sábado, 28 de julho de 2012

O FUTURO É O NOSSO DESTINO

Jornal i, 27/07/2012, página 25



Estamos quase em Agosto, a crise não amaina, o dinheiro é cada vez menos, os dias estão cada vez mais quentes e a TV despeja cada vez mais publicidade às cervejas e outros "refrescantes". Em desespero de causa, os arautos de uma certa esquerda, ocos em matéria de propostas sérias, descobriram uma luz ao fundo do túnel. Tentando emporcalhar Relvas, pode ser que ele saia agoniado do governo; se sair, PP Coelho não se vai aguentar; se não se aguentar, o governo cai; com eleições vamos ter outro governo; com outro governo acaba logo a crise, as vacas gordas, agora obesas, regressam logo a galope, o desemprego volta aos 6% e a  administração pública admite logo nos seus quadros mais 100 ou 200 mil funcionários, com promoções automáticas e emprego para toda a vida laboral. 
Santa ignorância, que se calhar nem acesso dará ao Reino dos Céus, uma vez que é só a fingir e por conveniência.
Entretanto continua a haver cidadãos conscientes e realistas, que nunca esquecem um elemento básico inalterável: O futuro é o nosso destino, quer queiramos, quer não. Temos portanto de o preparar. Segundo o jornal i de ontem, Portugal tenciona apostar no "Turismo de saúde", tendo o respectivo ministro, Paulo Macedo, declarado já que "um dos objectivos do governo é internacionalizar a saúde".
Ora aí está a grande oportunidade para Tomar (mais uma!). Oxalá a saibamos aproveitar! Isto porque quem fala de "turismo de saúde" está a referir turismo + residência, tal como acontece na Flórida, em Cuba, na Jordânia (Mar Morto), na Roménia, na Polónia ou em Malta. E neste cluster Tomar é incontornável, pois dispõe de património construído, património natural, património etnográfico, e hospital moderno, amplo e bem equipado, como nenhuma outra cidade da zona, excepto Coimbra e Leiria.
Não adianta vir com bairrismos serôdios, que em matéria de turismo os grandes guias internacionais são como o algodão do anúncio -não enganam. As ilustrações acima mostram dois exemplos: o Guia Michelin, uma das bíblias do ramo e o Routard, que sob a designação castelhana Trotamundos é vendido emEspanha e em toda a América Latina. Há também os guias ingleses, tipo American Express ou Lonely Planet (que não tenho aqui à mão), mas todos concordam num ponto: Na zona centro do país Alcobaça, Batalha, Fátima, Tomar e Coimbra são incontornáveis. Abrantes, Santarém e Torres Novas nem sequer constam das descrições.
Estamos assim face a uma monumental avenida que conduzirá ao reflorescimento tomarense, caso a saibamos e ousemos percorrer atempadamente. Em vez das requentadas reivindicações ouvidas até agora, que vão do "direito à saúde" ao "esvaziamento do hospital", passando pela suspensão imediata do processo e o regresso das valências (como se isso fosse possível ou desejável!), não será melhor mudar de agulha?
Tomar tem direito a um grande hospital, com bons médicos, variadas valências e muita qualidade, no âmbito do cluster "turismo de saúde", pois os turistas não vão, não passam nem residem em Abrantes, Santarém ou Torres Novas, mas nesta terra gualdina. E como difusores dos nossos recursos, a imagem da saúde que propagarão nos seus países será a que lhes tiver sido proporcionada. Assistência capaz em Tomar? Ou ambulância para Abrantes e Torres Novas? Em que outro país europeu os turistas potenciais doentes passam o inverno numa cidade, mas os grandes hospitais bem apetrechados estão noutras, sem turistas nem recursos para os atrair?
Que tal uma revisão/actualização da "reforma Correia de Campos", tendo em conta as novas opções governamentais, à cabeça das quais o cluster "turismo de saúde"? Em Tomar, psiquiatria já temos e bastante falta faz...

3 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Clusters da saúde... - Valha-lhes Deus ("se é que eles existem")!

Numa movimentação política genial do anterior Primeiro Ministro para enfrentar uma crise provocada pelos modernos corsários, José Sócrates conseguiu, com o seu prestígio e dimensões novas de modernização de Portugal, uma solução que em nada nos envergonharia - O PEC IV (por extenso, para se perceber melhor: O PEQUE QUATRO!). Bem ao contrário: o contrato que firmou com os nossos parceiros da UE, sem nos subtrair a grandes dificuldades, é certo, não interromperia drasticamente o promissor caminho que estávamos a trilhar na fuga a um fado de séculos; teríamos hoje, nesta crise, que desde início se mostrou ser sistémica e internacional, uma situação privilegiada. Privilegiada sim! E não há fantasias, nem "clusters da saúde", que apaguem o crime que foi cometido contra os portugueses e Portugal no derrube, naquele momento, do melhor Primeiro Ministro que Portugal algum dia teve, e com ele ministros de grande gabarito, como, por ex., Mariano Gago, Maria Lurdes Rodrigues, Isabel Alçada, Luís Amado, Manuel Pinho, Vieira da Silva (com a reforma seg. social), Teixeira dos Santos (o que quis pôr freios ao Soba da Madeira), Silva Pereira e alguns excelentes secretários de Estado. Não conseguirão, mesmo que supostamente consigam saltar por cima das suas próprias cabeças(1), iludir esta realidade. Perdemos, além disso, a dignidade. E há culpados! E os que agora, obstinadamente, entrincheirados nas barricadas da traição,se expressam com teorias e soluções demagógicas, procurando esconder a história, dão uma miserável ideia de si mesmos. A esses "os-que-agora...", só lhes resta o cinismo e a assunção da traição perpetrada nos últimos anos, quase todos uns sem-vergonha, que ousam ter afigurações.... - os clusters da saúde é negócio de corsos, como todos os negócios desta camarilha que nos governa.

Portugal está de novo entregue à diplomacia estrangeira corsária, por culpa dos mesmos.

P.S.: A frase "saltar por cima da própria cabeça", proferida em contexto de luta política, e que repito muitas vezes, não é de minha autoria. Ela foi dita pelo Dr. Arnaldo Matos, do PCTP/MRPP, era então primeiro ministro Vasco Gonçalves, em reação ao célebre comício deste na Lisnave: "VGonçalves tenta saltar por cima da sua própria cabeça"; como é sabido, não o conseguiu e estatelou-se, e com ele os aventureiros da altura um pouco mais tarde, quando o mesmo Arnaldo de Matos escreveu num jornal: "O golpe contra a democracia está por um cabelo!", uns dias antes do 25 de Novembro de 1975. Se repararmos bem, podemos nestes dias vislumbrar algumas analogias com aqueles momentos do chamado PREC.

Porque há quem tente saltar por cima da sua própria cabeça e também porque a democracia está por um cabelo - o golpe está em marcha. Mas desta vez o PS não é o PS de então. O seu Secretário Geral e sua entourage é consubstancial à camarilha do governo que, com o PCP, iniciou a golpada em desenvolvimento, tendo até dado uma ajuda por omissão. Essa é que é essa!

Digo eu.

Anónimo disse...

Meu caro Templário:

Obrigado pelo teu comentário. Aprecio-a devidamente, mas julgo ser inútil e irrealista a tua fidelidade canina a José Sócrates, agora simples cadáver político, sem esperança de ressurreição
Porque será que não te entra na cabeça que o homem não passou de um malabarista, ainda por cima mal intencionado? Não é a hora nem o local para aprofundar a questão. Deixa-me no entanto esclarecer-te que os famosos PEC I, II, III e IV mais não eram que embustes políticos, em vez de documentos económicos. A começar no próprio título: Planos de Estabilidade e Crescimento: Que estabilidade? A de um governo às aranhas e às apanhas? Que crescimento? O da dívida e dos respectivos juros?
Os partidos de esquerda, meu caro Fernando, são formações cujo fundo ideológico estipula a distribuição de riqueza pelos mais desfavorecidos. O problema é que deixou de haver riqueza para distribuir e Sócrates caiu na tentação de funcionar com riqueza obtida a crédito, que agora vamos ter de pagar com língua de palmo. Percebeste agora?

Cordialmente,

Unknown disse...

"José socrates sem esperança de ressureição"
- Não sei, não. O povo português de tanto queijo que come a juntar ao seu algo grau de inteligência, mesmo depois do que está a sofrer com a brutal carga de impostos para se pagar as loucuras do Sócrates, palpita-me que em 2015 se lá chegarmos, votará novamente PS. Vai um aposta!?lol