quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ISALTINOS E EXALTADOS NAS AUTARQUIAS PORTUGUESAS


Político nabantino com extrema dificuldade para dominar o cavalo do poder, que está prestes a atirá-lo ao chão. (Foto AP/Natacha Pisarenko/ojumento)

A cada vez maior inadequação da Lei Eleitoral aos tempos que correm, sobretudo no que se refere às autarquias, deu nisto. De Faro a Felgueiras, de Oeiras a Oliveira do Hospital ou de Tomar a Tavira, cada vez aparecem mais listas de cidadãos que se dizem independentes (conquanto eventualmente possam, em certos casos, nem sequer conseguir explicar essa proclamada característica). Aqui pelas margens do Nabão, como sempre na vanguarda de tudo quanto é bizarro, até apareceram duas. Foi assim que um corpo eleitoral inferior a 40 mil inscritos teve direito a escolher entre 7 formações políticas. Para uma terra que durante 48 anos sempre se acomodou ao regime autoritário que havia, bem se pode dizer que não há fome que não dê em fartura.
Fartura que pode muito bem não significar qualidade, mas apenas incapacidade para se unir e trabalhar em conjunto, respeitando sempre, senão os interesses de toda a comunidade tomarense, pelo menos os das sua grande maioria. 
De qualquer forma, o que lá vai, lá vai. Trata-se agora de viver o melhor possível com o que temos.  E o que temos não é nada brilhante. Indo por partes. À escala nacional, os autarcas independentes integram um de dois grandes grupos: os Isaltinos ou os exaltados. Fazem parte daquele todos os que, apesar das mais variadas vicissitudes, incluindo os judiciárias, revelaram capacidades e deixaram  obra em mandatos anteriores, pelo que conseguem ganhar, mesmo assim. O outro grupo integra em geral os que já foram autarcas, mas não ficaram nada bem na fotografia, ao contrário do que imaginam, por se terem em alta conta. Como não conseguem ganhar, entram numa exaltação contida, disfarçada, limada, atribuindo os seus infortúnios à inveja, ao sectarismo, ao facciosismo, à má vontade, às perseguições subtis, à ingratidão e à injustiça dos jornalistas. Exactamente como acontece no futebol, onde quem perde arranja sempre argumentos para justificar o descalabro. Que se saiba só o Mourinho (sempre ele) teve coragem para admitir, após os recentes 0/5, que o Barcelona ganhou bem, num jogo limpo e com uma arbitragem sem falhas.
Mais uma vez na vanguarda da originalidade política, aqui em Tomar temos na autarquia uma oposição maioritária, cujas duas componentes se empecilham mutuamente. A coisa começa logo nos votos. Nem uns nem outros conseguem ganhar, porque o outro grupo lhes rouba os votos. Logo a seguir, tendo a primeira das duas formações firmado um estranho pacto de coligação com os vencedores por bambúrrio, os da outra componente, em vez de fazerem oposição enérgica, séria, fundamentada, não senhor. Ficaram e vão ficando à coca, quais gatos à espera de que algo saia da toca. De tal sorte que, paradoxalmente, a oposição pelo menos mais visível e mais agreste vem dos parceiros minoritários da estranha coligação. Quem diria?
Mais insólito ainda, amachucados por uma recente desconsideração pública, que consistiu na retirada de pelouros ao "motor" e mentor da coligação liderante (?), os coligados minoritários fazem constar em privado que só não rompem o acordo para evitar que os maioritários por bambúrrio se coliguem logo a seguir com os exaltados, que não querem outra coisa. Perante isto, os exaltados, em vez de desmentir, calam-se. E quem cala, consente.
Por isso vamos tendo, com todos os inconvenientes daí advenientes, um município praticamente sem oposição, cujos eleitos na sua totalidade parecem capazes de qualquer contorção, desde que ela lhes permita conservar os modestos poleiros que ocupam. Até já se ouve por aí, à chucha-calada, que o actual executivo vai ficar na história como a câmara dos lampreias. Deve ser da crise...

7 comentários:

Anónimo disse...

Modestos poleiros?
Quanto custa,globalmente,um vereador a tempo inteiro na CMT?

- Vencimento base X 14 ? de cada vereador+secretário(s)+adjunto(s)+assessor(es)?
- Média mensal de ajudas de custo?
- Amortização mensal de viatura?
- Média mensal de consumo de combustível?
- Média mensal de custos de manutenção da viatura?
- Média mensal de consumo de chamadas de telemóvel?
- Média mensal de outros proveitos-despesas de representação,almoços,jantares,etc?

DEPOIS...multipliquem estes MODESTOS por 5, em Tomar, e terão um resultado BEM GORDO.

DEPOIS...investiguem os mesmos custos a nível nacional e venham dizer A VERDADE,que não é modesta.

Mas que é :

ESCANDALOSA!

OBSCENA!

NOJENTA!

DESTRUIDORA!


P. Sarmento

Anónimo disse...

"...os coligados minoritários fazem constar em privado que só não rompem o acordo para evitar que os maioritários por bambúrrio se coliguem logo a seguir com os exaltados, que não querem outra coisa. Perante isto, os exaltados, em vez de desmentir, calam-se. E quem cala, consente."

Conclusão: estamos na merda!

Anónimo disse...

As atenções do dia de hoje estão concentradas na conferência de imprensa da NASA onde será explicado ao terrestres que muito provavelmente vamos ter de começar a pagar renda da Terra ao extra-terrestres encontrados não sei bem aonde.
Diz-se que se trata de bactérias que tomam banho numa solução aquosa esquisita (será no rio Nabão?) e que têm 3 cabeças e dois pénis...!!!

Malandrice!!!

MATOS SARAIVA disse...

Segundo informaçãoda Câmara

"TUT transportaram 37.500 passageiros entre Agosto e Setembro

Os Transportes Urbanos de Tomar (TUT) transportaram 37 572 pessoas nos meses de Agosto e Setembro. O número foi apresentado pela Rodoviária do Tejo, S.A. (prestador do serviço) ao Departamento de Obras Municipais da Câmara Municipal de Tomar.
A Linha Azul (autocarros de 20 em 20 minutos) contabilizou 22 330 passageiros, a Linha Amarela (autocarros de 40 em 40 minutos) 6 466 e a Linha Verde (autocarros de 45 em 45 minutos) contou 8 776 utentes.
Neste período foram ainda emitidos 751 cartões de utilização periódica, sendo 180 passe de 3.ª Idade, 67 passe de estudante, 77 passe 4_18, 1 passe de pessoa com mobilidade condicionada, 81 passe normal, 345 pré-comprado. A receita neste período foi de 22 646,40€, sendo 16 573,90€ de bilhetes de tarifa de motorista e 6 072,50€ referentes a cartões de utilização periódica."

Quantoi custam este meio de transporte e que espécie de protocolo há com a Rodoviária do Tejo'

Alguém nos explica

Matos Saraiva

Anónimo disse...

Mas concluindo, os TUT dão ou não lucro?...

Anónimo disse...

AO ANÓNIMO ANTERIOR

Muito provavelmente os TUT não dão lucro como nada dá lucro em Portugal. A engenharia financeira trata sempre de enegrecer o panorama financeiro e económico das empresas, muito embora a vida faustosa de administradores e correlegionários tenda a desmentir isso.
Entendo, no entanto, que a aposta nos TUT foi uma boa opção, muito embora ache que ainda está muito por fazer, nomeadamente estender a rede a algumas adjacentes a Tomar que ainda não estão contempladas. Dizem-me que existem impeditivos legais. Mas se afinal tudo se resolve com excepções, porque não procurar uma solução para oferecer as populações de Carregueiros, Carvalhos de Figueiredo, Coito/S.Pedro, Venda Nova, etc, a possibilidade de utilizarem transporte público em vez de viaturas particulares nas suas deslocações a Tomar, com manifesto benefício ambiental e económico: menos carros igual a menos poluição, menos consumo de combustíveis e garantia de melhor circulação e qualidade do ar na cidade.

Pedro Relvas disse...

A placa topomínica da AV Cândido Madureira deve ser corrigida. E pode sê-lo de uma forma simples e barata(crise obriga!)
Sugiro uma intervenção cirúrgica: apenas substituir DIS por DO. E ponto final no assunto.