quinta-feira, 5 de julho de 2012

Na imprensa da região




Uma vez que já se destacou nos dois textos anteriores o caso da freguesia de Casal dos Bernardos, desenvolvido n'O MIRANTE e no JORNAL DE LEIRIA, resta-nos a imprensa tomarense saída hoje. Afastando as ocorrências diversas, que não merecem análise, impõe-se a manchete de ambos os semanários.
Gato escaldado de água fria tem medo. Procurando escrever em "tomarês", o único linguajar entendido pelos indígenas nabantinos, e mesmo assim nem sempre ou por todos, começa-se com um esclarecimento prévio.
Na crítica seguinte não estão em causa -nem podiam estar respeitando  verdade-, a dedicação, a honestidade, o tomarensismo, o empenho, o brio e a coragem de João Victal e de todos aqueles que compõem a sua vasta e experiente equipa de trabalho. É meu sentimento que, qualquer que possa vir a ser o futuro modelo estrutural da Festa Grande de Tomar, o mordomo e o seu grupo serão sempre o garante da tradição, da genuinidade, da honestidade, do empenho, do brio e da união dos tomarenses. Dito isto, que não é pouco, entremos no âmago da questão.
Tendo em conta as novas condições orçamentais da autarquia e dos eleitores, dois tópicos apoquentam ou deviam apoquentar os nabantinos, no que concerne à Festa dos Tabuleiros: a sua periodicidade e o seu financiamento. Em relação ao primeiro, é ponto assente entre os profissionais de turismo e de eventos que qualquer realização não anual está condenada à partida enquanto grande atracção. O que se compreende. Nenhum operador vai gastar tempo e dinheiro a elaborar e publicitar um ou vários pacotes, que depois só voltarão a poder ser comercializados daí a quatro anos. Imagine o leitor que estávamos a falar de cerejas, ou da final da primeira liga...
Quanto ao financiamento, as próprias notícias dos dois semanários e das rádios locais não se pode dizer que ajudem a esclarecer o pagode. Uns falam de um lucro de 16 mil euros, outros de 36 mil. Apenas porque, num caso se incluem 20 mil euros, prometidos mas ainda não pagos pela autarquia, e no outro não.
Detalhando um pouco, tipo contas de merceeiro, para não alongar, a edição de 2011 teve um custo total de 416.438, 37 € = 83 mil e duzentos contos Uma pechincha!. Pela banda das receitas, aparecem 432.759,51 € Acontece porém que algumas das somas apontadas como receitas, conquanto seja contabilisticamente correcto o critério adoptado, não constituem propriamente entradas de valor acrescentado, de riqueza gerada. É o caso, grosso modo, do saldo da festa de 2007, da angariação de fundos, dos subsídios da autarquia e do subsídio do Fundo de turismo. O que perfaz um total de 203.116 €, = 40 mil e seiscentos contos,  obtidos por meios legais, mas doravante condenados. Se os técnicos da UE estão certos, a actual crise vai continuar a agravar-se e persistirá pelo menos até ao final da década. Nessas condições, acham que os tomarenses vão continuar a dar o pau e a costas, a fazer a festa e a financiá-la com os seus donativos e impostos, em nome do respeito por uma tradição dos tempos das vacas gordas e baratas, quando até o papel era fabricado em Tomar? Não será melhor mudar de aplicação quanto antes?
Está à vista de todos que o tempo não espera por nós. Se nos atrasarmos outra vez, pagaremos as favas com língua de palmo. Aqui fica exarado para memória futura.

2 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Realço dois pontos em que concordo com o Dr. Rebelo:

-Periocidade da Festa Grande
Se a memória não me falha, era jovem, e havia no distrito disputa pela organização da festa, para a realizarem anualmente.Muita aspetos da sua organização teriam que ser revistos. Poderiam não comparecer 300 000 pessoas, talvez 150 000/200 000, mas responderia ao segundo ponto.

-A rentabilidade económica da Festa. Uma festa como a dos Tabuleiros, marca firmada, haveria de dar um chorudo saldo positivo. Disso não tenho dúvidas.
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Sobre a análise da imprensa, julgo oportuno realçar esta passagem de um artigo d"O Templário" sobre a reorganização das freguesias:

"Perante a apatia da Câmara, da Assembleia Municipal e das freguesias em relação à chamada "lei Relvas", tudo se encaminha para que o assunto seja resolvido por decisão administrativa". Eu acrescentaria: e dos autarcas e dos partidos locais. É confrangedora a abordagem meramente administrativa/birocrática.

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada"

Controvérsia política sem umas bátegas de humor é uma seca. Por isso, a propósito da "lei Relvas", cito aqui um pensamento do Senhor Jumento.blogspot.com, que considero Catedrático em Veterinária:

"Aliás, as universidades portuguesas já esperam uma verdadeira invasão, não apenas de ministros mas de todos os portugueses que tenham habilitações profissionais idênticas às de Miguel Relvas. Assim, por exemplo, quem tenha o costume de levar o cão à rua poderá candidatar-se a uma licenciatura em veterinária, quem tenha o hábito de ler jornais terá direito a uma licenciatura em comunicação social, os que costumam assistir aos boletim meteorológicos poderá requisitar a equivalência a um curso em geografia." - Blog Jumento.