quarta-feira, 4 de julho de 2012

Após o foguetório...


Eu bem avisei a tempo e a horas. A situação em França infelizmente não era nada como os socialistas a pintavam durante a campanha de François Hollande. Esforço vão. Só não equivaleu a falar para as paredes porque alguns aproveitaram para me insultar. Reaças, vendido aos liberais, lacaio do Relvas e por aí fora. O costume com os toscos políticos nabantinos que temos. Que ainda por cima se julgam o supra-sumo da clarividência.
Vai-se a ver, concluída vitoriosamente a campanha eleitoral, os socialistas gauleses não tardaram descer à terra. O insuspeito "Le Monde" é bastante esclarecedor: "França: viragem para a austeridade. "Há que encontrar 33 mil milhões de euros". Congelamento inevitável dos vencimentos da função pública. Aumento de impostos. Novos escalões de 45% para rendimentos superiores a 500 mil euros e de 75% para os superiores a um milhão e meio. Começou a fuga de capitais para a Suiça." Os tomarenses é que continuam a sonhar acordados. À espera de um salvador, qualquer que seja o seu nome.
Afinal, quem é que estava enganado? É muito bonito apregoar alvoradas de glória para as classes trabalhadoras, mas impossível fazer omeletes sem partir ovos...
A austeridade vai continuar, a crise vai agravar-se, os sacrifícios vão aumentar. Até que pelo menos uma maioria se convença de que é impossível viver acima dos recursos disponíveis durante muito tempo. Ninguém consegue dar um passo maior que a perna, nem obrar acima do nível do respectivo.

PS: Curiosa a campanha de massas, decretada pelo Comité Central do PCP, numa altura em que o primeiro-ministro de Chipre, que é comunista, acaba de solicitar o auxílio da troika. Constata-se assim que nem um governo comunista consegue evitar a crise nem a subsequente austeridade.

2 comentários:

Leão_da_Estrela disse...

Professor,

Isso é má fé!
Como poderia o Chipre, um quase micro-país, passar pelos buracos da chuva da crise, seja o governo de que banda for?
Julgava-o mais intelectualmente honesto, peço desculpa.

Não me dá conforto nenhum, saber que um tomarense que se disponibiliza para gerir os destinos do concelho, apesar dos pesares, entende que a crise é uma fatalidade e nada se deve fazer contra ela. Será que uma vez eleito, a acomodação não seria o modus operandi, com a desculpa da besta?

Vejo que folga e concorda com a política da sr.ª Merkl e com o lucro imenso que os bancos alemães estão a ter com esta situação. Sabe que neste momento se paga para depositar a prazo nos bancos alemães, que as grandes fortunas estão a emigrar para depósitos em bancos alemães, as portuguesas incluídas? será deste modo que se combate a crise? achará certamente que sim!
Ou o meu caro acha que a culpa de se ter dado o passo maior que a perna ou ter defecado mais alto que o sim senhor, é só culpa de quem agora está aflito? os negócios dos submarinos para Portugal e Grécia, fornecidos pela Alemanha, sabendo como estavam já as economias, não é criminoso? ignorar todos os alertas dos gregos, desde 2004 (apesar da beatificação das contas), para a situação complexa, não foi criminoso? ainda por cima financiando os JOlímpicos, "operação" de gigante para a Siemens? alemã, pois então...
E fazer de Portugal um "case study" do movimento ultra-liberal, com todas as consequências nefastas que se viram e se imaginam, não é criminoso?
Vem-me agora com Chipre e os comunistas...Se nem a França, como diz, resiste a isto e representa quase 20% do PIB da zona Euro, como pode o Chipre e o seu governo comunista, ou socialista, ou social-democrata ou democrata-cristão, ou que quer que seja, resistir? mas se calhar seria bom ir ler alguma coisa sobre o que os cipriotas estão a fazer para sobreviver à coisa; seria interessante.

Francamente!

Ctos

Unknown disse...

Não me condene por aquilo que não escrevi. Quanto à crise, o que entendi e pretendo vincar é a inadiável necessidade de procurar saídas para ela, em vez de recorrer por sistema a expedientes de mau pagador. Amalgamar negociatas, bancos, submarinos fraudes e quejandos com a dívida portuguesa, tanto pública como privada, isso sim é iludir-se; é usar de má-fé; é tentar contornar uma situação incontornável com argumentação falaciosa.
Quanto ao governo comunista de Chipre, de resto tão legítimo como qualquer outro, posto que resultante de eleições livres à europeia, apenas tive a intenção de suscitar o debate, pois sei muito bem tratar-se de uma economia minorca no seio da UE.
Aproveito para esclarecer um terceiro ponto: a minha disponibilidade para servir os tomarenses. Trata-se apenas de cumprir um inalienável dever de cidadania, esperando que encontrem outros candidatos, de forma a não precisarem de mim. Se ainda assim tiver de submeter-me ao sufrágio popular e conseguir ganhar, pode estar certo que poderei ser tudo menos desonesto,hipócrita ou acomodado. Posso até acrescentar que me considero o único em condições de "fazer sangue" ao implementar as reformas autárquicas indispensáveis, pois não preciso da política para ganhar o pão de cada dia, nem para nela fazer carreira.
Uma palavra final sobre a sra. Merkel. Acredite que me limito a reconhecer que nas circunstâncias actuais está cheia de razão. Custa muito, mas que outra atitude tomar? Mentir a mim próprio?