dois do estacionamento não será coberto; 14 - Entre a margem do rio e o exterior do parque de estacionamento, haverá uma faixa livre de pelo menos 5 metros de largo, a qual incluirá uma fila de árvores de médio porte, uma pista para peões/bicicletas e um percurso de pesca desportiva; 15 - Entre a fachada poente do mercado e o limite do parque, haverá uma larga via pedonal, ocasionalmente para acesso de veículos só para cargas e descargas; 16 - Os emissários da rede de saneamento a executar serão encaminados para o leito do rio, a jusante do açude; 17 - O colector de águas pluviais terminará aí. O colector de "águas sujas" continuará, instalado numa vala a abrir no leito do rio, até sair rumo à ETAR mais próxima e ainda com capacidade disponível; 18 - Tanto o mercado das sextas-feiras como o mercado grossista deverão vir a ser instalados e equipados de forma progressiva, começando-se pelo piso, iluminação e instalações sanitárias; 19 - A Feira de Santa Iria será igualmente transferida, logo que possível, para o local dos mercados semanal e grossista; 20- Tanto para a recuperação do mercado, como para a instalação dos dois outros e/ou do parque de estacionamento e das lojas, deverá a autarquia encetar conversações com entidades privadas, que estejam eventualmente interessadas no financiamento/exploração dos mesmos. Tudo sob o controlo do executivo e da Assembleia Municipal, mantendo a população informada, como é evidente. A muito badalada gestão participada...
Trata-se apenas de um primeiro esboço. Para discussão e eventuais aperfeiçoamentos. Ou para rejeitar. Não serve? É fantasista? Façam o favor de arranjar melhor e de desencadear o debate. Logo verão as reacções da população. E não pensem mais no fórum. A época não está para brincadeiras. E V. Exas -é claro que sem intenção de prejudicar- já causaram demasiados estragos.

António Rebelo

13 comentários:

Anónimo disse...

O que o senhor propõe não tem valores monetários por isso vale o que vale. Parece que está a brincar Cityville. Sempre o mesmo problema: todos temos ideias e planos mas quanto custam? Pense nisso caro senhor!

Anónimo disse...

Ah, mas pode ter a certeza que a ideia do Forum está para lavar e durar! Está enraizada nas mentes obtusas de uns quantos, estejam ou não presentes na Câmara! E depois há promessas que são para cumprir, sob pena de para as próximas artárquicas não haver pão para malucos.

Anónimo disse...

Realmente em Tomar é só qualidade! Barracas no mercado e contentores no campo da borracha, obra de Paulino, o Paiva da Trofa!!!

E brevemente, no centro da cidade um bebedódromo permanente, iedia do aldeão Carrão coadjuvado pelos restasntes "menires" camareiros!

É fugir! É fugir, pessoal!

Anónimo disse...

Para 02:13

Estão verdes. Só os cães as podem tragar, não é? Nem sequer lhe passou pela cabeça que as quantificações devem ser sempre a segunda fase de trabalho. Sob pena de estarmos a idealizar em função dos custos previsíveis e não em função da utilidade. É por isso...

Anónimo disse...

O debate está bom. Entrámos, como deve ser, no campo das curvas de indiferença (utilidade) e nas de recta orçamental (possibilidades financeiras).
O anónimo das 2:13 está errado. Reduzir as propostas de restauro da Mercado, onde, entre outras, se integram as de AR, a valores monetários é pobre.
"Todos temos ideias e planos mas quanto custam?", é uma verdade de LaPalisse. E quanto rendem, não só em termos financeiros mas também em benefícios sociais ? Quanto custará o Fórum, em termos fianceiros, e quais os seus custos e benefícios sociais ?
Em qualquer projecto há que ver a sua utilidade, os seus custos/benefícios, e a capaciade de cobertura financeira. SB tem razão.
Se tivessem feito análises de utilidade e de custos/benefícios à Fonte Cibernética não teriam cometido os erros que cometeram. E se tivessem feito análises de oportunidade, por exemplo, a Fonte ou a recuperação do Mercado Municipal, não se teria chegado aonde se chegou.
Como escrevi no Templário: não pode haver projectos avulso, desconexados. Tem de haver planeamento, ou não irão a lado algum.

Outra questão: a Câmara de Penafiel desencadeou uma acção junto dos restaurantes e padarias do seu concelho no sentido de os influenciar a descerem a quantidade de sal nos alimentos, o que foi conseguido.
O sal não se come e faz mal à saúde, para quando iniciativa semelhante em Tomar e no resto do País ?

Outra questão: ontem, 18/7/10 0 Magazine do DN e do JN publicou um trabalho do médico Lima-Reis intitulado "A lenda de Iria de Nabância". Alguns tomarenses manifestaram-me o seu desagrado porque, em todo o texto, não específica onde ficou a Nabância (Tomar), mas realça Santarém. Falta promoção a Tomar e à sua História.

SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

Pois Caro senhor falhou o negócio com a Ford...a Câmara que os tire do aperto. Entretanto, quem está já ao pé de todos os supermercados ainda vai herdar o mercado...fecha-se S. João e vão tods para Santa Maria. já lhe passou pela cabeça que enm todos têm dinheiro para passear de TUT a caminho do super e do mercado...há ideias que valem o que valem.

Anónimo disse...

Palavra que não percebo patavina! Você não estará a fantasmar? Sabe ao menos situar a ex-Auto Mecânica Tomarense e a ex-Auto Tomar no mapa tomarense? Não me parece.
Olhe que ficam a menos de 100 metros do actual mercado e deste lado do rio!
O seu comentário não lhe parece um bocado afastado da realidade?

Anónimo disse...

Parabéns António Rebelo!

O meu Amigo apresenta, e muito bem, uma proposta para debate, onde não descura as valências necessárias ao mesmo e, o que é importante, coloca a questão do custo/benefício em cima da mesa.

O que agora apresenta já deveria ter sido apresentado, e há muito tempo, por qualquer uma das forças políticas representadas no executivo, independentemente de ser ou não ser poder.

A discussão saiu p'rá rua. Vamos ver quem é que a agarra e se a sabem agarrar.

Há quem tenha ideias e propostas e quem tam. O resto é paisagem.

José Soares

CIDADÃO TOMARENSE disse...

Há muito tempo que o problema do mercado poderia estar resolvido. Aproveitando até fundos que esistiam em abundância. E não era preciso procurar terreno, pois onde está o actual mercado tinha bastante espaço, tendo sido reduzido em parte pela construção da Ponte Engenheiro António Paiva, para mim terá sempre este nome. era feito da seguinte maneira: tudo o que lá existe era arrasado; a cota do terreno era subida, a fim de evitar as cheias do rio; o novo edíficio do mercado seria construido ao longo da encosta, ao lado do Centro de Emprego, comtemplando três pisos, um piso terreo, virado para o rio, onde se efectuaria as cargas e descargas de produtos e o mercado abastecedor. um piso intermédio onde funcionaria toda a venda de produtos que a sua conservação exigisse frio, talhos e peixe. E por fim o ultímo piso, este com a frente e entrada para o parque de estacionamento em frente ao cemitério velho, onde seriam colocadas todas as vendas de produtos horticolas. Com este projecto existiria ainda a possibilidade de se construir um parque subterraneo, que teria uma grande utilização, ao contrario dos existentes actualmente. Deixaria de existir aquela vergonha, de em pelo seculo XXI ainda existirem vendedores a vender na rua, sem quaisquer condições higiénicas e contra as normas da UE. MAS COMO NÃO SOU ENGENHEIRO, ARQUITECTO OU POLITICO, ISTO NÃO PASSA DE UMA MERA OPINIÃO DE UM CIDADÃO TOMARENSE QUE PAGA OS SEUS IMPOSTOS E QUE CONTINUA A VER TUDO A DESAPARECER EM TOMAR SEM QUE NINGUÉM IMPEÇA.

Anónimo disse...

Senhor Sérgio Rebelo essas análises custo/benefício não interessam pois em tempos de crise os benefícios são sempre os mesmos os custos é que terão que descer. Estamos em Tomar e não em Lisboa. Toque de minimizar os custos e tentar manter os benefícios que é já um milagre. O senhor também está errado!

Anónimo disse...

Fabuloso! De Antologia.
"essas análises de custo/benefício não interessam"...
Acabe-se com o estudo de Economia. Em 1969, um dos ultras do regime salazarista, Casal-Ribeiro, defendeu na Assembleia nacional, por causa da abertura da Universidade Católica com uma Licenciatura em Economia, o fim das Universidades de Economia em Portugal. A seguir à Segunda Guerra Mundia a Economia foi o curso que mais cresceu em todo o Mundo, mas, em Portugal... Antes, no início do Estado Novo, o primeiro Sindicato a ser encerrado foi o dos Economistas, e não um operário.
O Presidente da República, Prof. Cavaco Silva, farta-se de pedir uma análise custos/benefícios para os grandes projectos. Um génio vem agora dizer, de forma depreciativa, que "essas" "análises de custo/benefício não interessam", como se a vida não assentasse sempre numa análises custos/benefícios.
Diz: "pois em tempos de crise os benefícios são sempre os mesmos os custos é que terão que descer. Estamos em Tomar e não em Lisboa", para depois se contradizer e defender:"Toque de minimizar os custos e tentar manter os befícios que já é um milagre".
Bem, os benefícios são sempre os mesmos ou mantê-los já é um milagre ? Os benefícios são estáticos ou dinâmicos ?
Como é que em crise os benefícios são sempre os mesmos ? O Mundo agradece que explique tal teoria, e eu garanto-lhe que lhe será atribuído o Nobel da Economia. O Mundo todo a chorar porque anda a perder benefícios com a crise e, em Tomar, há um guru com solução para essa perda.
Em mercado aberto, dominado pela concorrência, em velocidade normal ou em crise, há sempre que procurar baixar os custos. Mas a análise de viabilidade e rentabilidade de projectos vai mais longe...
Diz: "Estamos em Tomar e não em Lisboa" - isto não faz qualquer sentido. Este apartheid não tem razão de ser.
Termina a reconhecer que está errado pretendendo companhia, mas eu não vou por aí, porque estou certo e você caro senhor, como o reconhece, está errado.

SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

Senhor Sérgio continue com as suas análises que eu tenho que trabalhar. O senhor escreve de economia o outro colega seu A. Rebelo de economia política o nosso PR Cavaco Silva não sabe de mas nada mas por quem dobram os sinos senhores? Ainda por cima em tempo de crise! Vão trabalhar e suar um pedacinho. Será pedir muito? Por certo é.
CuriosidadeS: o senhor foi corrido do Cidade de Tomar? Só escreve nos blogues? Não leio os periódicos tomarenses pois carecem de qualidade. Já escreveu algum livro na sua área de formação sobre Tomar ou a Região do Médio Tejo passado, presente e futuro? Algo com números? Onde posso comprar? Qual é o software que utiliza para trabalhar os dados? Não me diga que faz contas como o seu colega Medida Carreira? Bom tenho que ir para o turno. Boas noites.

Anónimo disse...

Meu caro.
Não escrevo só nos blogues.Colaboro com o jornal o Templário, com a Rádio Hertz, aqui em Tomar, e com outras instituições pelo País e pelo Mundo. E se souber ler na "net" encontrará referências aos meus trabalhos.
Escrevo neste blog, ou em outro, por exercício de cidadania, porque gosto de dialogar e trocar ideias, mas a um nível sagrado e não ao nível bruto.
Conto uma história. Ia eu em Algés quando se aproximou de mim um cabo-verdeano, que me disse:"Cidadão, pode-me informar onde fica a rua tal?"
Achei graça, respondi:"Cidadão, fica ali em baixo". Ambos rimos e despedimo-nos com humanidade.
Este é um nível que você não entende. Aconselho-o a desenvolver a sua Inteligência Emocional.
Cidadão, passe bem, mas assuma-se, não se esconda ou use dupla personalidade.

SÉRGIO MARTINS