quarta-feira, 21 de março de 2012

Ameaças hipócritas e unanimidade aparente


Esta notícia de ontem, que se reproduz do site O TEMPLÁRIO com a devida vénia, constitui um exemplo flagrante do actual clima político tomarense. Após incitamentos à demissão do presidente Carrão e ameaças hipócritas de eleições intercalares forçadas, temos novamente o executivo unido e unânime. É pelo menos o que parece. Trata-se, porém, de mais uma tentativa de embuste à opinião pública. Lendo com atenção o documento votado favoravelmente pelos sete magníficos, nota-se que se trata apenas de mais um produto tipo corte e cola. Que a maior parte, senão mesmo a totalidade dos edis, aprovou por falta de melhor alternativa. Arriscaria até avançar que houve de certeza casos de manifesta incapacidade para entender cabalmente todo o teor da proposta.
Seria fastidioso e deslocado desfiar aqui a trama do dito documento, pelo que se avançam apenas alguns tópicos: 1 - "Tomar rumo ao futuro com desenvolvimento sustentável"? Que quer isto dizer realmente? Será concebível outro rumo? Noutra direcção qualquer? Sem ser para o futuro? Desenvolvimento sustentável? Em quê? Como? Quando? Com quem?
2 - "A Câmara Municipal de Tomar tem por missão definir estratégias e linhas orientadoras para o desenvolvimento sustentável"? Não parece. Desafiam-se os senhores autarcas a mostrar os seus trabalhos nessa área durante os últimos 4 anos. Para não irmos mais longe...
3 - "Promover e garantir a transparência dos processos e dos resultados"? "Fomentar e assegurar a simplificação de procedimentos administrativos"? "Promover... uma correcta gestão interna de recursos humanos"? Era bom era! Mas desde há pelo menos 15 anos que andam a fazer exactamente o contrário. Com os tristes resultados que são conhecidos de todos.
4 - "Um serviço público de excelência, eficiência, eficácia e qualidade"? Com esta aparente fartura vocabular, pretendem endrominar quem? Não pode haver eficiência sem eficácia, nem excelência sem qualidade. Trata-se portanto de despropositada e intrujona redundância. Só que os serviços da autarquia, em certas áreas bem conhecidas, fossem só simples, rápidos, honestos e baratos, já seria bem bom.
Quando será que os senhores eleitos se convencem, finalmente,  de que há cada vez mais cidadãos que já não os levam a sério, tantas são as asneiras entretanto cometidas? Esta é apenas mais uma. Que só engana quem a votou. O que significa que, embrenhados na questão da estratégia, falharam completamente na táctica. Coisas que acontecem...

4 comentários:

jccorreia disse...

Embora seja um conjunto de banalidades que , com pequenas adaptações , poderia aplicar-se em múltiplas áreas, não deixa de revelar a fraqueza dos politicos locais.
Então o tal Presidente de que tanto mal dizem obtem uma aprovação por unanimidade ?
Ou será que os ilustres membros da oposição tiveram uma súbita inspiração , certamente divina,deixando por momentos os egos e umbigos sossegados?
Fazem-me lembrar aquela cena velha do "agarrem-me senão eu bato-lhe".
Pobre cidade.

simon disse...

Boa noite. Não vejo como é que o SIADAP pode ajudar no "sistema de planeamento de cada entidade constituindo um instrumento de acompanhamento e avaliação do cumprimento dos objectivos...". Como é sabido o SIADAP não avalia os funcionários tão-só permitindo poupar dinheiro à entidade pagadora. Mais valia ser-se honesto e dizer isso. O exemplo é clássico. Existem quotas e este serviço só tem direito a 3 muito bons mas há 4 elementos com essa avaliação. O que se faz? Um tem que ficar de fora. Onde está a avaliação de desempenho? É assim que se acompanha e avaliam os objectivos de cada entidade? Temos locais onde o SIADAP está atrasado 2 anos. Então com esse atraso decorre que não se sabe se os objectivos daquela entidade foram atingidos. Ou, o que é mais normal, este sistema foi mais uma vez a chico-esperteza que achou que podia camuflar outros objectivos e que são claramente o de reduzir as despesas com o pessoal a média e longo prazo. Gosto de honestidade e mais valia dizer-se claramente isto. Os objectivos, generalistas estão bem mas falta descer ao pormenor. Por exemplo que parcerias com as instituições e agentes locais, de que género. Devia haver regulamentos para a atribuição de subsídios, exigir contrapartidas para o concelho, etc, etc. Vamos ser optimistas e pensar que todos estão de acordo num facto já muito referido: Tomar está lá no fundo. Os outros ou já ultrapassaram ou estão de pisca-pisca ligado para ultrapassar. Resta aos políticos tentar obviar a essa situação. Há a necessidade de remarem para o mesmo lado. Será que conseguem?Muito obrigado

Luis Ferreira disse...

Estimada Dr.Correia Leal e demais cidadãos

Para que conste informo que mais de 90% das deliberações tidas em TODAS as reuniões de Câmara são tomadas por unanimidade. Com maiorias absolutas, relativas, coligações e separações, em Tomar e nas outras mais de 3 centenas de Municípios do País.

É natural que assim seja, pois a Lei obriga a que muitas questões tenham de ser do conhecimento d etodos os vereadores e terem deles a sua aprovação.

Assim, em cada reunião só uma, duas ou tres votações t~em votos contra ou abstenções, com ou sem declarações de voto, que visam dar conta das razões da "divergência", para publica nota disso mesmo.

Com as minhas melhores saudações

Luis Ferreira
Vereador

jccorreia disse...

Agradeço o seu esclarecimento sr.Vereador .Confesso a minha ignorância mas também perplexidade! Penso que terei percebido bem: a lei exige que os vereadores tenham conhecimento de certas questoes e que as aprovem?! Mas estão porque votam! E 90% das decisões dos executivos camarários em todo o Portugal são unanimes?
Sabe (já lho disse pessoalmente) que tenho estima e consideração por si.Considero-o honesto, trabalhador e bem preparado.E experiente.
Um dia destes vou pedir-lhe para me explicar algumas nuances da política local que a minha gasta percepção deixa escapar.Sinceramente.

Cumprimentos