Como os leitores puderam tomar conhecimento em tempo oportuno, há meses que implicitamente aguardava este momento. Mais precisamente desde a altura em que aqui avancei que a solução mais conveniente para os tomarenses era a demissão do actual executivo, logo seguida de eleições intercalares. Infelizmente, tal não aconteceu. Essencialmente devido ao facto de os eleitos que temos considerarem dois factos que estão por demonstrar: A - Basta ir aguentando o barco e recebendo as respectivas retribuições, que o tempo fará o resto; B - Os eleitores punem sempre quem provoca eleições antecipadas.
Com tal hipotética cobertura ideológica, vivemos há pelo menos seis meses desgovernados por uma autarquia que não faz nem deixa fazer. Um peso morto que só complica. Até que -FINALMENTE!!!- acossado pelas medidas de austeridade e a braços com a situação que ele próprio foi criando, Carlos Carrão se viu forçado a desabafar, ousando dizer o que lhe vai na alma. Em recentes declarações à Rádio Hertz, que podem ser lidas clicando aqui, disparou forte: "Alguma coisa tem de ser feita, sob pena de fecharmos a porta e irmos todos embora."
Apela depois implicitamente a Miguel Relvas, na sua dupla camisola de presidente da AM e de membro influente do governo, acusando-o de não conseguir desempenhar cabalmente as suas múltiplas tarefas. E remata com uma interrogação tipicamente jardinista: "Onde está a autonomia do poder local?" Noutros termos, em tomarês corrente: Ou o governo ajuda o município que agora lidero, aliviando-lhe um pouco o garrote da austeridade, ou eu provoco uma desgraça política.
É claro que Carrão nunca fará semelhante coisa. Falta-lhe coragem política e sobretudo estatuto dentro do PSD. O que nos vai obrigar a arcar com o actual executivo-trambolho até Outubro do ano que vem. Uma verdadeira desgraça para o concelho, pois vão ser mais 15 meses perdidos. Numa conjuntura cada vez mais difícil. Por isso me vejo forçado a ser um pouco mais cruel que o habitual, respondendo taco-a-taco ao ilustre autarca. "Onde está a autonomia do poder local?!" -No fundo do abismo financeiro para onde a arrastaram as megalomanias dos autarcas. "Alguma coisa tem de ser feita, sob pena de fecharmos a porta e irmos todos embora." -Estão à espera de quê? Há cada vez mais eleitores a pensar que já deviam ter ido há muito tempo.
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