quinta-feira, 15 de março de 2012

PS-TOMAR: Mais um tiro pela culatra

É uma das maleitas crónicas da esquerda portuguesa, que naturalmente -e ainda bem- inclui o PS. Quando a situação é favorável aos que tradicionalmente estão por baixo, zumba! Saia mais um tiro pela culatra! Ou um tiro nos pés, como agora se usa escrever. Foi assim com a Comissão Unitária de Saúde na questão da reforma hospitalar, repete-se agora com a supressão de freguesias. Num comunicado que pode ser lido aqui, os socialistas tomarenses proclamam-se contra a extinção de freguesias à maneira de Relvas, a que está em tramitação. Acrescentam contudo ser favoráveis à dita reforma, desde que feita em diálogo entre as freguesias, o executivo municipal e a Assembleia. Maneira subtil, cuidam os da ideia, de confortar os egos sobredimensionados dos respeitáveis presidentes de junta, congenitamente contra qualquer alteração que lhes retire os respectivos poleiros. E no entanto, creio ser evidente para qualquer mortal minimamente dotado a  tragicomédia que seria enveredar por essa via do blábláblá de circunstância. 18 entidades diferentes em diálogo? Havia de ser bonito, havia! Basta atentar no que tem sucedido na AM ou no executivo camarário. Cada eleito faz a sua homilia, estando-se nas tintas para o que possam ter dito os homólogos. Que a maior parte das vezes nem sequer ouvem. E agora os principais eleitos do principal partido da oposição pretendem que se dialogue, numa matéria tão sensível como a supressão de poleiros?
Na sequência da tão inesperada quão estranha mancebia -de papel assinado e tudo- quanto tempo levou o PS nabantino para concluir que era impossível dialogar com a outra parte? 27 meses! Quantos eram os intervenientes directos? Apenas 5 (três PSD + dois PS). E agora pretendem uma reforma dialogada entre pelo menos 44 intervenientes (37 parlamentares municipais + 7 membros do executivo)? Devem estar a brincar com o pessoal! Só pode!
Acresce, numa outra vertente, que António Costa, conceituado dirigente da cúpula do PS e presidente da câmara de Lisboa, já apresentou a sua redução de freguesias, nunca tendo constado qualquer propalado diálogo entre as partes. Como de resto deveria acontecer sempre. Já os latinos diziam res non verba - Obras! Chega de palavras!
E já agora, vejam lá se mandam quanto antes reparar as espingardas. De forma a evitar mais tiros pela culatra, que o mesmo é dizer para trás! Caso contrário ainda vão acabar crivados de chumbo!

7 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

No teatro de bonifrates, o espetador sabe haver a mão de um manipulador, que mexe os bonecos e lhes dá voz. Não se deixa iludir quanto a isso. Invariavelmente, os espetadores escavacam-se todos a rir. Há muitos anos - nem eu sei já quantos... - , era ainda uma criança, aprendi na Feira de Santa Iria o que eram os bonifrates, e uma vez mijei-me todo de tanto rir ao ver um deles às cambalhotas e a levar pauladas. Mas nunca vi nenhum conseguir saltar por cima da sua própria cabeça.

Hoje, com novos materiais e técnicas sofisticadas, parece que conseguem esse efeito espetacular. Mas estes bonecos não têm a pilhéria de outros tempos. Parece que são mesmo eles que estão a falar... - auto suficientes. Que desagrado! Deixa de existir o deleite do verosímil, parecem mesmo reais. Não dá espetáculo, não provoca riso nem entretenimento -murcham a imaginação. E, contudo, nós continuamos a saber que há um manipulador por detrás deles.

Pobres e infelizes estes bonifrates! Só dão agora espetáculo para o manipulador... É o que se chama o reverso do espetáculo.

Isto veio-me à pinha, primeiro, porque está a terminar a Mostra de Teatro no concelho de Tomar, que espero tenha sido um êxito, segundo, porque há quem defenda que desta questão das freguesias seja mesmo arredado o público (o povo tomarense) e a concertação entre os seus representantes (num sentido ou noutro). O que significa que os bonifrates do teatro político estão decididos a pantominar apenas para os manipuladores.

Mas os bonifrates têm vontade própria?....

Que coisa mais esquisita!

E é mesmo esse o desejo do manipulador?!

Ou estamos a assistir a um fenómeno estranho? - Os bonifrates a exorbitarem do que lhes é intrínseco, e a darem pontapés na democracia, cuja essência é o diálogo..

Anónimo disse...

Meu caro Fernando:
Não jogues com a semântica. sabes tão bem quanto eu que nesta terra nunca houve nem há diálogo. Apenas conversa fiada. É facto que os políticos devem ouvir os eleitores. Também devem responder-lhes, quando seja caso disso. Apenas e só. O tão apregoado diálogo nada mais é, para os sapadores de todas as áreas e tendências, do que um cómodo pretexto para impedir ou pelo menos tentar impedir mudanças incómodas. O passo seguinte é exigir a suspensão imediata do processo.Porque não houve diálogo, nem os eleitos foram ouvidos. Está tudo nuns livros que já li há mais de 50 anos, meu bom amigo!

jccorreia disse...

Pois é Professor, mais um exemplo da honestidade intelectual e dimensão dos politicos do burgo.

Uns calam-se que nem ratos porque nada têm a acrescentar. Outros estão à espera de saber se a Dona Rosa é eleita amanhã e o PS ,do jovem Hugo faz, todo contente , um comunicando,julgando estar a criar um facto politico e jogando, qual defesa central,em antecipacão,mas diz um conjunto de banalidades. Não percebem que não há dinheiro para as brincadeiras e adiamentos que tanto gostam.
Quanto ao PC/CDU/VERDES/qualquer coisa,caladinhos. Esperam ordens. Mais vale porque a mioleira dos patrões é claramente mais trabalhada que a dos indígenas.E têm sempre à mão as comissões de moradores, disto e daquilo.
Portugal teso,roubado em todo o seu esplendor no século XXI !!!
E nunca mais se aprende nada.
E o Professor com a sua fé inquebrantável de democrata dos bons tempos ainda acha que esta malta é o futuro do País?

alexandre leal disse...

Pura cobardia política.
Como diz e bem Amigo Rebelo,será impossível concluir o que quer que seja com tamanho exercício democrático! E o PS local sabe isso muito bem. Mas faz de conta porque o objectivo são as autárquicas .E julgam que assim ficam bem vistos.
São medrosos. Mas o Professor continua a achar que será deste grupo que vai sair a luminária para projectar Tomar...
Vamos aguardar pela reacção dos mesmos craques a reformas obvias que já aí
estão(tribunais,etc).Constataremos
que estão contra tudo o que mexa.
Seria engraçado e inofensivo se houvesse dinheiro para estas brincadeiras.
E os independentes? Ficam -se ? Os seus eleitores(passados e futuros) aguardam angustiados e desorientados sem saberem o que pensa o grande
líder.O tempo urge.
Por mim proponho que se criem já mais meia dúzia de comissões: de acompanhamento da reforma autarquica, da carta judicial e as outras para o que der e vier mas sempre em nome do povo e vigilantes.Há sempre cidadãos equilibrados,sabedores e voluntariosos disponiveis!

alexandre leal disse...

Fantástico!

Conseguiram espantar-me: a reacção dos independentes excedeu as minhas expectativas. Retomam o caso do CHMT ,já requentado,e o Dr. Pedro Marques fala de credibilidade.

Sem se rir!

Como dizia o outro já só me falta ver um porco a andar de bicicleta.

Arlindo C. Costa Nunes disse...

Senhor Professor Rebelo:
Depois de ler a sua cronologia, não posso deixar de a comentar negativamente.
Como é sabido o processo de extinção de freguesias é muito complexo e naturalmente cada uma tem uma vertente diferente da outra, o que em minha opinião implica uma discussão séria, profunda e de ajustamento à sua realidade. Penso que não há ninguém que esteja contra uma reforma administrativa local, contudo, ela, como dizia, deverá ser muito bem ponderada e não a deixar para aqueles que nada conhecem do assunto loca decidir.
Existem no pais 4259 freguesias, largas dezenas têm menos de 100 habitantes, outras, caso de Lisboa, existiam numa só rua várias sedes de freguesia e portanto estas situações deverão ser alteradas procurando os interesses da população e também da situação económica do país.
Quanto aos poleiros designados, ponho o meu ao dispor, não sabendo mesmo se alguém futuramente o quer, já que é para trabalhar 24 sob 24 horas gratuitamente e sem verbas adequadas, para novas obras ou mesmo conservar o património existente, uma vez que as verbas do FFF, têm vindo a reduzir significativamente nos últimos dois anos e as provenientes do IMI, que se encontram orçamentadas, não foram transferidas, relativamente ao ano 2011, o que dá vontade de abandono.
As juntas de freguesia não podem dever ao Estado sob pena de pagar, findo o prazo, juros, ou mesmo coimas, mas o Estado pode dever-lhes sem problema nenhum, pondo o seu bom nome em cheque por falta de pagamentos aos fornecedores de serviços e qualquer dia aos funcionários.
“Quem sabe da tenda é o tendeiro” e por vezes falsos profetas dizerem aquilo que não sabem sendo muito desagradável, valendo a pena uma ponderação assertiva, porque bem basta, como referi, as muitas horas de trabalho e sem sono a pensar como se há-de resolver muitos dos problemas apontados, entre outros.
A grande maioria dos presidentes de junta, salvo aqueles que se encontram a tempo inteiro, bem como a generalidade dos eleitos locais são homens e mulheres que se dispõem ao serviço do cidadão incondicionalmente, prejudicando as suas vidas.
O Presidente da Junta da Madalena,
Arlindo Nunes

Zorro Silva disse...

Oh Rebelo !

A realidade das freguesias rurais é muito diferente da das cidades.

Nas rurais os executivos da junta são essencialmente voluntários benévolos !

Matar essas juntas é matar a politica de proximidade e um rosto onde as populações podem apresentar os seus problemas.

Querem matar a galinha dos ovos de ouro !