quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Autismo político

Com a anuência da oposição, a relativa maioria concedeu há pouco um total de 20 mil euros = 4 mil contos de subsídio para 2 carnavais concelhios. Percebe-se. Dado sermos um cidade cada vez mais rica, nem se entende porque não temos até meia dúzia de entrudos todos os anos. Dos por assim dizer oficiais, que dos outros temos estado bem servidos, para gáudio dos cidadãos dos concelhos limítrofes, que se divertem à grande com os patuscos tomarenses. Se falo nos ditos subsídios, nem é tanto por os ajudar a pagar, à razão de 30 e tantos por cento dos meus ingressos. Apenas porque o meu fraco bestunto ainda não conseguiu entender, após voltas e mais voltas, como é que há verba para subsidiar cortejos de carnaval, mas não parece haver para reparar o telhado da capela do Cemitério Velho, para rebocar as paredes interiores da Sinagoga, para pintar a fachada da Biblioteca Velha, (agora sede da Assembleia Municipal), ou até (uma vez que o governo também não providencia e aquilo está uma vergonha), para raspar e pintar a fachada de S. João Baptista. Será por se tratar de "coisas pequenas", que não permitem recorrer a verbas europeias via QREN? É bem possível.
Enquanto isto, a "união política local" contra a reforma do CHMT, conduziu-nos a mais um beco, como aqui referi em tempo útil, por se ter tornado evidente logo após a primeira e a mais participada de todas as manifestações, que o destino final seria o choque com a muralha da agreste realidade. Avançar com  a exigência da suspensão do processo poderia ter sido eficaz se ainda estivéssemos em época de vacas gordas, com "folga orçamental" para sustentar desmandos. No contexto actual, era a maneira mais rápida de condenar o movimento ao fiasco. E foi o que aconteceu. Ontem estiveram menos de 100 protestatários à porta do hospital, apesar dos múltiplos apelos. Três dias depois do baptismo de fogo de Arménio Carlos -o novo líder da CGTP- ter contado no Terreiro do Paço com 300 mil pessoas, segundo a organização, que afinal nem terão chegado a 40 mil, segundo o Jornal de Notícias de ontem, com foto "de cima", quadrícula e cálculo feito de acordo com um especialista estrangeiro da questão. Avancemos!
Visivelmente irritado com mais uma evidente derrota política em toda a linha, Bruno Graça, cabeça de lista da CDU nas autárquicas de 2009, apontou imediatamente uma solução para o problema tomarense, que certamente por mero acaso cheira igualmente a vingança mesquinha. Segundo a Rádio CIDADE DE TOMAR, o também presidente da Gualdim Pais, "com obra feita", lança à Comissão de Saúde da Assembleia Municipal "Um desafio em nome próprio e enquanto cidadão" -que destituam Miguel Relvas da presidência da Assembleia Municipal, caso ele próprio não apresente a sua demissão. Trata-se de "uma questão de dignidade", acrescentou.
Ora aí temos mais uma descoberta da pólvora sem fumo! Uma vez que estamos muito bem representados a alto nível em Lisboa, não vamos precisar de certeza do actual ministro adjunto para nada. Tanto mais que a situação do concelho felizmente também não é de crise, nem nada que se pareça. Por outro lado, até me admira como ninguém até agora (excepto o amigo Cantoneiro e o ex-comentador de TaD Virgílio Lopes, por mera concincidência, claro está!) tinha pensado nisso. Uma vez substituído Miguel Relvas na presidência da AM, fosse qual fosse o seu sucessor, aquilo ia logo passar  de uma velha carroça ronceira a um Ferrari de competição, tantas são as suas competências e a massa humana de que se compõe, com a devida vénia às honrosas excepções, de resto conhecidas de todos.
Muitos leitores já terão sido confrontados com a expressão "autismo político", ficando com dúvidas sobre o seu real significado. Pois aí têm um bom exemplo. É quando um grupo, ou um responsável político, descola da realidade envolvente, deixando de "se enxergar".
Oxalá acabe por imperar o bom senso, que bem precisamos! E os tempos não vão para caprichos...

3 comentários:

jccorreia disse...

Este Engenheiro Bruno cada vez revela mais algumas facetas que eu, há mais de 30 anos em Tomar ,considerando a propagandeada obra do senhor ,estava longe de imaginar. Afinal o ilustre político tem um mau perder desgraçado e pouco em linha com o espirito desportivo que certamente se procura incutir aos praticantes da sua afamada associação.
E também parece ser um bocadinho vingativo. Mas pode ser só impressão minha.
Um homem com a sua idade, responsabilidades , e vamos lá, capacidade intelectual , tem de respirar fundo e pensar antes de falar.
Doutra forma será apenas mais um...
Ou será que no partido já ninguém controla ninguém!

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

A crise tomarense dos últimos 15 anos não deriva do combate político entre esquerda e direita; fosse esse o caso e teria produzido efeitos bem melhores para o concelho e para a democracia política local. Ela deriva sim da acção de um lobby nacional (chamar-lhe-ia Gangue), bem organizada, liderada no terreno por aquele que o Engenheiro Bruno Graça, corajosamente, denuncia, de acordo informação do "Cidade de Tomar".

Miguel Relvas NEGOCIOU muitas "amizades", as quais transportam sempre duvidosas cumplicidades e perigosos ajustes de contas e traições que o irão pôr em causa, e tenho quase a certeza que um dia destes virão à luz do dia. O actual Ministro da Propaganda e da Comunicação Social portuguesa (que está a atingir a liberdade de informação 24 horas por dia) está a sentir o chão fugir-lhe debaixo dos pés, na imprensa há quem se verticalize, levante a cabeça e concentre fogo na sua pessoa, estando hoje completamente discribilizado no interior do PSD, nos meios intelectuais e junto da população mais atenta.

Tem por isso razão o Engenheiro Bruno ao abrir fogo sobre Miguel Relvas, a merecer o apoio de todos os tomarenses, de esquerda ou de direita, porque ele é o grande responsável da perda de protagonismo da cidade e do concelho nos últimos tempos. A influência do Presidente da AMT é agora maior, com todo o peso oficial que transporta, capaz de comprometer qualquer movimento em favor de Tomar. Porque há muitas expetativas e interesses em jogo que inibem denunciar o mor responsável pela perda de protagonismo da Terra Templária. Tentar esconder e escamotear esta realidade é secundarizar os interesses dos tomarenses.

O Eng. Bruno tocou na ferida e é bem possível que a dor seja sentida por muitas pessoas que foram na onda deste assaltante do sistema partidário português: pilar vital da nossa democracia.

Dito pelo Engenheiro Bruno Graça tem uma relevância importante. Ele é um filho de Tomar, um filho do povo, homem sério, rigoroso e impoluto, de mãos e consciência limpa, sempre dedicado aos tomarenses sem esperar benesses, tachos ou qualquer tipo de mordomias.

Nenhuma pessoa tem mais legitimidade em Tomar para denunciar os prejuízos que tem causado a Tomar. Os factos estão à vista de todos...

A imprensa de Tomar devia colocar este objetivo na sua agenda. Os jornais locais sabem bem o que se tem passado e o que se passa.

Anónimo disse...

Prezado amigo Cantoneiro:
Insisto em gostar de ler a tua prosa, que me parece continuar a enfermar de um problema congénito. Em vez de descrever a realidade como ela é vista pela esmagadora maioria da população, faz exactamente o oposto. Explica-a como gostariam os esquerdistas que ela fosse. Assim acontece com a tua interpretação dos últimos 15 anos em Tomar. Para ti, Relvas é, senão o único, pelo menos o grande culpado, -para mais e para ti um malandro, um perigoso indivíduo, com cavilosas intenções, etc e coisa e tal. Desce à terra homem! Que Relvas tenha liderado a política local durante os últimos mandatos, não duvido. Mas porquê? Onde estiveram os corajosos oposicionistas da tua tendência durante o reinado do Paiva? Que fizeram de eficaz o BE, a CDU, o PS ou os IpT? Sem oposição com força e eficácia para os contrariar, vens agora dizer que o mentor local do PSD é que foi e é o grande culpado?
Na política, prezado amigo pessoal, nunca dá bons resultados confundir inveja, ressentimento,ódio pessoal, vingança,represália, com sadia oposição ideológica, respeitando sempre a vida particular de cada um.
O Bruno é realmente um cidadão honrado, com quem já partilhei a bancada na AMT, quando ele foi como eu deputado municipal independente pelo PS. Nos idos 80 do século passado. Quando os representantes municipais ainda eram só vogais. Dito isto, em eleições livres e honestas, O cidadão Bruno Graça valeu menos votos que os necessários para ser agora vereador. Não ter isto em conta, parece-me ser a negação nos factos, daquilo que em teoria se defende: o primado da política, da lei e do voto anónimo e livre. Ou não?
Resumindo. Culpa do PSD/Relvas? De acordo. Mas também e sobretudo de todos aqueles que, incapazes de os vencer ou seuqer de os enfrentar lealmente, recorrem a meios que na Europa onde vivemos já deviam estar no caixote do lixo da história há bastante tempo. Por uma questão de boa educação. E sobretudo porque não resultam, conforme a experiência tem demonstrado. Só os burros é que nunca mudam de comportamento.

Um abraço