Está na moda, ou melhor dizendo, continua a ser moda em Tomar, qualificar de "bota-abaixo" qualquer informação que não convenha. Acrescentam até os visados -com ar de profundos conhecedores da matéria- que há crítica construtiva e crítica bota-abaixo. O que é falso e parte de um erro de análise. É falso, porque uma mesma crítica -qualquer que seja o seu estilo- pode ser construtiva ou bota-abaixo, consoante o posicionamento de cada leitor. Depois, porque convém evitar sempre esse comum erro analítico que consiste em confundir informação com crítica e vice-versa, uma vez que a informação é sempre um relato e a crítica uma opinião, fundamentada ou não. Aquela tem como referente uma realidade vista por alguém que a descreve. Esta resulta unicamente do pensamento de quem escreve. Embora possa ter como ponto de partida factos concretos, não os descreve, interpreta-os e adjectiva-os à sua maneira.
O que segue não é uma crítica. Apenas informação trabalhada. Que procura sobretudo facilitar a vida aos leitores que detestam ser vítimas da constante enxurrada informativa, quantas vezes com o simples intuito de induzir em erro os potenciais destinatários, sabido como é que, tal como o excesso de impostos mata o imposto, o excesso de informação afoga a informação, para quem não tem tempo, paciência e capacidade para "desmatar a selva informativa".
A imprensa de hoje publica a listagem informática das colocações da primeira fase de candidatura ao ensino superior. São quatro páginas densas, onde cada interessado vai procurar unicamente a parte que lhe interessa. Foi o que resolvi fazer:
A partir destas ilustrações, resulta que:
VAGAS COLOCADOS % COLOCAÇÔES
C. BRANCO 754 299 36,65%
LEIRIA 1.911 1.187 62,11%
PORTALEGRE 538 136 25,27%
SANTARÉM 810 364 44,93%
TOMAR 580 163 28,10%
Mais atrapalhado que Tomar, só PORTALEGRE. Lá muito em cima, LEIRIA. Poder-se-à alegar que da lista só Tomar não é capital de distrito. É verdade.
Mas Caldas da Rainha e Peniche também não são capitais de distrito, o que não as impede de apresentarem respectivamente 330/304/92,12% e 345/222/64,34% (Ver Politécnico de Leiria).
Parafraseando aquele velho comunista, já bem causticado pela vida e cansado de tanta bandalheira: "Não será antes da qualidade, camaradas?!"
ADENDA
Graças à amabilidade de um leitor, constatei que afinal a situação do Politécnico de Tomar não é apenas problemática; é péssima. O IPT obtém a mais baixa percentagem de colocações a nível nacional. Eis as percentagens oficiais da primeira fase:
ADENDA 2
A discrepância entre as percentagens obtidas por Tomar a dianteira e as do Ministério da Educação resulta da diferença entre as respectivas bases de cálculo. Para Tomar a dianteira, os dados publicados na listagem difundida pela imprensa: total de colocados x 100 a dividir por total de vagas. Para o ministério, as mesmas operações mas com colocados em primeira opção e colocados em segunda opção.
ADENDA
Graças à amabilidade de um leitor, constatei que afinal a situação do Politécnico de Tomar não é apenas problemática; é péssima. O IPT obtém a mais baixa percentagem de colocações a nível nacional. Eis as percentagens oficiais da primeira fase:
I.P. Castelo Branco................. 51%
I.P. Leiria............................... 60%
I.P. Portalegre........................ 33%
I.P. Santarém......................... 44%
I.P. Tomar...............................27%
Mais comentários para quê? Estamos em Tomar e está tudo dito.
ADENDA 2
A discrepância entre as percentagens obtidas por Tomar a dianteira e as do Ministério da Educação resulta da diferença entre as respectivas bases de cálculo. Para Tomar a dianteira, os dados publicados na listagem difundida pela imprensa: total de colocados x 100 a dividir por total de vagas. Para o ministério, as mesmas operações mas com colocados em primeira opção e colocados em segunda opção.
4 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Cuidado com posts como este Rebelo! Anda aí pelo nosso País uma matilha esfomeada, tão esfomeada que só consegue atirar-se aos mais fracos...
O teu artigo não é uma crítica declarada. É outra coisa: objetivamente, um bota-abaixo! Quisera eu, e os tomarenses em geral, que esteja enganado, e que seja, afinal, um alerta. Mas para um alerta, há outro estilo para o fazer, como tu tão bem deves saber. E um certo sentimento bairrista, sem exacerbação, não fica mal a ninguém. E tu tem-lo - mas demasiadamente idealista, perfeccionista -platónico digamos. Em boa verdade, radicalista!
Porque é precisamente por Tomar estar a viver uma fase má, que o IPT mais deve ser defendido e preservado como a menina dos olhos do concelho. Se a sua interação com a vida económica e cultural do concelho não vai bem, é coisa que não sei. Mas é coisa que deve ser debatida com os olhos no futuro, de forma construtiva, como uma pérola a não perder.
Aplicaste a dois concelhos sinais "divisos" a cor vermelha; concelhos esses, que sofreram nas últimos décadas forte decadência, e cujas causas não são, nem de longe nem de perto, apenas internas. Um exemplo: tive a honra de ter sido empregado das Fábricas Mendes Godinho, na secção exportação, ainda antes de Abril 74, e já se sentia a crise dessa extraordinária empresa de ponta, em Portugal, nessa altura. O mesmo acontecia com a da Fiação e as da indústria papeleira. Poderás querer deixar subentendido que políticos dos outros concelhos manejaram bem os cordelinhos de ligação ao poder central, como o fez o General Fernando Oliveira no passado, e que os de Tomar têm sido uns anjinhos.... Até pode ser que tenhas razão. Mas mete na cabeça que não foi só por isso. Podes saber muito mais coisas do que se passa agora na região do que eu, mas não relativamente ao passado, e do presente ainda sei muito e cada vez sei mais... Até me lembro de um nega que o então Fundo de Fomento salazarista deu a um grande projeto do Dr. João M. Godinho, que incluía um cais no Tejo em Lisboa. Fala aí com quem deve saber disto bem melhor que eu, para memória futura...
E sei (custa-me..., mas tens de levar com esta!)que apregoas a importância de Tomar ter agora no governo um "Tomarense do coração", que devia ser aproveitado pelos tomarenses de boa vontade...; só que, no teu idealismo e radicalismo, escondes que é esse mesmo "tomarense..." que liquidou, com o seu carreirismo ruinoso triunfante, todas as possibilidades de uma boa governação de Tomar. Esse entra na tua "Pirâmide" idealista e radical para salvação de Tomar, mas bem vistas as coisas.... Estou a falar verdade ou estou a falar mentira?
Não vivo aí, nunca mais aí viverei (nunca se deve dizer nunca...), mas sei, por experiência, o quanto tinha sido bom para Tomar, se na altura existisse já o IPT. Talvez muita coisa má não tivesse acontecido: talvez eu vivesse ainda nessa terra linda.
Isto é apenas uma conversinha como se estivéssemos a tomar café no Sta. Iria.
Não te esqueças: na próxima és tu a pagar o cafezinho....
Pois... com todo o gosto. Mas olha que quanto ao IPT tenho a ideia que infelizmente já lá não vai com falinhas mansas, paninhos quentes ou boas intenções. Tal como a autarquia, transformou-se ao longo dos anos em asilo de funcionários, geralmente bem pagos mas nem todos minimamente competentes. Urge por isso, digo eu, ter a coragem de reformar profundamente ambas as instituições quanto antes. Sem o que, Tomar já foi!
Em aditamento ao comentário anterior, só mais uma frase, que afinal explica tudo: Tomar não pode continuar durante muito mais tempo a suportar a presente república de sanguessugas.
Boa noite, venho apelar a todos os munícipes que dispensem dois minutos para preencher este questionário.
https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGVwaXlGWGt0VEE0V3p2YVdaczRKTlE6MQ
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