quarta-feira, 7 de julho de 2010

PARA LÁ DA FACHADA DIPLOMÁTICA





Augusto Barros, presidente da Junta de S. João Baptista, um dos raros não controlados pela canga partidária da coligação, levantou recentemente a questão dos acampamentos ciganos e da ocupação habitacional dos ex-sanitários de S. Gregório, problemas que considerou vergonhosos.
Naturalmente agastado, mas com a sua reconhecida, proverbial e elegante linguagem diplomática, Corvêlo de Sousa declarou à Rádio Hertz que "No que diz respeito às famílias de etnia cigana, posso dizer que o executivo está em pleno trabalho para criar as condições necessárias para que as pessoas tenham um local melhor para viver do que acontece actualmente." Após o que ninguém teve a ousadia de lhe perguntar qual ou quais as soluções actualmente encaradas, ou para quando está prevista a mudança. Não se enquadra no jornalismo de estilo tomarense, no âmbito do qual cada entrevistado só diz aquilo que lhe convém. Nunca o que possa interessar e muito menos esclarecer os cidadãos.
Sobre o cidadão Sousa, que pernoita nos ex-sanitários há mais de dois anos, o presidente da autarquia foi particularmente cauteloso: "Em relação ao senhor que está em frente ao hotel, entendo que, para o bem e para o mal, ele terá de sair dali. Todavia, devo confessar que tenho uma particular dificuldade em usar a força, como provavelmente vai ter de acontecer, para que ele saia de onde está..."
Temos assim duas evidentes e dramáticas chagas sociais, uma colectiva, outra individual. (Ver fotos). Quanto à dos ciganos, um dos seus chefes foi lapidar, ao ter conhecimento das declarações acima parcialmente transcritas: "Há mais de trinta anos que a gente ouve falar nessas coisas e continuamos aqui."
No outro caso, o cidadão José de Sousa, nos seus momentos mais coerentes, é bastante claro nas suas pretensões: Considera-se esbulhado de alguns bens imobiliários, onde habitou e pelos quais ainda paga as respectivas contribuições, conforme prova com os recibos em seu nome. Aceita regressar ao que considera ser seu, ou então ir viver para outro sítio que não seja fora da cidade velha, que é a sua terra.
Uma vez que a Câmara dispõe de juristas, nada a impede de mandar verificar o que se passou realmente com os referidos bens, procedendo depois em conformidade. Dado que, por outro lado, o Lar de S. José está na disposição de acolher nas suas antigas instalações do Largo de Pelourinho, em condições a acordar com a autarquia e com a segurança social, os cidadãos sem alojamento que não estejam acamados, resta chegar à fala e conseguir um entendimento, o que provavelmente até evitará uma mudança pela força do citado munícipe.
O problema dos ciganos é bem mais antigo e complicado. Vieram dos terrenos da antiga Quinta de Santo André, a sul da Praça de Toiros, nos anos 70 do século passado. Desde então, com ou sem cheias, acampam ali pelas bandas do Flecheiro. Homem despachado, mas também estrangeirado, António Paiva arranjou uma solução do tipo sul-africano -uma espécie de bantustão cigano no Zona Industrial. Como o então deputado Relvas proclamava que era dos melhores ou até o melhor presidente de câmara do país, ninguém correu o risco de criticar tão bizarra escolha. Os industriais já lá instalados é que viram a sua vida a andar para trás, não estiveram pelos ajustes e foram-se queixando onde melhor entenderam. De tal forma que cedo se chegou à conclusão de que semelhante implantação era aberrante, por configurar um gritante caso de segregação racial, intolerável em plena União Europeia. Por seu lado, os responsáveis por cada um dos clãs ciganos logo declararam que se mudariam, mas só obrigados, pois não queriam ficar todos juntos. Ao ser-lhes perguntado porquê, um deles foi rápido na resposta -"Coisas de ciganos, sabe?!"
De maneira que, reconhecendo embora a bondade das intenções de Corvêlo de Sousa, bem como a sua esmerada educação, tudo indica que a actual maioria terá de resolver quanto antes abandonar a fase do "logo que possível, quando for oportuno, quando estiverem reunidas as condições, estamos a trabalhar nisso..." e meter mãos ao trabalho. Começando por falar com os interessados e com quem possa ajudar a resolver as coisas. Entretanto, mais vale estar calado, não vão os jornalistas começar a exorbitar, fazendo perguntas inconvenientes... Não há bem que sempre dure.

9 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Rebelo, se me permite a (im)pertinência, gostaria de lhe sugerir que revisse a matéria e voltasse a fotografar o Swuetto criado há décadas para a etnia cigana e alimentado pelos sucessivos presidentes de câmara e seus acólitos, apesar do ar falsamente sofrido e pesaroso que compôem quando se fala disso.
E peço-lhe que volte a fotografar aquela miséria colocando-se na pele dum turista que tem a infeliz ideia de visitar Tomar entrando pelo lado sul. Retenha em imagem aquilo que os seus olhos vêem mal passa a rotunda.
E digo mais: por muito bem que apure o seu trabalho fotográfico o que nunca conseguirá transmitir é o fedor a escrementos humanos que se respira naquela zona.
Eu próprio tive ocasião de me aperceber disso quando me desloquei muito recentemente a uma loja situada num dos últimos prédios e fiquei abismado com a situação. Até perguntei a um morador por cima da Tomartubos como é possível aguentar aquilo ao que me responderam com um encolher de ombros resignado "a gente já nem vem às janelas da frente. Fazemos a nossa vida quase toda do lado de trás dos apartamentos..."

Isto não vê ou não quer ver a ASAE! Nem a ASAE nem os camarários cá deste buraco fedorento...

Quanto à interpelação do sr. Augusto ao presidente da câmara sobre este e outros casos, espero que o presidente da Junta de S.João não seja cretino ao ponto de acreditar no que o presidente/embuste Corvêlo de Sousa lhe disse sobre os esforços que a câmara está a fazer para resolver a situação. Está provado à saciedade que na câmara ninguém trata de nada, não querem saber destes e doutros casos (Mercado incluído), estão-se nas tintas para a cidade e o concelho porque o objectivo deles está conseguido: tratar da vidinha durante este mandato e quem vier a seguir que apague a luz...

Anónimo disse...

Segundo a Hertz, o parque de campismo em Tomar está com uma taxa de ocupação muito baixa.
Ontem uma das televisões fez uma reportagem sobre a redução nas taxas de ocupação dos parques de campismo a nível nacional. A conclusão dos homens do sector apontam para o desemprego e para a redução do poder de compra da população, para a crise.
As pessoas estão fazer férias em casa.
A situação vai piorar.
Isto demonstra de como assentar no turismo é errado.

Bravura Lusitana disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Para 23:29

Como habitualmente, neste caso do Parque de Campismo, uma vez detectado o problema, pouco ou nada se cuida de saber quais poderão ser as suas causas reais. Dizer que é por causa da crise, é enveredar pelo plausível, sem grande trabalho. E se a origem do problema for outra? Por exemplo a má qualidade do parque, devido à sua falta de equipamentos? Não seria melhor ouvir uma amostragem dos seus frequentadores, bem como o seu responsável, antes de emitir qualquer opinião? Mas dava muito trabalho, não é?
Um dos grandes males desta terra é que baralha-se, volta-se a dar, mas o jogo é sempre o mesmo. E os parceiros pouco variam. Infelizmente.

Anónimo disse...

Agora li eu! O verdadeiro problema do Parque de Campismo Municipal está na falta de condições. Falta quase tudo! Não oferece o mínimo de conforto aos utentes, e se ainda é procurado é por causa da sua localização!
Este estado de coisas é demonstrativo da falta de nível dos responsáveis da câmara que têm mentalidade de aldeia, retrógrada, mas no entanto andam a cirandar pela cidade de cara levantada armados ao fino!
São uma cambada de incompetentes e de...prefiro não continuar senão o sr. Rebelo não publica.

Anónimo disse...

Caro Amigo Dr. António Rebelo,

Continuo a ter dificuldade em entender os comentários de "pantufa" em relação ao incompetente Corvelo - Presidente - formalidade.

SE ele é (?) educado (só não sei é se ele é hipócrita!), ou se escuda numa proverbial cuidada, éssa é uma questão para os psicólogos ou psiquiátras.

Agora que é incompetente, lá isso é!!! Já o demonstrou até à exaustão!!!

Para quê estamos a usar punhos de renda?

José Soares

Anónimo disse...

INCOMPETENTE!
Gostava que lhe dizessem isso mesmo na cara.

Anónimo disse...

O incompetência para a o olho da rua!
Corvelo para casa compulsivamente!
Corvelo para a rua!
Corvelo para a rua!
Corvelo para a rua!

Anónimo disse...

O estado em que Tomar se encontra tem muitos culpados, cada um com a sua quota parte de responsabilidade.

Uns porque não querem afrontar o Corvêlo com a evidência falta de jeito para o cargo (INCOMPETÊNCIA!)!

Outros escudam-se numa velha amizade!

Outros ainda porque acham que mais vale ter um EUNUCO INCOMPETENTE politicamente, pela vantagem de daí irem retirando alguns grãos de milho para a sua capoeira...

Quanto ao PSD, reconheço que os actuais dirigentes locais têm vindo a fazer o trabalho de casa, embora numa situação muito difícil, para reporem os valores da social democracia que há muito foi desbaratada por estas bandas. E toda a gente sabe quem é que desbaratou.

Estou com curiosidade para ver o que irá acontecer nos próximos episódios... Vou-me fartar de rir!

José Soares