PÚBLICO, 01/03/2012, página 18
Focou-se no texto anterior mais uma mini-manifestação tomarense contra o reestruturação do CHMT. Um caso evidente de egocentrismo político. Em que se tornou evidente que alguns responsáveis políticos locais descolaram completamente da realidade objectiva. E recusam reconhecer o erro crasso.
Infelizmente para todos nós portugueses, o egocentrismo -também de quando em vez apelidado de autismo político na AR- prospera a olhos vistos à escala nacional, estando agora muito bem implantado. Atente-se nas ilustrações acima. Convocatória de mais uma greve geral "de todos e para todos os trabalhadores", pela CGTP-IN, a principal central sindical portuguesa, geralmente conotada com o PCP. Publicada nos jornais diários, podia ser a preto e branco. Era mais digno, mais discreto, mais distinto, mais austero e mais barato. Mas assim dá mais nas vistas. É mais caro, mas é outro asseio.E os trabalhadores pagam tudo. Avante!
De acordo com o documento, são três os objectivos da projectada paragem geral dos trabalhadores: 1 - Rejeitar o pacote da exploração e empobrecimento; 2 - Combater o pacto de agressão aos trabalhadores, ao povo e ao país; 3 - Reclamar nova política. Um novo rumo para Portugal. Como? Isso a convocatória não explicita, excepto no que concerne ao ponto 3. Fica para depois?
Sob as palavras de ordem "Reclamar nova política" "Um novo rumo para Portugal" aparecem algumas hipóteses já mais elaboradas: "renegociação da dívida, criação de emprego seguro e com direitos, aumento dos salários, incluindo o salário mínimo, aumento das pensões de reforma, reforço das prestações e apoios sociais, melhoria dos serviços públicos e das funções sociais do estado, adopção de nova política, de forma a permitir o crescimento económico, o investimento e a dinamização do sector produtivo". Excelente, apesar de preocupado sobretudo com um país de pensionistas. Mas com que fundos? Quem paga? Renegociação da dívida? E se os credores não concordarem? Não pagamos? E depois? Emprego seguro e com direitos? Onde? No Estado? Nos privados? E se os patrões não quiserem, por falta de condições? Aumento dos salários? Então o Nobel Krugman não disse que têm de baixar até 30%? Porque é que a Grécia foi forçada pela troika a reduzir o salário mínimo? Só para irritar os trabalhadores gregos? Aumento das pensões e outras prestações sociais? Com que recursos? Continuando a endividar-se? Melhoria dos serviços públicos e funções sociais do Estado? Como quando e onde? Adopção de uma nova política? Excelente ideia. Mas que política nova? Em que país é que isso já foi feito e está a funcionar?
O que sabemos por agora limita-se à triste e dramática experiência grega. Apesar das sucessivas e muito participadas greves gerais, apenas se tem conseguido alterar a ordem pública, destruir património e agravar a situação económica, com o país a ser sustentado pelas esmolas europeias. A tal ponto que o ministro do interior alemão já defendeu -numa recente entrevista ao newsmagazine Der Spiegel- que se facultem à Grécia incentivos IRRECUSÁVEIS para abandonar a Zona Euro. É algo semelhante que a CGTP-IN pretende para Portugal? Com séculos de experiência, a Igreja Católica é muito mais prudente. Também vai criticando a situação do país, mas promete o Paraíso só para depois da morte.
6 comentários:
DE:
Publicidade das associações sindicais na imprensa:
Os trabalhadores pagam não só a das suas organizações sindicais (e muito bem), como pagam, igualmente, sem para isso serem consultados, a das associações patronais, porque custeada com os lucros produzidos pelos seus trabalhadores, e custeiam igualmente as chorudas várias reformas acumuladas por muitos dos representantes do Capital. E muitas mais coisas, muitos mais luxos e mordomias, muitos esbanjamentos, muitos empregos no Estado de alguns dos seus filhos e outros familiares. E pagam também os custos da propaganda deste governo em toda a imprensa, bem como às suas "arrastadeiras" e lacaios. E pagam roubos da malandragem conhecida que anda por aí à solta a vender Portugal a retalho. E é dos trabalhadores quase todo o cabedal que muitos desses senhores guardam nas suas contas bancárias.
Os trabalhadores são a única e verdadeira riqueza do nosso País, chamados também a comparticipar em complexas intervenções cirúrgicas a muitos capitalistas, que, na hora difícil, preferem o SNS, que lhes dá mais segurança, tirando muitas vezes a vez a um trabalhador à rasca por uma cirurgia de urgência.
Os trabalhadores portugueses devem lutar, vir para a rua, combater este governo de forma determinante, governo que enganou o povo na campanha eleitoral, mentiu em cada palavra que proferiu, governo que apelou à intervenção externa tornando Portugal, mais uma vez, num Protetorado. É um governo divorciado do povo, que odeia o povo, o maltrata, desdenha dele, trata-o como estúpido e inculto, considera-o piegas e convida-o a sair pela porta fora - morrer longe.
Este Governo é uma provocação aos portugueses e à nossa História.
Depois das mentiras com que enganou os trabalhadores, nalguns países da Europa, esta camarilha que está no governo não poderia sair à rua e seria chamada à barra do Tribunal por burla e crime de lesa-pátria. Era o que o Ministério Público devia fazer.
Os trabalhadores, afinal, sem exercícios complicados matemáticos, pagam tudo. O País é do povo.
Nenhum País europeu tem um povo mais rico que o nosso. E, contudo, somos o povo pobre, muito pobre, dos mais pobres e humilhados da Europa.
Portugal está nas mãos de uma canalha, de uma cambada, de bandos de malfeitores. Portugal está nas mãos de Gangues, agentes do capitalismo financeiro internacional.
Está difícil a luta, porque os partidos estão infestados de oportunistas.
Mas é na rua que este governo deve ser enfrentado e deitado abaixo com a máxima urgência. E vai ser na rua que ele vai cair.
Urge em Portugal um Governo Democrático de Salvação Nacional.
O resto é conversa fiada, que, no mínimo, em certos casos....
Cala-te boca.
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Acrescento ao meu anterior comentário esta notícia da TSF de hoje:
"O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que o impacto de algumas medidas políticas na área da Saúde poderão também ter contribuído para uma taxa de mortalidade acima da média"
Isto é o princípio de uma tragédia! Isto é já uma tragédia!
Este governo é mesmo um governo de sacanas.
Claro que a luta em torno do Hospital de Tomar é justa.
Lembram-se do que eles prometeram ao povo para lhes sacar o voto?
Lutemos por um Governo Democrático e Patriótico de Salvação Nacional!
Meu caro templário, Hugo de Payens não diria melhor, se bem que a história dos Templários, bem aprofundada, não será muito diferente da dos nossos credores de hoje, nas devidas proporções, obviamente (também foram uns bons sacanas...)
A Greve Geral, então:
Desde já afirmo que que sou defensor da máxima de que greve, só em último recurso!
Esta não deve ser nunca uma arma de arremesso, salvo se valores mais altos estiverem em causa, como a própria Democracia, p.e.
Quero eu com isto dizer que, compreendendo e concordando com todos os motivos aduzidos para a convocação desta greve, tenho dúvidas se ela é pertinente, se não haveria outras formas mais ousadas ou imaginativas, de defender os interesses dos trabalhadores.
Atendendo a que quem normalmente pára são os FP's, as EP's, as grandes empresas e pouco mais, pode parecer de somenos importância, mas a quem já roubam dois ordenados, acrescidos do aumento da taxa de IRS e de IVA e da diminuição de deduções à colecta, um dia de greve agora, mais um daqui a dois meses e depois outro antes das férias e outro no regresso e outro antes do Natal, vai pesar e muito no bolso de quem se sente injustiçado ( porque nas greves o trabalhador perde o dia de salário, embora haja gente que ainda o não saiba). Mas isso levar-nos-ia mais longe, até à própria organização do movimento sindical em Portugal ( alguns criticam autarcas por se manterem nos cargos anos a fio, mas há sindicalistas nas mesmas situações e o afastamento do local de trabalho nalguns casos é bastante prejudicial - havemos de falar nisso um dia, se vier a talhe de foice ).
São justos os motivos aduzidos? são, claro!
O acordo com a Troika não previa cortes nos subsídios, não previa a revisão da Lei laboral, etc., portanto, para levar o barco a bom porto, bastava ao governo ser bom aluno e já não era pouco; não lhe bastando isso, quis saber mais que o professor e vai de inventar umas medidas mais duras ainda que aquelas que nos impuseram! faz lembrar o puto que levava uma cana nova para oferecer ao professor e era o primeiro a estreá-la. Aqui é igual, "ai vocês querem mais? pois tomem lá mais um pacote, já que são tão diligentes!" se dúvidas houvesse, os aumentos dos juros da dívida aí estão para as esclarecer.
Resumindo, a Greve Geral é justa? É, sem dúvida! é oportuna? tenho muitas dúvidas, porque para marcar posição, como atrás disse, há outras formas, com menos custos e se calhar com mais impacto, uma vez que não tenho dúvida absolutamente nenhuma que nem um dos problemas por que ela vai ser levada a cabo, será resolvido!
Já quanto à "proposta" de um governo de salvação, plenamente de acordo!
Boa! Tudo muito inflamado e revolucionário.O Otelo será mero aprendiz junto destes cidadãos!
Em que galáxia vivem estes senhores?
O engraçado será imaginar o que o Zezito pensaria sobre o assunto,agora mais ilustrado em ciência política.
O sr. Cantoneiro , definitivamente,gosta de gozar com a malta.
E desculpem voltar a incomodar mas realmente este templário,cantoneiro,etc exagera na linguagem desbragada e insultuosa. Em bom português : malcriado.
Lamento que para lá de mostrar o habitual inconformismo com o peso eleitoral que o povo,em eleições livres,decidiu atribuir aos que como ele(nao)pensam,o senhor tem a lata de falar em propaganda do governo quando vimos de 6 anos "exemplares " nessa e noutras matérias, com ao que dizem 4000 agentes no terreno,etc. Este governo odeia o povo? Tenha paciência mas,pensando melhor, nao será só falta de educação.E podia comentar mais uma serie de lugares comuns mas acho que seria gastar cera com ruim defunto.
O senhor passou-se.
E com pessoas assim nem vale a pena perder
1segundo.
Definitivamente.
Nenhuma surpresa! O templário usa a única coisa que sabe -a cassete. Interesse nacional? Defesa dos trabalhadores? Rentabilidade de empresas publicas ? Prejuízos monumentais pagos pelos contribuintes? Um dia de greve custa x em empresas que já custam y ao desgraçado que paga impostos? A greve dos transportes lesa milhares de trabalhadores que querem ir trabalhar ? E sem dinheiro para alternativas?Nada disto interessa a estes impolutos patriotas embalados e empolgados por correias de transmissao dos senhores que nem 10% valem.
Uns,frustados e azedos nem sabem o que fazem; outros mais finórios e com direito a mordomias , usam e abusam... Dos trabalhadores que enganam ao dizerem defender.
Enfim, mais do mesmo de malta que pouco vale e que sabe que a crise vai destapar carecas e dificilmente vai permitir a sobrevivência de parasitas.
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