domingo, 14 de março de 2010

DEBATES, TAPETES ROLANTES E FUNICULARES

Aqui em Tomar, é extremamente árduo participar em qualquer debate, essencialmente devido a três factores. 1-Aparece muito pouca gente, pelo que os participantes acabam por ser praticamente sempre os mesmos; 2-Aos tomarenses em geral faltam hábitos de leitura, de escrita e de convivência, donde resulta que frequentemente entendem de forma deficiente o que se lhes diz, oralmente ou por escrito; 3-Pouco viajados, por razões económicas, de ânimo ou de necessidade intelectual, falta-lhes mundivivência, o que se nota e de que maneira. Mesmo quando ousam aventurar-se para Cancun, Pipa ou Hamammet, passam os dias na praia, besuntando a barriga com óleo de coco. De regresso, sabem tudo e mais alguma coisa, mas continuam intimamente persuadidos de que Tomar é o umbigo do Mundo.
A recente apresentação do projecto do "Funicular da Anunciada", não escapou à regra. Quando dissémos que se deviam "obrigar" os turistas a vi aé ao centro da cidade, houve quem discordasse, porque não se podem obrigar as pessoas. Adiante...
Foi neste caldo de cultura que o amigo Vítor teve a ideia de avançar com o projecto antes referido. Merece reconhecimento pela sua coragem ecapacidade de iniciativa, o que naturalmente não implica concordar com a sua ideia. A vista aérea supra não deixa lugar para qualquer dúvida. Entre o funicular, com uma paragem lírica na Senhora da Conceição, e capacidade horária para 400 pessoas, na melhor das hipóteses (linha vermelha, em cima) e uma escada rolante ou um tapete do mesmo tipo, da ParqT até ao Castelo, os cidadãos farão a sua escolha.
Habituados a debater os seus problemas e a receber turistas aos milhões, os habitantes de Toledo, a 90 quilómetros de Madrid, por auto-estrada gratuita, não estiveram com meias medidas. Concluíram que escadas rolantes são meios de transporte muito mais rápidos (não há perdas de tempo nem à entrada nem à saída) e mais económicos do que quaisquer outros. Vai daí, adjudicaram a dois arquitectos castelhanos o respectivo projecto, e aí as temos, as "Escaleras de la Granja" (em cima, à esquerda), cerca de 50 metros entre os parques de estacionamento e a cidade. Exactamente como em Tomar. No que se refere à distância, queremos nós dizer. Quanto ao resto... já estamos conversados.

Pelo menos os jornalistas da especialidade gostam bastante do novo meio de locomoção. Basta ler o texto acima, um excerto do "EL PAÍS" de ontem. "Com estacionamento junto à muralha, a escada rolante neutraliza a altura da colina em poucos minutos, como uma navalha que se cravasse lenta e discretamente na carne, sem causar ferida." Que bem escrevem estes jornalistas castelhanos !

E aqui temos um aspecto da obra de arte contemporânea, com um magnífico panorama manchego ao fundo. Se fosse aqui na Nabância, havia de ser bonito ! Escalavraram a paisagem, não respeitaram o nosso património, só pensam nos turistas e no dinheiro, não há direito, havia outras prioridades, com tanta gente na miséria...
Em resumo: Somos como somos. Por isso estamos como estamos.

(Já agora, se nos dão licença, uma nota final, para evitar que nos caiam em cima o Carmo e a Trindade. O tapete (ou escada) rolante que propomos, deve ser, no nosso entendimento, em túnel, e fazer parte de um projecto bastante mais complexo. Caso contrário, como já referimos, mais vale estar quedos. Para desgraças, já estamos servidos. Obrigado !)

5 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite António Rebelo,

Enquanto Óbidos está a tornar-se um sucesso por inúmeras razões, entre as quais a que no momento em que estamos suscita mais atenção, a Festa do Chocolate, a (ainda) cidade de Tomar afunda-se no marasmo a que se sucederá o inevitável anonimato como consequência da "magnífica gestão que está a ser levada a cabo pelos nossos autarcas.
Passeando pelos meandros do Campo da Bola Paulino Paiva, podemos ver uma boa dezena e meia de caravanas e autocaravanas no parque de campismo, prova fiel de que quem tinha razão era quem sempre se opôs contra o seu encerramento. Ainda assim demorou alguns anos até quem de direito percebesse a asneira que tinha feito.
Ao contrário de Óbidos onde as autoridades decidem e actuam com a celeridade que as necessidades determinam (tome-se como exemplo a criação do centro de estágio de alto rendimento onde agora estagia a selecção nacional de futebol), em Tomar tudo parece ser feito de molde a estagnar a terra, parecendo até haver uma atitude concertada nesse sentido.
Ou será que o caso Francisco Ferrari foi um infeliz acaso?

E assim, enqunto Óbidos já tem um lugar devidamente sedimentado na memória das pessoas enquanto local de férias, de lazer e até de actividade cultural, Tomar continua a reflectir nas suas "heranças históricas", qual atitude autista!
PATÉTICO !!!

Anónimo disse...

Tomar está mal tal como o país em geral.
Devo salientar que alguns tentam tirar o concelho do marasmo que reina há décadas.
Alguns que não os políticos. Como este Rebelo.
Todas as forças partidárias, sem excepção, não têm nem tiveram categoria para extrair o que de melhor tem o concelho. De bom pouco tem mas tem. As pessoas não o são com certeza.
Finalmente pouco se pode fazer pela terra pois as pessoas são retrógradas, mesquinhas e fascistas. Resta trabalhar diariamente até surgirem outras oportunidades.
O congresso do PSD correu bem e aquela do Santana armado em estalinista está linda está. O homem vai andar até morrer com a história da perseguição. Foi um péssimo PM e sente-se injustiçado pois Sócrates é como ele mas mais esperto. Ao aplicar a lei do abafar a palhinha está a perpetuar a sua memória pois outros pensarão que não serão criticados durante 2 meses pois um mártir o foi (vulgo Lopes, Menezes e Mendes).
O que custa ver é que Passos Coelho é muito fraco, está rodeado de autarcas que vão querer o troco e nunca fez nada na vida. Viveu à conta do Estado nos conselhos de administração de várias empresas municipais.
É este homem oco por dentro e artista por fora que será o próximo PM. Mal do país e mal de Tomar. Sim porque não será por Relvas ser membro do governo que ajudará uma terra que nunca lhe ligou nenhuma. Tomar não tem nada para dar a Relvas por isso sempre menosprezou o nosso concelho. Os tomarenses foram os culpados pois votaram sempre PSD. Também não havia melhor. Estou com Rangel pois estou com gente equilibrada e que acima de estudo ainda não penhorou a sua independência face aos parasitas das autarquias e não só.
Quanto ao funicular pois a cidade não precisa dessa porcaria para nada. Obras que são caras, perigosas e não servem para nada. Esqueçamos esta treta e consertemos os buracos nas estradas, as pedras soltas da calçada e ainda a sinaléctica. Estimule-se o exercício físico e o apoio escolar e na saúde.
Chega!

Anónimo disse...

O problema é que antes de resolverem o diferendo legal do parque de estacionamento nas traseiras da Câmara não poderão viabilizar a escada rolante (ou outro meio de locomoção até ao castelo).
Mas a ideia tem tudo para resultar.

AA

Sebastião Barros disse...

Para AA:
Se "agarrado" a tempo e por quem saiba o que anda a fazer e onde quer chegar, o sector "Acesso ao Castelo", do plano mais complexo "Salvar Tomar",que trago na cabeça há mais de 20 anos, até poderia vir a fazer parte da solução do diferendo legal, de que fala com toda a razão. Tomar é afinal uma excelente "guitarra", só falta quem tenha unhas e saiba de música para a tocar. Não vejo jeitos, nem modos, nem vontades.

António Rebelo

Anónimo disse...

2 ANEDOTAS DE VIAGENS

Capítulo 1.

Um comboio pára numa estação e entra uma rapariga de vinte e tal anos, loiríssima, giríssima, de mini-saia curtíssima. Senta-se em frente a um sujeito de meia idade, abre a mala, tira um frasquinho de perfume e vaporiza-se.
O homem, ao sentir o cheiro do perfume, fecha os olhos e aspira deleitado o ar. Quando abre os olhos o seu olhar esbarra no dela que lhe pergunta com ar de superioridade:
- Gostou do cheiro do meu perfume, não foi? Olhe, Chanel...a 7 contos e 500 o frasquinho de 125 mililítros.
Ele, danado que nem um perú com a petulância dela, apenas aquiesceu vom a cabeça e ficou a remoer.
Passado um bocado larga uma longa bufa. Ela, ao sentir o cheiro franze o nariz em sinal de repugnância.
Ele, olhando bem de frente para ela, pergunta-lhe em tom jocoso:
- Então menina, não gostou do cheiro? Olhe! Feijão catarina...a 125 méréis o litro!!!


Capítulo 2.

Mês de Agosto. Duas da tarde. Um calor abrasador. Um comboio apinhado de passageiros sai da estação de Santa Apolónia rumo ao Porto. Com paragem apenas em Coimbra. Pouco depois de Santarém começa um passageiro a queixar-se:
- É pá, isto é que é uma sede qu'ê tenho, hein?!! Mas isto
é que é uma sede...! 'Atão nã querem lá ver a sede qu'ê tenho!!!
E repetia isto sem parar. Os outros passageiros já nem o podiam ouvir. Alguns remexiam-se nos assentos, outros levantavam-se e iam dar uma volta às outras carruagens. E o nosso "artista" continuava:
- Isto é qu é uma sede qu'ê tenho, hein?!! Mas isto é que é uma sede...!!!
Quando finalmente o comboio pára em Coimbra, os passageiros em desespero, saíram em grupo para lhe comprar cantarinhas (lembram-se??) de água.
O nosso sequioso bebeu...e bebeu...e bebeu...cantarinha atrás de cantarinha de água, até se saciar!
Quando finalmente o comboio retoma a marcha, os passageiros recostam-se relaxadamente nos assentos em sinal de alívio por não ouvirem mais os lamentos do seu colega de viagem. Eis senão quando de repente voltam a ouvir a voz do eterno queixoso:
- Mas isto é que é uma sede qu'ê tinha, hein?!! É que era uma sede qu'ê tinha!!! Então mas vocês nã querem lá ver a sede qu'ê tinha!!!