Os arautos e os apóstolos da substituição do mercado tradicional por um fórum estão desfasados. Foram ultrapassados pelas novas tendências e não se deram conta. O mesmo acontece com o Museu Polinucleado da Levada. São ambos projectos da época das vacas gordas. Quando havia dinheiro para tudo. Senão aqui, pelo menos em Bruxelas.
Essa era acabou. Agora vamos ter, infelizmente, por muitos e bons anos, austeridade, penúria, rigor, aumento de impostos, redução dos salários reais, recessão, crédito mais raro e caro, aumento do desemprego... Tudo isto, e o mais que adiante virá, vai provocar, já está a ocasionar, acentuada redução do consumo privado...e público. Basta olhar com atenção para a quantidade crescente de estabelecimentos encerrados, tanto em Tomar como por esse país e por essa Europa fora, para disso se dar conta. O consumo a todo o vapor já foi. Agora parou bruscamente, como acontece a alguns veículos nas auto-estradas -por falta de combustível. Vamos ter, portanto, de nos adaptar, bem ou mal, mais depressa ou mais devagar, mas quer queiramos quer não.
Aconteceu o mesmo no último quartel do século passado, embora de modo menos brusco. Nesse tempo, com a o nossa jovem economia alavancada pela EFTA e os seus fundos (já então!), a grande moda eram os centros comerciais, sinais de progresso, de modernidade, de estarmos ao nível da Europa. Em Tomar, um dos patos bravos de serviço, A. Aguda, ousou, insistiu e conseguiu implementar o Cenro Comercial Templários. Semi-clandestinamente, com actas camarárias rasuradas, alteradas e/ou anuladas, mas conseguiu. Para alguma coisa o dinâmico construtor/empreendedor era vogal da AD (na altura ainda não se designavam por "deputados municipais"). Com cinema e tudo...
Neste contexto, com os gestores das três médias superfícies existentes (Intermarché, Lidl, Modelo) a lastimarem-se face à continua quebra de vendas, para quê mais um aglomerado de estabelecimentos, eventualmente com mais uma média superfície? Para agravar ainda mais a situação?
Há depois a questão do financiamento do projecto e das obras. Quem vai pagar? A câmara? Conseguirá crédito para isso? Se calhar será melhor certificar-se antes, para evitar surpresas desagradáveis...
Admitindo que, mesmo aos trambolhões, o projecto seja concluído. Onde encontrar os empreemdedores para ocupar as novas instalações, forçosamente muito mais caras do que as actuais no mercado?
Caso não haja candidaturas em número suficiente, os locais devolutos servirão para quê? Os cerca de 70 comerciantes permanentes, + os ocasionais da zona + os das sextas-feiras, tudo gente de fracas posses, irão vender para onde ? Para a Várzea Grande, enquanto não for transformada em parque de estacionamento? Ou para a Praça da República, regressando assim às origens?
Uma última e angustiante incerteza: Não irá acontecer com o projectado Fórum, o mesmo que está a suceder com o pomposo hotel de charme no ex-Convento de Santa Iria? O nosso autarca-mor garantiu que havia vários interessados, mas afinal... É que, nesse caso, nem fórum nem mercado.
E se nos deixássemos da andar a reinar com a comunidade tomarense? Os tempos não estão para paródias, nem nada que se pareça!
6 comentários:
Meu amigo
Quando nasci, já lá vão 65 anos, o mercado era por trás da Câmara, em barracas. Os talhos na rua dos Açougues. Nunca lá foi a ASAE e que me conste, ninguém se queixou.
Lembro-me das festas que se fizeram no antigo campo da bola, para angariar fundos com vista à construcção do Mercado. O Mercado foi feito, inaugurado, e era uma das coisas de que qualquer tomarense se orgulhava. Limpo, coberto, o que era um regalo para as donas de casa, arrumado. As bancadas centrais eram da hortaliça e fruta, os talhos ao lado, as bancas do peixe ao fundo. Havia água por todos os lados, limpeza, cheiros agradaveis. Nos dias de Mercado grande, os camponeses armavam tenda no parque e era uma tela de cores e formas que encantavam os olhos.
Era este o meu mercado. E porque o acho meu, acho-me no direito de perguntar o que lhe fizeram, porque o deixaram envelhecer, porque o vão matar ou deixar morrer.
Só isto e chega.
Maria
Maria, simplesmente Maria, mas um exemplo para todas as Mulheres de Tomar.
As Mulheres de Tomar devem lderar o combate pela permanência e modernização do Mercado Municipal. Porquê ?
Porque são elas quem mais sente o problema.
Porque são elas que têm mais sensibilidade ao problema.
Porque as mulheres são mais maduras que os homens.
Porque as mulheres são mais corajosas que os homens.
Vão para a luta que os homens encolhem-se. Gritam muito mas fazem pouco.
Lancelot du Temple
Falta dinheiro para desenvolver Tomar e o País ?
Façam como em Espanha.
Hoje um Tribunal Espanhol condenou o falecido escritor, Nobel da Literatura, Josá Saramago a pagar quase 718 mil euros de impostos.
Saramago, ao que parece, não declarva IRS em Portugal, porque dizia que a sua morada de tributação era em Espanha. Hoje os espanhóis apresentaram a conta...
O grande paladino do Iberismo preferiu que as suas cinzas ficassem em Portugal, porquê ? Desiludido com o Iberismo ? Não foi o primeiro. Os que apoiaram o Iberismo nas cortes de Tomar também se arrependeram.
Os casamentos com os espanhóis dão sempre mau resultado.
Bom exemplo a cobrança de impostos.
Castelos no ar...
Quem não tem dinheiro não tem vícios. Se calhar Deus escreve direito por linhas tortas. Acabou-se o tempo das vacas gordas. Bem-vindos os projectos de qualidade. Aqueles que fazem falta. Mesmo falta. Os outros, os que servem somente para gastar €€€ estes ficam a aguardam por outros Paivas desta vida. Políticos novos-ricos.
A.A.
Aproveitem agora em tempo de praia, e façam as obras que tanto prometem, aproveitem a aeia e façam a maquete, brinquem enquanto podem...
Verdade seja dita(e para grande espanto e até desgosto meu)que há cerca de um ano viam-se tomarenses nas compras era no Torres Shopping e Lojas Continente em Torres Novas, Retail Park em Santarem, Continente em Leiria e até Vasco da Gama em Lisboa.Se ainda é assim ou continua, não sei. Mas o comercio de Tomar sem consumidores reduz a oferta de produtos porque não escoa mercadoria. Sem oferta, perdem-se clientes...Que futuro?
Pedro Miguel
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