As nossa irmãs têm, como é sabido, uma espécie de sexto sentido, que lhes permite entender coisas que nós homens não intuimos, bem como lobrigar mais longe no horizonte, julgo que devido à sua função maternal, que as torna mais pacientes, uma vez que uma gestação dura no mínimo sete meses, enquanto que a função masculina que lhe está na origem... Este intróito, tipo peixe-espada, para fundamentar a ideia que tenho, segundo a qual a Rádio Hertz teve uma grande ideia ao lançar o programa "À conversa com elas", que os tomarenses ganhariam em ouvir, ou pelo menos em seguir no site respectivo.
Na mais recente emissão da citada série, depois resumida com mão de mestre por António Feliciano, abordaram as nossas conterrâneas, entre outros assuntos, a problemática ligada às eleições internas do PSD/Tomar. Rosa Santos soube ser, como é seu hábito, muito pão-pão, queijo-queijo. Está com a candidatura de João Tenreiro, porque sempre se sentiu bem com a actual Comissão Política, acrescentando que, no seu entendimento, Carlos Carrão não vai candidatar-se. Uma forte machadada na já periclitante situação política do presidente interino. Vinda do seu próprio partido.
Anabela Freitas deixou perceber que pelas bandas do PS local existe estabilidade, não há pressas e a seu tempo se fará o que tiver de ser feito, segundo as regras da arte. No fundo, a expressão do apaziguamento interno, proporcionado pela corajosa ruptura da anómala e improdutiva mancebia com o PSD.
Já Graça Costa soube ser sintética e contundente. Em apenas duas frases, feriu gravemente a candidatura Tenreiro, cujo projecto qualificou de "uma mão cheia de nada", atingindo também em cheio Carlos Carrão, ao afirmar que está em jogo a sua sobrevivência política. A demonstrar que a sociologia pode não tornar mais inteligente nem ensinar a fazer política, mas lá que ajuda muito, ajuda! Dito isto, há todavia um óbice grave no discurso da agora ipêtista, que convém destacar desde já. Sendo evidente que, como teve a coragem de afirmar, o projecto da equipa Tenreiro é (por agora?) demasiado genérico, não se pode esquecer de que outro tanto acontece com os Independentes por Tomar. Neste caso com a agravante de os eleitores (pelo menos aqueles com quem tenho falado) não entenderem de todo qual a utilidade de levar ao colo a actual maioria relativa, uma vez que nem uns nem outros sabem para onde vão, justamente por não disporem de qualquer projecto substantivo. Em política, nada é mais corrosivo do que a incerteza, o vazio de ideias...
Implicita ou explicitamente vilipendiado por todos os quadrantes, incluindo o PSD, frontalmente ou pelas costas, Carlos Carrão não tem vida fácil. Compreende-se por isso que hesite e vá procurando contar espingardas, antes de decidir apresentar-se ou não ao sufrágio dos seus companheiros, agora fortemente acossados por todo um rol de asneiras que até faz impressão.
Dado que no fundo até simpatizo com o conterrâneo Carrão, com quem aliás sempre tive boas relações e que sei ser um cidadão honesto e cumpridor, mas com cujas opções políticas não concordo, aqui lhe deixo a minha tosca opinião. Ficarei contente se lhe puder ser de alguma ajuda na sua árdua tarefa actual. Tendo em conta os seus 14 anos na autarquia e a obra que terá feito, encontra-se agora naquela posição amiúde referida pelos nossos avós: "Filho és, pai serás; conforme fizeres, assim acharás". Assim a modos que uma versão moderada do medieval "Quem com ferros mata, com ferros morre". É a vida, diria o Toneca Guterres.
O seu dilema, Carlos Carrão, é agora este: Se não se candidatar nas internas do seu partido, é muito provável que não seja o cabeça de lista em 2013. Se se candidatar e ganhar, pode ser que seja cabeça de lista em 2013. Se perder, de certeza que não será cabeça de lista em 2013. Pelo menos pelo PSD. Restar-lhe-à então aquilo que já devia ter feito o mês passado: Regressar ao jornalismo, uma vez que até escreve bastante bem. Haveria também, é certo, a hipótese de uma candidatura independente, por exemplo como cabeça de lista dos IpT, mas não o estou a ver com audácia para tanto. Nem Pedro Marques a abrir mão da única carta que lhe resta... Tempos agrestes, estes que atravessamos. Ainda por cima com um frio desgraçado, que não ajuda mesmo nada.
1 comentário:
Numa cidade em que os representantes do partido que supostamente apoiaria as politicas do governo surgem ao lado da oposição na demagógica e votada ao fracasso "luta" contra a restruturação do CHMT , já nada me espanta.
Julgo que o Carrão vai meter no bolso o tenro candidato.
E para as autárquicas penso que o PS vai contar com um vizinho de peso. Para tentar mesmo ganhar.
Com tudo isto julgo que o Dr.Pedro Marques estará em mais lençóis. Devia seguir a tendência da moda candidatando-se a outro concelho onde o conheçam pior!
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