Em política, tal como na justiça, nada melhor do que citar os próprios arguidos:
"Constituem, assim, estes documentos, a globalidade das actividades que nos propomos desenvolver durante o ano de 2009, tendo sempre presentes os princípios de rigor, seriedade, transparência, competência e contenção.
Rigor, seriedade, transparência e competência, porque uma boa administração dos dinheiros públicos a isso obriga e têm sido estes os princípios orientadores desde que esta equipa de trabalho assumiu os destinos do concelho."
Município de Tomar - Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2009, página 3
"Pela primeira vez, o montante das despesas com o pessoal, incluindo salários e outros encargos, deixou de ser o mais elevado, passando tal posição a ser preenchida pela rubrica económica de Aquisição de Bens e Serviços (Aquisição de Serviços, mais de 7,5 milhões), a que não serão alheios a contratação de trabalho especializado, que o Município não pode prover pelos seus meios."
Município de Tomar - Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2009, página 15
Há nestes excertos do documento citado, já com quatro anos, três aspectos a salientar:
A - Evidente inadequação entre a adjectivação usada (rigor, seriedade, transparência, competência, contenção) e a triste realidade à vista dos eleitores tomarenses capazes de a entenderem;
B - Aquilo a que os psicólogos designam como lapso significativo, o qual consiste em escrever algo verdadeiro mas que se pretende esconder. Como na frase "a que não serão alheios (plural) a contratação de trabalho especializado (singular). O resto terá ficado na mente do redactor, por motivos que se adivinham sem grande dificuldade.
C - Pela primeira vez, diz o referido documento, os recursos usados para contratar bens e serviços ultrapassaram as despesas com pessoal. Justificação: "trabalho especializado, que o município não pode prover pelos seus meios."
Temos assim que uma autarquia com 525 funcionários (números redondos) não dispõe de trabalhadores especializados para as suas necessidades. É uma situação simultaneamente insólita e dramática.
Insólita pois desencadeia logo a inevitável pergunta: Se não há especialistas, para que serve tanto pessoal?
Dramática, visto que 525 funcionários em Tomar, com 38.070 eleitores = 1 funcionário para cada 73 eleitores. Comparativamente, o Município de Leiria, 112.000 eleitores apenas emprega 687 funcionários = 1 funcionário para 162 eleitores.
Perante estes dados, confrontados com a cada vez pior qualidade de vida, com a inacção dos membros do executivo, com taxas exorbitantes e com os cada vez mais longos e poderosos tentáculos do polvo burocrático nabantino, os tomarenses continuam calados e calmos?
Esperem pela pancada! Vai ser bonito vai!!!
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