sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ENSINO: FINALMENTE O PISA - 2

FINLÂNDIA

Sempre uma ideia positiva sobre o aluno

Os comparativos PISA, publicados desde 2000, sempre colocaram a Finlândia no topo do êxito escolar. Aonde em 2010 se mantém, apesar de ultrapassada pela Coreia do Sul. O segredo de tal êxito parece bastante simples: os finlandeses apostam simultaneamente nos professores e nos alunos.
Na Finlândia, os professores procuram nunca "stressar" os alunos. Assim, por exemplo, os que têm dificuldades na expressão oral, podem explicar-se por escrito. Procura-se sistematicamente aquilo que os alunos podem fazer, aquilo que já sabem, em vez de anotar o que ainda não conseguiram assimilar. Insiste-se nos pontos fortes de cada aluno, e não nas suas fraquezas. Tudo é feito de modo a que os alunos não se sintam demasiado fracos, mesmo quando o são.
Assim, como o zero não faz parte da tabela de avaliação que vai até 10, a nota mais fraca é o 4, considerado menos traumatizante, mesmo se ninguém tem dúvidas sobre o valor real do 4. Trata-se, aliás, de uma nota muito raramente atribuída, uma vez que todo o sistema se pretende encorajador e positivo. Se o aluno não é bom mas se esforçou bastante, tem direito a um 5. E, mesmo assim, os finlandeses tentam não abusar das notas. As escolas só são obrigadas a atribuí-las no 8º e no 9º anos.
Em vez de constranger os alunos a decorar as listas de presidentes da República ou dos rios -informações facilmente acessíveis na Internet- privilegia-se a descoberta de mecanismos. Ensina-se sobretudo a procurar respostas, nos manuais ou em qualquer outro meio. O importante é sempre conseguir fazer, conseguir encontrar, e saber avaliar a validade de uma fonte. Depois, é em função deste modus operandi de investigação que os alunos são classificados.
A formação de professores -quatro anos de universidade- é muito procurada. É também muito selectiva, uma vez que apenas são admitidos anualmente cerca de 15% dos concorrentes. E no entanto os vencimentos não ultrapassam a média internacional, pelo que o sucesso da profissão resulta sobretudo da autonomia e da imagem positiva junto da população.
A Finlândia sobressai igualmente nos testes PISA pela homogeneidade dos resultados em todo o país. Sem dúvida porque o ensino é gratuito, tal como as prestações conexas: cantina, transporte, assistência médica. Mas também porque há muito poucos estrangeiros residentes no país.
Para explicar o nível e a homogeneidade dos resultados finlandeses, deve-se ter em conta igualmente a constante ajuda facultada aos alunos com dificuldades. Num dos numerosos estudos sobre o "milagre" finlandês, verificou-se que 19,7% dos alunos com problemas (em 2003) beneficiavam de ajuda personalizada, quando a média na OCDE é de 6%. Realmente, por aqui faz-se tudo para que as dificuldades não se instalem.
Apesar dos êxitos evidentes, este PISA 2009 mostra aos finlandeses um problema de difícil solução: alargou-se em todo o país, mais do que nos outros membros da OCDE,  o fosso entre o aproveitamento das raparigas e o dos rapazes."

No mesmo dossier do Le Monde e sobre a Finlândia, lê-se esta passagem, que não deixará de surpreender os dirigentes estatais e os professores portugueses: "...Apesar do PISA, em França ainda ninguém concebe que se possa ter em conta o modelo japonês, cuja imagem é assustadora, ou o sul coreano, de estrutura autoritária, apesar dos excelentes resultados obtidos em ambos os casos. Em contrapartida, e é o que explica o aparecimento de um debate sobre um possível "modelo finlandês, conclui-se que doravante nenhum sistema educativo europeu deve ser considerado como uma realidade exótica.
O observador que se dedique à análise comparativa, é forçado a aceitar por vezes realidades muito peculiares. Por exemplo no caso finlandês, cujos professores nunca são inspeccionados ou avaliados. O Estado confia neles e no seu profissionalismo. Uma pedrada em todos quantos estão habituados a fantasmar sobre "condução em função dos resultados", ou "salário segundo o mérito".

Luc Cédelle, Le Monde, Paris, 15/12/10
O negrito é de Tomar a dianteira

Olivier Truc, Le Monde, Estocolmo, Suécia, 15/12/10
Tradução e adaptação de António Rebelo

5 comentários:

Anónimo disse...

A questão da Educação é tão antiga como a Humanidade. Adão e Eva foram expulsos do Paraíso por quererem ser educados, ou seja, de deixarem de ser inocentes...
Os filósofos na Antiguidade diferenciavam a educação para os Cidadãos e a para os escravos.
A Educação, diferente da Instrução, tem por objectivo a formação de Pessoas, o que não aconteceu em Portugal durante o Salazarismo, e não está a acontecer no regime dos filhos daquele, o 25 de Abril, tão antidesenvolvimento como aquele regime.
O regime finlandês tem asa suas virtudes. Enquanto nele não se dá zero ao aluno, em Portugal dão-se notas máximas a alunos que não sabem nada, para satisfação dos papás e valorização da Escola no Ranking.
A Educação não pode ser separada da Política de Desenvolvimento de um País. A Finlândia, controlada pela União Soviética até à queda do regime comunista (?), soube mudar e industrializar-se recorrendo às novas tecnologias (Nokia), Portugal não o soube nem o saberá nunca. O Dr. Salazar disse:"os portugueses sentem-se uns pimpolhos quando têm quem trate deles". O Presidente da República disse, quando visitou a fábrica da Nokia no norte gelado da Finlândia, que Portugal não passava da sempa torta. Os opositores acabam por concordar com o Salazar: os portugueses nunca serão educados.
Como disse aqui anteriormente: as Escolas em Portugal não passam de Conventos Beneditinos, fora da realidade, porque a realidade dos portugueses é muito má , muito inferior. Os portugueses não querem Desenvolvimento, por isso não querem Educação. Os portugueses querem é que tratem deles, seja o mundo, como outrora, seja a Europa, sejam os espanhóis (Iberismo), sejam os americanos, sejam os os chineses ou timorenses, ou qualquer tribo da Amazónia.
Como disse uma vez na SIC, Portugal seria um grande País se voltasse a ser ocupado por nórdicos, depois de expulsarem os portugueses pelo mundo fora, porque juntos iriam fazer o Inferno em outro lugar. Os portugueses não querem Desenvolvimento nem educação, não querem nada, porque são como os tomarenses.
SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

CORRECÇÃO E QUESTÃO

Onde se lê "sempa torta" deveria ser "cepa torta".

O semanário Sol informa que o buraco financeiro no Ministério da Saúde é quatro vezes mais que o previsto pelo Ministério das Finanças, dizendo que é um escândalo.
Com os problemas na Saúde manter-se-ão os três hospitais no norte do Ribatejo ?
E como será com o resto...

Anónimo disse...

Desculpem, não assinei o comentário da cepa torta e da questão do Sol, porque estava a receber outra informação dramática sobre Tomar.
SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

Tomar é apenas mais um concelho português. Um concelho governado por portugueses para portugueses. Um concelho português que, tal como todos os outros, vive acima das suas possibilidades, mas sem rumo definido, sem perspectivas de desenvolvimento, sem futuro à vista.
Tomar é apenas mais um concelho português governado por políticos simpáticos e bem-parecidos. Por vezes de retórica fácil, mas quase sempre de ideiais ocas. Políticos que funcionam quase sempre como lapas, pois quando agarram o poder tendem a não o largar.
Tomar é por isso um bom/mau exemplo de como se faz política em Portugal. Como se desgoverna um povo. Como se afunda uma nação.
Tomar é apenas um concelho no centro do país. Um concelho de homens pequenos que passam a vida a olhar para o umbigo, como se este fosse do tamanho do mundo que sonham para eles. E por isso jamais seremos maiores. Jamis seremos melhores. Jamais viveremos em paz. Seremos sempre uns eternos sobreviventes, pulando de crise em crise.

Miguel Nunes

Anónimo disse...

Vão trabalhar! Sabem lá o que é o ensino ou relacionarem-se com os alunos. Cambada de saloios. Falta disciplina, coordenação e exigência. Parolos do inferno!