terça-feira, 2 de março de 2010

AQUI COMEÇOU O DESVARIO...




Três aspectos da Corredoura, onde realmente teve início o desvario que ainda perdura -a paixão pelas obras deficientemente projectadas e de duvidosa utilidade, unicamente para sacar os ambicionados fundos europeus. Por razões óbvias, para quem não ande a dormir...
Já que falamos da Corredoura, um esclarecimento necessário. Ao contrário daquilo que pensam muitos tomarenses, a popular e antiga designação da actual Rua Serpa Pinto nada tem que ver com os heróicos cavaleiros a correrem por ali abaixo. Quem duvidar fará o favor de tentar descer a cavalo a parte de cima da Calçada de S. Tiago, cujo traçado e estado de conservação são sensivelmente os mesmos do século XVI... Se cairem da montada não nos venham pedir responsabilidades.
Corredouras eram simplesmente as vias mais largas da Vila Baixa, pelo meio das quais corriam as águas das chuvas e, nalguns casos, pequenos ribeiros, como o dos Sete Montes pelo meio da então Rua da Graça, ou o de Santa Bárbara pela Rua dos Arcos. Nada de heróis portanto. Por ignorarem esta realidade, os técnicos municipais nunca conseguiram resolver de forma satisfatória o problema do escoamento das águas pluviais da encosta do castelo, que continuam nos nossos dias a alagar parte da Calçada de S. Tiago e a inundar o troço da Rua da Costa à ilharga dos Paços do Concelho. É a vingança da natureza, contra os que lhe vedaram a antiga corredoura ou corredoira.
Esclarecida a questão, voltamos às obras. Na altura, o então presidente revelou coragem ao fechar a rua ao trânsito, e capacidade de liderança quando decidiu alterar o seu perfil tradicional. Infelizmente, cedo se verificou que o improviso originou vários erros. Eis alguns. A ideia de colocar a quelha dos sumidouros ao meio da via foi uma asneira das grossas. Quando as bátegas são mais fortes, a rua torna-se impraticável para peões, o que não aconteceria se os sumidouros estivessem junto às paredes, o que deixaria o centro da calçada mais alto e mais seco para os peões.
Outra manifesta aselhice são as lajes mal assentes e sem juntas de dilatação, que agora cedem e se fragmentam sob os rodados dos veículos de distribuição. O mesmo acontece com os caríssimos bancos, alguns dos quais têm andado de Herodes para Pilatos, ao sabor dos pedidos dos senhores comerciantes da área, que parece nem sempre saberem o que querem. E depois há aquele testemunho indesmentível do novo-riquismo provinciano, excitado pelos dinheiros fáceis de Bruxelas -os inúteis e onerosos projectores de solo, do lado esquerdo de quem sobe. Julgamos que nunca ninguém percebeu qual a sua utilidade, mas todos se calaram para não passarem por labregos. Devem ter pensado que nas grandes cidades europeias era assim...
Dado que os ditos apenas acenderam meia dúzia de vezes e manifestamente não fazem lá falta nenhuma, visto que a rua dispõe de candeeiros, por acaso até bonitos, julgamos que seria bom retirar os ditos projectores de chão e instalá-los no Salão Nobre os Paços do Concelho. Acesos durante as reuniões do executivo e/ou a sessões da assembleia municipal, podia ser que facultassem aos senhores eleitos umas luzes de política de desenvolvimento sustentado, de programas, de projectos, de ideias fecundas, de humildade democrática, de diálogo com a população, e por aí. Tudo coisas que têm andado e continuam a andar arredias destas paragens nabantinas. Infelizmente.

9 comentários:

Anónimo disse...

Quando comecei a ler este post tive esperança de que, finalmente, aparecia mais alguém que não concordava com a eliminação dos passeios na Corredoura.

Ainda não foi desta.

Anónimo disse...

Ao que julgo saber, a Corredoura era o local usado para os treinos dos cavaleiros com lanças.
Isso não quer dizer que viessem lançados em correria da Calçada de São Tiago.

Sebastião Barros disse...

Para anónimo em 00:57

Se nos indicar documentos coevos que provem aquilo que afirma, que outro remédio teremos senão dar a mão à palmatória. Até que tal não aconteça, corredoura = rua da idade média com um arroio ao meio. O resto é música e nós nem sequer sabemos solfejo. O vereador da cultura é que já foi (ainda é ?) um exímio executante nessa área. Provavelmente por isso, terá agora decidido transferir-se para uma área onde o importante é dar música ao pessoal. Só falta saber se os eleitores estão a gostar da música...

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

O assunto que venho aqui expor não se relaciona com o tema, dai fica ao seu critério publicá-lo ou não.

Uma notícia recente publicada no Templário online dá conta da visita a Tomar dum grupo de ciganos espanhóis que se instalaram no Parque de Campismo. Até aqui tudo bem, só que teve se ser solicitada a intervenção da polícia devido aos desmandos de alguns elementos daquele grupo, sobretudo os mais jovens, relacionados com barulho e higiene.
Esta notícia remete-nos para o velho tema da instalação da comunidade cigana existente em Tomar nas margens do rio Nabão, e traz-me a memória uma hipótese de solução deste problema recorrente que é a resistência à integração daquela etnia na nossa sociedade.
Noutros países e também em alguns poucos) locais do nosso já se optou por uma solução que resolve pontualmente a situação e vai ao encontro da natureza nómada da etnia cigana: os parques nómadas! Julgo que existe um já em Coimbra, com condições para colher ciganos em trânsito e(ou) outros que com maior regularidade frequentem a zona. Tem sanitários, balneários, lavadouros e outras instalações próprias deste tipo de parques.
Julgo que seria uma solução a ponderar!

Anónimo disse...

Coimbra tem sempre mais encanto, não é?!

Tomar vai perdendo o encanto!

A ideia do anónimo foi apresentada/defendida publicamente pela Drª Graça Costa na última campanha eleitoral.

Mas, como é dos Independentes .......

E que viva a democracia!!!

Anónimo disse...

Por acaso foi apresentada antes disso pelo candidato Arq. Jose Vitorino como hipótese de solução para o problema de integração global da comunidade.

Mas como é do Ps se calhar de pouco vale recordar...

Anónimo disse...

Quem apresentou primeiro não sei, mas que foi discutida numa sessão pública promovida pelo PS na estalagem de Santa Iria não tenho dúvida. Eu estive lá.

Anónimo disse...

E ate há video no youtube e tudo.
O resto é basofia.

Anónimo disse...

O PS é o melhor!
Está sempre à frente de tudo e de todos!
Aliás, em Tomar e nestes últimos anos, tudo o que foi feito é da responsabilidade do PS.
Só PS.
Eu amo o PS.
Eu quero o PS.
PS o partido que apetece.
Quando eu morrer quero levar vestida uma camisola do PS, o caixão coberto com a bandeira do PS e na campa ser colocado um PS.
Viva o PS.