segunda-feira, 19 de março de 2012

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE

 EL PAÍS, 18/03/2012, página 35

Aqui temos uma leitura muito agradável e proveitosa para todos os que, nos seus subconscientes respectivos, estão persuadidos de que os blogues e os sites são sanitas, onde cada qual pode vomitar à sua vontade. Abstive-me de traduzir, persuadido que estou de que os leitores de Tomar a dianteira não têm qualquer dificuldade para ler e entender castelhano. Ainda assim, qualquer imprevista dificuldade deverá ser exposta a a.frrebelo@gmail.com e não será publicada mas apenas esclarecida pela mesma via.

Le Monde, 19/03/2012, Géo & Politique, página 3

Cai que nem sopa no mel está infografia, numa altura em que o novo dirigente máximo da CGTP avança com a reivindicação do salário mínimo nacional para 515 euros. Como os leitores podem constatar, não é nada evidente que haja qualquer relação entre o nível salarial e o salário mínimo nacional. Tanto assim que Alemanha, Áustria, Chipre, Dinamarca, Finlândia, Itália e Suécia nem sequer têm salário mínimo nacional obrigatório.
Outro dado assaz significativo reside no facto de todos os países ex-socialistas, excepto a Eslováquia, terem salários mínimos obrigatórios muito inferiores ao português. Após quase 50 anos de socialismo real, não deixa de ser intrigante. Em que fundamentos se terá baseado Arménio Carlos para, numa altura de profunda crise e muito elevado desemprego, exigir um aumento do salário mínimo nacional?

Le Monde, Géo & Politique, 19/03/2012, página 3

Esta infografia mostra-nos os países da União Europeia com salário mínimo fixado por lei, por ordem decrescente e em função do respectivo nível de vida. Em último lugar dos países capitalistas + Eslovénia, Portugal está mesmo assim bem acima dos paises do leste europeu, agora integrados na UE.
Já sei! Já sei! Em Portugal o salário mínimo nacional é de 485 euros e não 566 como está indicado no mapa. Pois! Mas então faça o favor de multiplicar 566 x 12 = 6.792, que a dividir por 14 é = a 485€. Já percebeu agora? Nos outros países, os trabalhadores recebem apenas 12 salários anuais, mas em Portugal recebem 14. Quando têm emprego e o patrão paga, bem entendido.

4 comentários:

alexandre leal disse...

Caro Professor Rebelo

O salário mínimo em Portugal é uma miséria! Mas está ao nível do País e não destoa dos politicos , correias de transmissão,etc que vamos tendo.
Esta "jovem promessa" da CGTP não destoa. É bem mais vulgar e primário que o antecessor.

Cumprimentos

Leão_da_Estrela disse...

Apesar de entender a fixação de um salário mínimo (fazia sentido logo a seguir ao 25 de Abril), sempre me bati, nas organizações sindicais por onde andei, por que o salário fosse equivalente à competência e ao volume de trabalho que cada um produz. Fui "trucidado", claro!
Não deixo contudo de continuar a pensar deste modo: as promoções e os aumentos devem ser GANHOS!
O grave problema, é que se no sector privado isto é perfeitamente possível, qualquer empresário "com dois dedos de testa", compensará aqueles que o ajudam a consolidar a sua empresa ou negócio, no sector público a coisa fia mais fino! aqui a competência e o empenho são mandados às urtigas, em detrimento do favorecimento, do compadrio partidário, do amiguismo, etc. e percebe-se que os sindicatos defendam o que defendem, para garantir o mínimo de "justiça", ou o "do mal o menos".

Onde trabalho, amanhã, 22 de Março, é dia de receber; na conta dos trabalhadores do quadro (chamemos-lhe assim, porque agora não é bem isto), lá irá cair o vencimento de cada um, desde os 500 Euros exagerados, aos 2.000 curtos, e vice-versa, na perspectiva que atrás defendi da competência e produtividade. Mas há também aqueles que não são do quadro e que recebem em cheque: esses não são avaliados, são os avençados, que entram porque são amigos deste ou daquele e não porque são precisos e que até ao final do seu contrato irão sempre receber os seus 2.000, 2.500, 3.000 Euros mensais, sem que se cuide se produzem, se são competentes, ou o diabo a sete.
E isto é que irrita, principalmente porque à maior parte deles nem se põe a vista em cima, porque estão a trabalhar para os partidos.

Caro Alexandre Leal, embora esteja um pouco de acordo quanto a esta "jovem promessa", não defenderá certamente que por ser um rapaz da nossa idade (suponho que andará pelos cinquentas como eu), o homem não possa ser dirigente da CGTP. Que diabo, somos pessoas válidas ainda! creio que não será a idade o problema deste novo SG da CGTP, mas antes a postura, que quero crer será mais hortodoxa que a do anterior, que creio também não ser "vulgar", nem sequer "primário", como o apoda, antes foi alguém que conseguiu abrir a CGTP e apesar de tudo, libertá-la, ainda que menos que o desejável, da influência partidária dominante (como saberá, na CGTP estão "legalizadas" tendências socialista e cristã, que não são maioritárias "apenas" porque os sócios dos sindicatos não querem).

Será irrealista exigir aumentos de ordenado agora? não sei, confesso. O que eu sei é que a política de salários baixos, vai inevitavelmente conduzir o país à cova. A não ser que consigamos começar a engarrafar sol e exportá-lo, porque é ainda o pouco que nos resta...

alexandre leal disse...

Caro Leão da Estrela

Nao tem a ver com a idade.
O actual secretario geral da CGTP , segundo consta ,vai tornar a central sindical numa ainda mais nítida caixa de ressonancia do partido.Poderei estar a ser injusto mas julgo que nao.
E eu acho que o tempo do sindicalismo com esta matriz já passou.

Cumprimentos

Leão_da_Estrela disse...

Caro Alexandre, trate-me por Edmundo.

Gostava de saber a sua opinião acerca do último parágrafo que escrevi, a questão dos salários baixos...

E já agora, segundo consta, onde? ( estou a falar do Arménio Carlos, obviamente).

Sempre defendi um sindicalismo diferente do da CGTP, mais ao estilo inglês ou mesmo alemão, ou ainda canadiano, mas temos que admitir que o sindicalismo tem também a ver com as realidades dos vários países e em Portugal, convenhamos que também não é a UGT, que realisticamente não representa "ninguém", que faz um sindicalismo "de jeito", também, com o alapado do Proença...

Cumprimentos