Voltam a agitar-se alguns sectores da reduzida comunidade política tomarense, por causa da problemática hospitalar. Desta vez, regista-se a denúncia do acordo existente entre o CHMT e a Rede Nacional de Cuidados Paliativos, o que poderá vir a implicar o encerramento dessa valência na unidade de Tomar. Aproveitando a boleia, os habituais sapadores lançaram o boato do eventual encerramento da valência de Psiquiatria na mesma unidade. O que seria realmente grave, uma vez que nas margens do Nabão parece haver cada vez mais problemas mentais. Sobretudo na área política.
Antes destes novos episódios já Paulo Vasco, Director Clínico do CHMT, escrevera a 7 de corrente uma frase assaz significativa em termos de futuro provável: "Fizemos até agora o possível. Temo, apesar de tudo, que não seja o suficiente."
Partindo destas premissas, o que segue é apenas a minha opinião, fundamentada no que tenho lido e ouvido. Excepto no que concerne aos objectivos desejados para a Comissão de Saúde, o restante não significa que concorde com o que me parece que aí vem inevitavelmente.
1 - Na minha tosca opinião, a Comissão de Saúde, sendo omnipartidária, meteu a pata na poça logo no início, ao adoptar um modus operandi incompatível com a sua função. Refiro-me à atitude de luta, de confronto, de rancor, tipo ou eles ou nós, eles são todos uns velhacos ignorantes e nós somos todos uns justos muito inteligentes.
2 - Além da dita maneira de agir, extremamente desagradável para a outra parte, como se compreende, num país onde ninguém gosta de dar o braço a torcer, determinaram mal os objectivos a alcançar. Quem quer que tenha proposto a suspensão imediata da reestruturação em curso, não percebe nada de política ou de negociação. Nem sequer tem consciência do local e do tempo em que vive. A nível subconsciente continua a sonhar com uma nova edição, agora em formato micro, da tomada do Palácio de Inverno.
3 - Embora tardiamente, lá acabaram por reivindicar também a anulação da Portaria de Fevereiro de 2008, que tem estado na base de todas as alterações até agora efectuadas. Delas resultou, como bem assinalou um dos membros da comissão, uma situação de algum privilégio para Abrantes, tendo em conta as condições técnicas da sua unidade hospitalar.
4 - Esse alegado favorecimento, a existir mesmo, não deveria surpreender os elementos da comissão. Estando a ser implementado um plano de 2008, trata-se de legislação imaginada pelo governo PS, naturalmente influenciada pelo então ministro Jorge Lacão Costa, abrantino como Relvas é tomarense -por opção e pelo coração.
5 - Muito provavelmente, ainda antes de 2015, deverá ficar a funcionar no Médio Tejo apenas um hospital. Não por opção livremente assumida pelo governo. Este ou outro qualquer. Apenas porque a partir de certa altura os recursos disponíveis não darão para mais. Havendo que encerrar forçosamente dois hospitais, há três hipóteses possíveis: A - Decisão com fundamentação técnica; B - Decisão com fundamentação política; C - Decisão com fundamentação mista.
6 - Em qualquer das três, vencerá quem tiver entretanto conseguido ascendente na relação de forças, que a priori é largamente favorável a Tomar. Por um lado porque a unidade de Tomar é a maior, a mais moderna e a que tem melhor equipamento. Lidera portanto em termos técnicos. Por outro lado, porque temos finalmente no governo alguém ligado a Tomar e com peso suficiente para impedir que -em igualdade de circunstâncias- sejamos novamente os perus da festa.
7 - Parece-me claro que, caso a Comissão de Saúde insista no seu estilo de confronto, tipo luta de classes, em vez de começar desde já a articular uma estratégia eficaz para as hipóteses enunciadas em 6, Tomar corre sérios riscos de vir a ser mais uma vez o palhaço pobre da política regional. E ficaremos, então sim, sem o hospital.
Aqui fica o aviso para memória futura.
1 comentário:
Excelente artigo Professor!
Vamos a ver se Tomar se safa desta embrulhada apesar dos esforços em sentido oposto da comissão de saude.
Para memória futura! Diz muito bem !Mas nem sob o ponto de vista político se tiram conclusões. Como se comprova pela sobrevivência da maioria dos cromos que se julgam aptos a governar Tomar.
Uma tristeza.
E uma enorme preocupação para quem pensar em filhos e netos.
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