sábado, 25 de dezembro de 2010

PLANEAMENTO E "DESENRASCANÇO"

Este é um dos mais vistosos e prestigiados palácios de Paris, na Praça da Concórdia, praticamente entre a embaixada americana e o palácio do Eliseu, sede da presidência da república. Em frente, do outro lado do Sena, o Palácio Bourbon, sede da Assembleia Nacional. Edificado no século XVIII, pelo arquitecto Gabriel, com a escadaria nobre de Soufflot (que até tem nome de rua em Paris), são cerca de 22 mil metros quadrados de superfície útil. Inicialmente usado como guarda-móveis, adereços e jóias, no reinado de Luis XV, foi poupado pela revolução, sendo actualmente a sede do ministério da marinha, que lhe empresta a designação francesa oficial -"Hôtel de la Marine".
Pois imaginem os leitores -sobretudo os defensores do património- que o Estado Francês, com cada vez mais dificuldades orçamentais para conseguir assegurar a conservação e restauro dos monumentos, resolveu entregar este emblema de Paris a um "operador privado", em regime de "enfiteuse", algo assim como um aluguer de longa duração, com um pagamento elevado à cabeça e sucessivas rendas mensais, cujos valores ainda estão por determinar.
No outrora guarda-móveis real estão previstos, no piso térreo, 7 ateliers, 30 lojas diversas  e uma piscina de 20 metros. Nos ateliers trabalharão artesãos cristaleiros, joalheiros, "plumasseiros", bordadores, tecelões, "boteiros" e entalhadores-marceneiros. Mais acima, nos andares, estão previstos 18 "apartamentos de mecenas" e 74 suites de luxo, categoria "palace". Por falar em mecenas, a empresa privada Bouygues (construção civil, obras públicas, telemóveis...e o primeiro canal da televisão francesa, que comprou ao estado), que em 2006 pagou 6,3 milhões de euros para o restauro de alguns salões e da fachada, já declarou aos jornais que teve muito prazer em ajudar a República mas que se soubesse que o palácio iria ser cedido a privados...
Porém, para os nossos leitores, o mais curioso será decerto que o ministério da marinha só abandonará o palácio no segundo semestre de...2014! É o planeamento senhores!
Em contraponto, por estas bandas nabantinas, eis as ruínas do ex-Convento de Santa Iria, destinadas a um "hotel de charme de 60 quartos e pelo menos 4 estrelas", pela módica quantia de milhão e meio de euros. Mas, segundo fontes bem informadas e mais recentes, afinal até poderá ser cedido gratuitamente, caso apareça alguém "com pulmões" para assegurar o empreendimento. E Corvêlo de Sousa, que foi dizendo e repetindo que já havia interessados, tem de admitir que, contas feitas,  o Grupo Pestana (um dos tais interessados, o outro era um conhecido duo de políticos locais, um dos quais já retirado das lides) concluiu que não era rentável e desandou sem mais delongas.
Se no vale as coisas não correm de feição, cá em cima também não. Devoluto há mais de 10 anos, o ex-hospital militar  continua fechado e sem serventia, apesar de já ter sido devolvido ao IGESPAR. Mais à direita, a fachada norte do Claustro da Hospedaria, o antigo hotel conventual, anterior à extinção da ordem, em 1834. Uma instalação hoteleira no Convento? Nem pensar, bradam alguns tomarenses. O que não surpreende. Já Cartaxo da Fonseca dizia que, estando dois tomarenses a discutir, o melhor é ir andando. Por isso estamos como estamos. Vamos andando!

4 comentários:

Anónimo disse...

Regressado de férias natalicias apenas agora li este seu post. Ora bem - 2 políticos estavam interessados no Convento? Pode-se saber quem são os trutas para ajudar a perceber os contornos da trapalhada?

Anónimo disse...

Interessados no Convento, mas de Santa Iria!
A conhecida dupla que estava ou esteve interessada eram dois apóstolos do bem comum: Miguel Relvas e Duarte Nuno de Vasconcelos. O raio da crise é que entretanto veio estragar tudo! Mas certamente não vai durar sempre!

Anónimo disse...

Muito interessante. Senão vejamos, a ser verdade este comentário teriamos o actual pres da assembleia municipal enquanto investidor de um imovel adquirido pela autarquia. Dá que pensar.

Anónimo disse...

E foi o Morais Sarmento o jurista que redigiu a merda de contrato que a jurista da Câmara e o Chefe do DOM tiveram de rectificar cabeça a rabo!!!!

Isto é tudo malta da alta "elite" - Relvas, Duarte Nuno - Paiva - Morais Sarmento!!!!!


Só faltam o Dias Loureiro, inefável, os outros gajos do BPN e o grande empresário do BPP Rendeiro!!!!

Esta malta atirada ao Nabão intoxicava os peixes, os patos, gansos, cisne e .... até as ratazanas!!!!