Alguns leitores intuiram logo do que se tratava, ao lerem sobre a nova tragédia siciliana. Foi o caso do caro amigo Leão da Estrela, de resto bem documentado no seu comentário. Outros, porém, fingiram não entender, ou não perceberam mesmo, o que resulta em situação praticamente idêntica.
Para além da óbvia analogia com a situação madeirense, a crise do sul italiano mostra igualmente a evidente inadequação entre determinadas vivências regionais e as exigências da actual globalização. É claro que, vindo ao mundo num território que tem por capital Palermo, todos os sicilianos pura cepa são outrossim palermitas por nascimento. Já os tomarenses, por exemplo, quando são palermas ou mesmo palermitas, é por deformação, que nada tem a ver com o berço. Eis porque, mesmo sem termos capital em Palermo, estamos como estamos e vamos para onde vamos.
A menos que, após quase 40 anos de democracia, consigam compreender finalmente o alcance daquilo que escreveu Marx: "Várias escolas filosóficas têm explicado a sociedade em que vivemos. Agora trata-se de a mudar." Mas é pouco provável. Por estas bandas, até está anunciado para o final de Setembro um pomposo Congresso de Tomar, durante o qual, se bem entendi, os seus participantes procurarão descrever a actual crise e apresentar diversas hipóteses de solução para a mesma. Sucede que, como diria qualquer marxista, a crise está explicada, trata-se agora de a ultrapassar. Pela positiva, bem entendido. O problema, contudo, é que mesmo com projectos arrojados, que decerto não deixarão de surgir no referido palco, não iremos a lado algum, caso antes não tenham sido criadas condições para a sua implementação. Algo semelhante ao que acontece na agricultura. Não adianta semear ou plantar em solos que não contenham os indispensáveis nutrientes.
Procurando ser menos perifrástico: Se desde há pelo menos 25 anos Tomar vem definhando a ritmo cada vez mais acentuado, será porque factores vários a isso conduzem. Que factores são esses? A meu ver, A - Excessos burocráticos, B - custos excessivos, C - PDM aberrante. Logo, para conseguir condições atractivas para residentes e eventuais investidores, três medidas são indispensáveis, prioritárias e urgentes: Suspensão ou revogação imediata do PDM; Redução drástica dos prazos e das taxas locais, bem como a supressão da derrama; Optimização dos recursos humanos da autarquia, tendo em conta a nova envolvência.
Não é fácil nem popular? Quiçá! Mas sem isso nada feito. E os eventos para debater a situação local não passarão afinal de conjuntos de guitarras a tocar atrás do enterro da cidade e do concelho... Oxalá esteja enganado!
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