segunda-feira, 23 de julho de 2012

Política de faz de conta

Na área da informação local de índole política, tirando este vosso humilde servidor, só a Rádio Hertz se vai esforçando no sentido de dar conta do recado, graças ao talento de dois magníficos jornalistas da casa: António Feliciano e Vítor Melenas (por ordem alfabética!). Sobre a presente situação autárquica, a conhecida rádio local publicou aqui um interessante texto, que pode bem vir a ilustrar um dia um compêndio de história da decadência e morte da outrora sede da Ordem de Cristo e dos Templários.
Acossado pelos mamões do costume, Carlos Carrão procura ser igual a si próprio. Habituado a fazer de conta, uma vez que já assim procedeu quando transitou para a política, quando aceitou ser vereador e quando -finalmente!-ascendeu à presidência, deu agora em praticante da política do faz de conta. Faz de conta que governa, faz de conta que tem projectos, faz de conta que vai ser candidato, faz de conta que procura dialogar com a oposição, faz de conta que sabe o que anda a fazer, faz de conta que a autarquia ainda tem verbas disponíveis... E faz de conta que continua a distribuir subsídios a torto e a direito.
Desta vez tratou-se do Festival da Cerveja (União de Tomar), do Festival do Frango Assado (Sporting de Tomar) e do Festival Bons Sons (Sport Operário de Cem Soldos). Sem cheta, o presidente em exercício lá foi dizendo o óbvio, posto que sem coragem para ir ao essencial. Admitiu tratar-se de subsídios tipo faz de conta, visto que nem se sabe sequer se algum dia o município virá a ter dinheiro disponível para os liquidar, quando a argumentação devia ser outra. Ir directamente ao essencial, tendo a coragem de assumir de uma vez por todas que não faz qualquer sentido a autarquia subsidiar manifestações que nada têm de artístico, de cultural ou de científico, como é o caso da Festa da Cerveja e do Festival do Frango Assado. Ou então terá de vir um dia a financiar também um "Festival  Internacional da Febra", com umas dezenas de meninas do métier, a realizar na Mata dos Sete Montes, com entradas a 20 euros, tudo incluído. Era êxito garantido, caso o material valesse a pena!
Tem algum jeito atribuir 4 mil euros a uns cidadãos que vão comer umas coxas de frango (à falta de outras...) e beber uns copos? Trata-se apenas de mais uma reles edição revista e aumentada dos já célebres "passeios comezaina/bailarico/tintol", que esses pelo menos incluíam uma componente social, muito praticada no país, uma vez que eram gratuitos para os participantes: dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede... à custa dos contribuintes, esses lorpas que tudo aceitam e continuam a pagar e não bufar.

4 comentários:

Pedro disse...

Não posso deixar de estar em acordo! A importância dos Bons Sons é inquestionável para a afirmação do concelho, mas penso, que o melhor mesmo é não contarem com esse dinheiro para elaboração do Orçamento. Se a Comissão das Festas dos Tabuleiros ainda está à espera, nem imagino como será daqui em diante! Aliás a afirmação do presidente é paradigmática quando diz que "teoricamente, até pode nunca ter condições para o fazer." Então não seria mais sensato bloquear a atribuição de subsídios e ponto final? Que populismo!
O ridículo da situação ganha ainda maior dimensão e gravidade se atentarmos noutras notícias, como por exemplo, esta "Exposição de Graça Morais adiada porque Câmara não tem dinheiro"...

http://www.otemplario.pt/ultimahora/noticia/?id=8815

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

De acordo.

Já tinha saudades de expressar aqui apoio ao Dr. Rebelo, embora, mesmo assim, com uma pequena ressalva, no domímio dos princípios...

Porque o apoio não passa de um sumpunhamos..., é demagogia barata. Matreira.

Porém, é intrínseca vocação (e obrigação) das câmaras municipais apoiar as iniciativas locais dos munícipes e do movimento associativo. Mesmo que se trate de comezaina e tintol.

E como nem só de pão vive o homem, lembro-me de, há cerca de dois anos, um cidadão tomarense apresentar um livro seu em Tomar, versando sobre os Templários, e não estava presente ninguém do executivo camarário, especialmente o Sr. Carlos Carrão, então responsável pelo pelouro da cultura(?), cuja presença simbolizaria um apropriado "subsídio" ao autor da obra. Mas foi-lhe negada! Não custava nada. E recordo ainda uma outra, também apresentação de um livro sobre a mesma temática.

Dessas não deu conta também o Dr. Rebelo.

Anónimo disse...

Obrigado pelo apoio e respectivas ressalvas. Aqui nem sempre se dá conta de tudo porque não se trata de um meio subsidiado pela autarquia, nem de um suporte que se proclame cultural, ou coisa parecida. A propósito disso,talvez seja bom lembrar que os vários governos comunistas que entretanto implodiram, também tiveram os seus êxitos, precisamente na cultura e no ensino. Prova disso são os milhões de diplomados que deram à sola logo que possível, alguns milhares para Portugal. Infelizmente, neste nosso país, após quase 40 anos de subsídios e mais subsídios, o panorama não é nada animador. Ou estarei a ver mal?!

Leão_da_Estrela disse...

Meu caro professor...

Está o meu amigo ( já o posso tratar assim, penso eu ) a dizer que a coisa, em termos de rigor nas áreas da cultura e do ensino, levaram a que os comunas "produzissem" gente de gabarito. É ve-los aí nos hospitais, na direcção de obras, nas universidades...
Parvos! tivessem eles feito como se faz em Portugal, em que o facilitismo é premiado e a malta coitada, ignorante, não dava de frosques;

Mas reportando-me ao seu post, sem dúvida concordo. Acho alguma piada aos subsídios virtuais, para aparecer na fotografia, mas estou consigo, subsidiar as febras e a frangalhada, não passa do copo de tinto e do bailarico.

E é um facto que Carrão não tem nem como mandar cantar um cego, mas gabo-lhe a lata! " pá, a gente não tem guito pró subsídio, mas fica por conta, vamos mas é lá beber um caneco!"
Não lhe acudam, não, que ele num ano, tira Tomar do mapa.