PÚBLICO, 07/07/2012, página 15
DIÀRIO DE NOTÍCIAS, 07/0//2012, página 9
CORREIO DA MANHÃ, 07/07/2012, página
Agora assoberbados com os diplomas do Sócrates, do Relvas, do P.P. Coelho e do Seguro; mobilizados contra o memorando da troika; estrénues defensores do Serviço Nacional de Saúde; acérrimos adversários da supressão de freguesias, inimigos jurados da famigerada Lei dos compromissos, esperançados nos futuros milagres de Hollande em França, confiados no papel fundamental do estado como motor da economia; os jornalistas que temos tendem, como se demonstra, a esconder a floresta com as árvores que lhes convêm. Tendem a destacar ocorrências anódinas como se fossem o cerne das questões. Ignoram deliberadamente a envolvência. A realidade porém é teimosa. Vai-se impondo, contra tudo e contra todos. Como no caso supra ilustrado, cuja notícia mais detalhada é -imagine-se- do CORREIO DA MANHÃ, conhecido diário de referência para intelectuais. Ou estarei a ver mal?
Retomando a seriedade: Os diplomas dos senhores dirigentes, e a maneira como os obtiveram, serão, pelas suas implicações, mais importantes para a vida futura da generalidade dos portugueses do que o sector italiano da crise europeia, com o previsto desmantelamento de centenas de autarquias, o despedimento de pelo menos 200 mil funcionários e a redução de 20% de todos os vencimentos dos dirigentes?
Qual será então a causa da dita mania, que leva toda uma classe profissional não propriamente analfabeta, conquanto visivelmente mal formada, a privilegiar sempre os botões em detrimento das camisas e estas em vez de quem as veste e daquilo que efectivamente faz ou não, no quadro das tarefas que lhe foram entregues pelo voto? Em interrogações ainda mais simples: Sócrates foi líder do PS e primeiro-ministro porque era engenheiro? Deixou de ser uma coisa e outra por se ter apurado entretanto que tinha feito inglês técnico ao domingo?
Relvas é ministro adjunto e segunda figura do governo por ser licenciado? Passos Coelho vai demiti-lo por se saber agora que uma universidade privada, no estrito cumprimento da lei, lhe atribuiu uma série de equivalências? Não haverá aí muito recalcamento no universo da comunicação social? As licenciaturas, os mestrados, os doutoramentos, os mba e as post-graduações dos senhores jornalistas e comentadores terão sido todos obtidos sem mácula?
Pobre gente! Triste país!
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