Os quadros acima são do EL PAÍS de ontem. No da esquerda podemos ver que o custo da dívida pública portuguesa é actualmente o terceiro mais elevado da Europa, apenas superado pelo Hungria (que não faz parte da zona euro), pela Grécia e pela Irlanda. A agravar ainda mais a situação, a coluna da direita indica que, nos últimos 90 dias, só o custo da dívida grega, quando comparado com a alemã, aumentou mais do que o da portuguesa (190 pontos percentuais, contra 88).
O quadro da direita fornece-nos outra indicação ainda mais preocupante para Portugal. A nível mundial, o custo do seguro contra a eventual insolvência portuguesa (ou seja o seguro de garantia do pagamento atempado da dívida pública), coloca antes de nós apenas a Argentina (que já entrou uma vez em bancarrota), e a Grécia. É uma vergonha ? Pois é. Será só por termos um primeiro-ministro Sócrates (nome grego) que nem com um ministro das finanças Santos consegue milagres ? Não acredito !
Ainda no referido e prestigiado diário espanhol, o correspondente em Lisboa mostra que não tem papas na língua nem teias de aranha na cabeça. Assim fossem os jornalistas portugueses.
"O primeiro-ministro José Sócrates convocou a imprensa estrangeira (coisa nada comum), e acusou as agências de "rating" de exagero, assegurando que Portugal avança no caminho da recuperação económica. Por sua vez, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva (adversário político de Sócrates), nega qualquer pertinência às comparações entre Portugal e a Grécia, enquanto o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, afirma que Portugal está a ser vítima do espírito predador dos mercados.
Para além das declarações tranquilizadoras ou dos prognósticos catastrofistas, os dados são inquestionáveis. No início de 2009, o governo previa um défice de 3,9 do PIB, mas no final do ano o mesmo défice chegou aos 9,3%. Perante as pressões internacionais para pôr em ordem as contas públicas, o governo prometeu reduzir o défice pra 8,3 % este ano, assegurando ao mesmo tempo estar em condições de cumprir o objectivo, imposto pela UE, de um défice inferior a 3% em 2013.
Em vésperas do início do debate sobre o orçamento para 2010, os juros que exigem os investidores para financiar o estado português subiram muito consideravelmente, afundando a Bolsa de Lisboa, que registou uma queda de 4,8 %, a mais acentuada desde a falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.
As medidas de contenção que o governo apresentará em Bruxelas, antes do fim do mês, mas já com algum atraso, integradas no Pacto de Estabilidade e Crescimento, compreendem o congelamento dos vencimentos da função pública (que já provocou as primeiras manifestações de rua), a suspensão de projectos de obras públicas, a revisão de algumas concessões rodoviárias, a redução do orçamento da maior parte dos ministérios, bem como maior rigor e controlo das despesas públicas.
O esforço governamental para transmitir uma imagem de contenção sofreu entretanto um considerável revés na passada sexta-feira, quando toda a oposição aprovou no parlamento a reforma da Lei das Finanças Regionais, que aumenta o limite de endividamento da Madeira e dos Açores. A controvérsia está longe de encerrada, devendo agravar-se de novo e assumindo aspectos de crise política eminente, durante o debate do orçamento."
Francesc Relea, El País, Lisboa
Tradução e adaptação de António Rebelo
Enquanto isto, em Tomar, alheia aos problemas nacionais, a actual maioria autárquica 3+2 prepara-se para aprovar um orçamento global de 61 milhões de euros, superior em mais de 10% ao do ano passado, cujo anexo Grandes Opções do Plano não engloba qualquer proposta nova, nem para gerar receitas, nem para reduzir despesas. É o que se chama governar num aparente mar de rosas. Até quando ?
O quadro da direita fornece-nos outra indicação ainda mais preocupante para Portugal. A nível mundial, o custo do seguro contra a eventual insolvência portuguesa (ou seja o seguro de garantia do pagamento atempado da dívida pública), coloca antes de nós apenas a Argentina (que já entrou uma vez em bancarrota), e a Grécia. É uma vergonha ? Pois é. Será só por termos um primeiro-ministro Sócrates (nome grego) que nem com um ministro das finanças Santos consegue milagres ? Não acredito !
Ainda no referido e prestigiado diário espanhol, o correspondente em Lisboa mostra que não tem papas na língua nem teias de aranha na cabeça. Assim fossem os jornalistas portugueses.
PORTUGAL - À PROCURA DE CULPADOS
O executivo esforça-se para transmitir uma imagem de austeridade enquanto a oposição provoca o aumento da despesa pública
"O primeiro-ministro José Sócrates convocou a imprensa estrangeira (coisa nada comum), e acusou as agências de "rating" de exagero, assegurando que Portugal avança no caminho da recuperação económica. Por sua vez, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva (adversário político de Sócrates), nega qualquer pertinência às comparações entre Portugal e a Grécia, enquanto o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, afirma que Portugal está a ser vítima do espírito predador dos mercados.
Para além das declarações tranquilizadoras ou dos prognósticos catastrofistas, os dados são inquestionáveis. No início de 2009, o governo previa um défice de 3,9 do PIB, mas no final do ano o mesmo défice chegou aos 9,3%. Perante as pressões internacionais para pôr em ordem as contas públicas, o governo prometeu reduzir o défice pra 8,3 % este ano, assegurando ao mesmo tempo estar em condições de cumprir o objectivo, imposto pela UE, de um défice inferior a 3% em 2013.
Em vésperas do início do debate sobre o orçamento para 2010, os juros que exigem os investidores para financiar o estado português subiram muito consideravelmente, afundando a Bolsa de Lisboa, que registou uma queda de 4,8 %, a mais acentuada desde a falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.
As medidas de contenção que o governo apresentará em Bruxelas, antes do fim do mês, mas já com algum atraso, integradas no Pacto de Estabilidade e Crescimento, compreendem o congelamento dos vencimentos da função pública (que já provocou as primeiras manifestações de rua), a suspensão de projectos de obras públicas, a revisão de algumas concessões rodoviárias, a redução do orçamento da maior parte dos ministérios, bem como maior rigor e controlo das despesas públicas.
O esforço governamental para transmitir uma imagem de contenção sofreu entretanto um considerável revés na passada sexta-feira, quando toda a oposição aprovou no parlamento a reforma da Lei das Finanças Regionais, que aumenta o limite de endividamento da Madeira e dos Açores. A controvérsia está longe de encerrada, devendo agravar-se de novo e assumindo aspectos de crise política eminente, durante o debate do orçamento."
Francesc Relea, El País, Lisboa
Tradução e adaptação de António Rebelo
Enquanto isto, em Tomar, alheia aos problemas nacionais, a actual maioria autárquica 3+2 prepara-se para aprovar um orçamento global de 61 milhões de euros, superior em mais de 10% ao do ano passado, cujo anexo Grandes Opções do Plano não engloba qualquer proposta nova, nem para gerar receitas, nem para reduzir despesas. É o que se chama governar num aparente mar de rosas. Até quando ?
5 comentários:
"A actual maioria autárquica 3+2 prepara-se para aprovar um orçamento global de 61 milhões de euros, superior em mais de 10% ao do ano passado, cujo anexo Grandes Opções do Plano não engloba qualquer proposta nova, nem para gerar receitas, nem para reduzir despesas."
É caso para perguntar de onde vem tanta fartura?
Será que me limparam o Tesouro?
Será a CMT ganhou o euromilhões e eu não sei?
Será que alguém se prepara para assaltar um banco?
Será que a incompetência passou a reinar?
Perdoe-me por tomar a liberdade de divulgar no seu blogue, para quem não o leu, este fantástico artigo,de elevado valor cultural.
http://www.publico.clix.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732
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Prometo não abusar mais nenhuma vez.
Boa noite, Sem traumas penso que no decurso dos debates que se farão sobre o orçamento da Camara de Tomar, para 2010, será possível ficar claro o porque de o orçamento não ter grandes novidades em termos de novos projectos ou mesmo o seu aumento global. A arte da imaginação também tem os seus limites e os projectos que estamos em vias de concretizar, com forte investimento da dministracao central, através da estratégia QREN, colocam um peso significativo neste como nos próximos orçamentos.
Um bem haja a todos
O Vereador LF
Meu caro Vereador LF,
Perdi os traumas na Terra Santa, mas perdi as ilusões em Tomar.
Reafirmo que este orçamento é um péssimo instrumento de orientação para a CMT.
É um "orçamento-caracol". Carrega um fardo pesado do qual não se consegue libertar. É vagaroso, ranhoso e tudo destrói à sua passagem.
O PSD sózinho não faria pior. É um orçamento despesista porque não garante fontes de financiamento e joga com receitas que já se sabem irrealistas. Por outro lado irá fragilizar o PS que ficará com o ónus político de não ter providenciado verbas do governo central.
Estrategicamente fica tudo na mesma. Como a lesma.
Frei Gualdim
9 de Fevereiro de 2010
Pois eu perdi os três ao pé de Avis...há muitos anos, diga-se! E se pensam que só os deuses devem estar loucos, haviam de ver uma alentejana com o freio nos dentes...!!!
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