Acabo de ler aqui que a autarquia deliberou atribuir 15 mil euros ao Carnaval de Tomar e 5 mil ao da Linhaceira. São mais quatro mil contos a fundo perdido e para a folia. Coisa pouca. Diria mesmo insignificante, numa autarquia rica e pujante como a nossa. Além de poder vir a constituir argumentação de peso para futuras passeatas/comezaina/tintol/bailarico. "Tudo à borliú", bem entendido. E com a participação do agora senhor presidente, transportado no seu Opel Insígnia à custa dos patos, que somos todos nós. Avancemos.
O que me levou a garatujar este comentário, foi a curiosa determinação de liquidar agora, a cada uma das carnavalescas entidades privadas organizadoras, apenas uma parte do montante atribuído, sendo o remanescente pago contra a apresentação das respectivas contas. Não está nada mal visto, não senhor. Nos tempos conturbados que atravessamos e com cada vez mais gente séria, todo o cuidado é pouco. Não vá dar-se o caso de se excederem, fazendo mais do que aquilo que prometeram.
O problema reside no facto de haver um conhecido dito popular, segundo o qual "Que bem prega frei Tomás! Façam o que ele diz! Não olhem para o que ele faz!" Neste caso, a edilidade nabantesa, perdão! Escapou-se-me o raciocínio para a verdade. Queria dizer a autarquia nabantina está a exigir aos outros aquilo que ainda não fez. Ao que me constou, a Festa dos Tabuleiros já foi há seis meses, não havendo ainda contas finais por se aguardar a última fracção da participação autárquica, que não há meio de ser liquidada. A ser verdade, a câmara funciona em regime de dois pesos e duas medidas, consoante de trata de si própria ou dos outros?
Há também outra questão, que mais tarde ou mais cedo terá de vir a ser esclarecida. O executivo camarário alimenta pelo menos duas comissões que movimentam somas consideráveis, não sendo do domínio público quem fiscaliza as respectivas contabilidades e o modo assaz peculiar como são elaboradas. Estou a referir-me à Comissão da Festa dos Tabuleiros e à Comissão da Feira de Santa Iria.
No que concerne à chamada Festa Grande, é hábito não contabilizar todos os custos nem todas as ajudas da autarquia, mantendo assim um conveniente nevoeiro sobre mão de obra, veículos, combustíveis, energia eléctrica, terrados, Juntas de Freguesia, etc. etc. De tal forma que, quando finalmente se diz que a festa não deu prejuízo, ninguém sabe ao certo quanto custou realmente aos contribuintes.
Cuido que outro tanto acontecerá com a Feira de Santa Iria, neste caso com a agravante de umas jantaradas, (ao que me disseram bem regadas) ali na Estalagem de Santa Iria que, sem dúvida por mera coincidência, também não estará assim muito em dia com as rendas a pagar à câmara, dona do imóvel e de tudo o resto, incluindo o recheio completo.
Tudo isto, que já era pouco aceitável na era das vacas gordas, agora, com a agreste crise que a todos atinge, torna-se intolerável. Aguardam-se por isso, ou adequadas explicações da relativa maioria, ou iniciativas convenientes da chamada oposição. Valeu? Ou vão continuar a fazer ouvidos de mercador? Se aguardam o fim da crise para agir, desiludam-se. É o seu agravamento que se anuncia.
3 comentários:
E os 25mil euros que a comissão da Feira de Santa Iria vem presenteando à Rádio Cidade Tomar para a Realização do seu aniversário, já lá vão 21 anos...
Estimado Prof.Rebelo
Comento para fazer uma pequena clarificação no seu escrito.
Foi no decurso do inicio do apoio ao eventos no ano de 2010, que foi introduzida a regra de demonstração do integral pagamento em valor igual ou superior aos montantes já recebidos.
Enquanto responsável nesse ano do sector da cultura, entendi aplicar as regras usuais nos financiamentos comunitários, por entender que essa é a forma correcta de "controlar" a execução das iniciativas, sob o ponto de vista financeiro.
Em 2010 isso foi aplicado a todos os eventos que sob minha proposta foram apoiados pelo Municipio. Eventos apoiados e promovidos externamente, que é a única firma de tirar rentabilidade do investimento realizado, coisa que hoje já Nao se faz.
Concordo com as referencias que faz aos outros dois eventos, sob o ponto de vista financeiro/contabilistico. Aquilo é uma treta a nível do controlo e fiscalização por parte da autarquia. Especialmente em relação à Feira de Santa Iria, dá jeito...
Recebi um comentário/esclarecimento da Associação Cultural e Recreativa de Linhaceira, que passo a transcrever na integra:
"Apoio aos Carnavais
Caro Professor Rebelo: Só por descuido pode afirmar que a ACR de Linhaceira, entidade responsável há décadas pelo Carnaval de Linhaceira, é uma das carnavalescas entidades privadas organizadoras! Certamente sabe que esta colectividade sem fins lucrativos apresenta pública e anualmente aos seus sócios e demais população interessada, assim como, por força do estabelecido, apresenta à Câmara Municipal o Relatório de Contas e de Actividades, condição para receber qualquer subsídio. Aliás, para seu melhor esclarecimento e dos seus leitores, posso afirmar, a título de exemplo, que com o diferencial entre receitas e despesas das actividades carnavalescas do ano passado, foi possível adquirir uma carrinha para transporte de atletas da colectividade. Portanto, temos uma situação onde um pequeno apoio municipal pode ser bem rentabilizado em proveito da sociedade...pelo menos na Linhaceira tem sido sempre assim!
Rui Simões"
Não foi minha intenção beliscar as entidades envolvidas,como de resto ressalta do texto. Reconheço contudo que o vocábulo que usei não terá sido o mais feliz, uma vez que se presta a interpretações diversas.
As minhas desculpas aos visados
Enviar um comentário