Vítor Rios/Global Imagens/Diário de Notícias
O Diário de Notícias de hoje inclui uma entrevista com Miguel Relvas, ministro adjunto, presidente da Assembleia Municipal de Tomar e nosso conterrâneo por opção sentimental. Das suas declarações, passo a destacar três passagens, por me parecerem óbvios recados para Tomar. Sobretudo o terceiro. "Se [nas próximas autárquicas] o PSD se fechar sobre si próprio, se achar que... ... não precisa de se rejuvenescer, que não precisa de ir buscar independentes, que basta a prata da casa, vai ter maus resultados."
"Nas próximas autárquicas está em causa um novo modelo de governação do poder local em Portugal. As autarquias têm de ser agentes do desenvolvimento local. Têm de ser contribuintes líquidos para gerar riqueza e não para gerir riqueza."
"São casos [de eventuais candidaturas a outras câmaras] que são óbvios. O dr. Moita Flores é uma pessoa muito bem preparada, que conheço bem. Pode-me perguntar sobre outros casos. Se perguntar "António Costa, se sair de Lisboa, é um bom candidato em Cascais?", eu digo que sim! Joaquim Raposo é um bom candidato a Oeiras? É um socialista, está numa das câmaras que tem uma das melhores situações económico-financeiras em Portugal, é um mau candidato? Não!
Agora, se me perguntar, sobre Tomar, de onde eu sou, se o presidente da câmara é um bom candidato a Torres Novas, digo logo que não! As rivalidades são tão grandes!"
E aqui temos, em apenas uma dúzia de linhas, tudo aquilo que os políticos da urbe nabantina não podem ignorar, lá para o último trimestre do próximo ano. Antes de tudo que, em virtude do evidente desgaste de todas as formações políticas, será imprescindível lançar outros valores, gente ainda não queimada no braseiro da gestão municipal, bem como independentes, naturalmente com arcaboiço à altura das circunstâncias.
Logo a seguir aparece a chamada de atenção para a inevitabilidade de apresentar projectos realistas e fecundos, susceptíveis de gerar riqueza, bem estar e emprego, por esta ordem. Por outras palavras, adeus gestores de farturas, boa dia administradores poupados, eficazes e capazes. Acabou a época em que bastava gerir as verbas disponíveis. Doravante é indispensável e prioritário gerar riqueza.
Finalmente, só não compreenderá quem não quiser. Foi o próprio Relvas que levou a conversa para esse ponto específico: "Se me perguntar sobre Tomar, de onde sou..." Para logo acrescentar que o presidente nabantino não seria um bom candidato a Torres Novas. Devido à grande rivalidade entre as duas cidades, claro. Mas aproveitando para ir prevenindo Carlos Carrão em relação ao seu futuro político, bem como o PS tomarense, no que se refere à eventual candidatura do torrejano Rodrigues à autarquia nabantina. Podendo parecer que não, está a prevenir que é imensa a distância entre o vale do Almonda e o vale do Nabão. Com nítida vantagem do Almonda até agora.
8 comentários:
Caro Professor
Discordo de uma interpretação que faz da entrevista do Dr.Miguel Relvas.
Acho que quis assustar o PS local com o Rodrigues. E ele lá saberá...
Vamos a ver se a jovem promessa e outros (nao me refiro ao L.Ferreira) nao vão ficar adiados mais 4 anos.
Não me parece que os artifícios semânticos de Relvas sejam tão elaborados.. Pode de facto ser um aviso à navegação nabantina, no entanto parece-me que as declarações são sobretudo dirigidas a Carrão e à necessidade inegociável de apoiar o presidente da Concelhia do PSD... ou isso ou nada... E convenhamos, as "rivalidades que são tão grandes", são válidas para os dois lados.
Com o devido respeito pareçe-me que o comentador Pedro será social democrata,no que faz muito bem, apoiante do jovem Tenreiro e goste-se ou nao , tambem da incontornável Dona Rosa.
Como será mais ou menos obvio se as premissas anteriores estiverem certas ,aprecia pouco o Dr. Miguel Relvas,e,ainda menos , o Carlos Carrão.
Só para nao confundir .
Cumprimentos.
Caro Alexandre Leal,
Ainda que fosse social democrata (desses do PSD que não pregam a social-democracia, que isso é outra coisa) faz-me urticária pensar que os destinos de Tomar possam ser conduzidos muito mais tempo por Carrão (a quem não reconheço um pingo de competência) e num futuro próximo por Tenreiro (a quem não reconheço um pingo de visão). Miguel Relvas, evito comentar, porque incorro frequentemente na grosseria e má educação... Rosa, nem preciso...
Posto isto, não percebo a pertinência do seu comentário?! Comentar política interna do PSD faz de mim social democrata?
O erro do seu juízo reside apenas no facto de assumir que o primeiro período do meu comentário não era uma crítica... Deveria ter sido mais ácido sob pena de não ser suficientemente claro... O meu comentário reflecte um prognóstico, não um desejo.
Esclarecimento final acessório: sou de esquerda, militante do Partido Socialista, Aveiro.
Cumprimentos,
Pedro César
http://pedropirescesar.tumblr.com/
Caro Amigo Pedro de Aveiro.
Obrigado pelos seus esclarecimentos! Mas desculpe a questão e espero que nem leve a mal: Não se ri quando diz que é de esquerda porque militante do PS!? E ,já agora, qual PS: Largo do Rato ou Paris?
Abraço democrático e boa Páscoa!
E parabéns por não viver em Tomar...
Caro Alexandre Leal,
Obrigado por dispensar parte do seu tempo a debater os "recados para Tomar".
Sim, sou de esquerda, militante do Partido Socialista. O tempo e a pancada provocada pela coligação Passos Portas tratarão de reposicionar e alinhar o espetro político... Convenhamos, o PSD ocupou durante largos períodos, tantas vezes por conveniência, algumas vezes por convicção, o espaço político do PS...
Perdoe-me apenas não aceitar os seus parabéns por não viver em Tomar... Não é um opção.
Abraço, boa Páscoa.
Caro Alexandre Leal,
A 3 de Abril disse que o tempo e pancada provocada pelo Governo Passos/ Portas iriam demonstrar que existe uma diferença ideológica clara entre o que é o PSD e o que é PS. E que essa confusão generalizada era fruto da deslocação e tentação esporádica do PSD pelas causas sociais. Ora, Pedro Passos Coelhos deixou claro, desde sempre, que esse não era a sua batalha. Ora, pois bem, aqui está uma pequena centelha que prova que existem diferenças, que embora motivadas pelas mais variadas causas, atestam o que então afirmei.
"Na proposta de reformulação das urgências do tempo do ministro socialista Correia de Campos, há agora nove serviços de urgência que deveriam manter-se em funcionamento e que esta nova comissão propõe fechar: Valongo, Oliveira de Azeméis, Idanha-a-Nova, Tomar, Montemor-o-Novo, Estremoz, Serpa, Lagos e Loulé."
Para os que dizem que o PS e PSD são farinha do mesmo saco...
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