quinta-feira, 26 de julho de 2012

Análise da imprensa local






N'O TEMPLÁRIO desta semana, dois textos mereceram a minha atenção, embora por uma questão de detalhe. Na página 7 MC refere que José Hermano Saraiva -esse portentoso comunicador- tendia por vezes a fantasiar factos históricos, para melhor chegar aos ouvintes. Posição praticamente unânime na comunicação social portuguesa, onde o formalismo é de rigor: o ensino tem de ser um bocadinho chato para ser bom, as licenciaturas têm de durar os anos oficialmente impostos, uma boa tese de doutoramento só com pelo menos mil e quinhentas páginas, mesmo se uma grande parte for apenas para encher. Herança de outros tempos. A Mensagem, de Fernando Pessoa, foi rejeitada num concurso do SPN. de António Ferro, porque só tinha 90 páginas e o mínimo imposto eram 125, se não erro...
Pois imagine-se que os tempos mudaram, mas não tanto assim, apesar de todos nós sermos por vezes algo imprecisos, sem disso nos darmos conta. Na página 12, João Godinho Granada, dissertando sobre a Ordem de Cristo e a Freguesia de Além da Ribeira, escreve a dado passo: "...até ao sétimo e último mestre, D. Lopo Dias de Sousa. Com a sua morte em 1420 vagava o mestrado e D. João I avocava a Ordem para o seu filho Henrique..."
A verdade histórica, ilustre conterrâneo João Granada, é contudo algo diferente, conforme pode confirmar nas imagens supra, da lápide sepulcral de D. Lopo Dias de Sousa, na Charola do Convento de Cristo. Ai se constata que o mestrado (que era vitalício) não vagou, pois o seu titular, oportunamente desterrado para Pombal, aí veio a falecer em 9 de Fevereiro de 1432. O que significa que D. João I o esbulhou do seu cargo, a favor do seu filho Henrique, violência posteriormente oficializada pelo Papa, que a Ordem nunca acatou totalmente. Tanto assim que o Infante D. Henrique, apesar das suas insistências nunca conseguiu ser mestre, apelidado sucessivamente de regedor, administrador e governador. Só o sucessor do sucessor do seu sucessor, o Duque de Beja, mais tarde D. Manuel I, acabou por ser eleito mestre, após complicadas negociações, graças às quais temos hoje a magnífica janela...

No CIDADE DE TOMAR, a enérgica e justa carta de António Cupertino Marques ao presidente Carrão, na página 2, é por assim dizer de leitura obrigatória para todos os eleitores tomarenses preocupados com a evidente agonia da nossa terra. Enumera uma série de chagas locais, bem conhecidas de todos, repreende e censura o presidente da edilidade de forma cordata e denota um voluntarismo de bom tom. Não tenhamos porém ilusões. O tempo em que era possível actuar guiado apenas pelo bom senso e pelo amor ao berço, já lá vai e não mais voltará. Agora, sem ideias originais e fecundas, sem projectos bem concatenados e sem programação prudente, atempada e realista, não conseguiremos saír da cepa torta. Por muito boa vontade que haja. As asneiras de António Paiva e do seu "Tomar 2015" aí estão, a mostrar que não basta fazer obras e atirar dinheiro para cima dos problemas, pois a realidade social é cada vez mais complexa e os seus vários componentes (família, educação, emprego, alojamento...) cada vez mais precários. E pouco ou nada adiantará protestar. Há que dar o corpo à curva e continuar a viagem rumo ao futuro, o único lugar para onde podemos ir. De livre vontade, arrastados ou empurrados.
Quem disponha de tempo e paciência para descodificar a cada vez mais patusca política local, sempre poderá ler  o longo texto, distribuído na recente conferência de imprensa dos IpT, na página 10. Tópicos principais: os IpT são gente séria, impoluta, imaculada, com ideias bem estruturadas; os outros são todos uns malandros, cheios de má-fé, ou ignorantes, o que ainda é pior; a relativa maioria PSD ainda está em funções porque  "Na prática a coligação PSD/PS mantém-se nos bastidores da CM Tomar". Entretanto a presidente do PS, Anabela Freitas, já veio declarar, na Rádio Hertz, que não é nada assim, e mais isto e mais aquilo.
Em linguagem corrente, pode-se dizer que começaram bem os jogos florais nabantinos, tendo em vista as autárquicas de 2013. Assim em forma de sucessivos jogos de ping-pong, como tem sido habitual. Pobre terra! Pobre gente!
A prosa já vai longa, de modo que apenas cabe recomendar a leitura de uma boa peça política, na página 27 d'O MIRANTE. Eis o título e respectivo encabeçamento, assim como se fora um aperitivo. Bom apetite. "Novo mapa das freguesias de Santarém aprovado com polémica. PSD substitui proposta na véspera da assembleia municipal, com mudanças substanciais e sem explicar critérios que levaram a essa escolha.

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