sexta-feira, 26 de março de 2010

MÁS NOTÍCIAS, INFELIZMENTE

Bem gostaríamos, caros conterrâneos, de dar boas notícias. Lastimavelmente, a realidade não o permite. Pelo contrário. Agora até somos notícia de primeira página na imprensa europeia de referência. Por más razões: "Depois da Grécia, as dificuldades financeiras de Portugal provocam a queda do euro". Entretanto, em Tomar, discute-se a eventualidade de mais uma ajuda camarária ao União. Naturalmente a fundo perdido, que a ordem é rica e os frades são poucos, pensarão os proponentes.

Além Pirinéus, Le Monde titula "Desafinação europeia provoca derrapagem do euro. Desacordos sobre a ajuda à Grécia e a queda da nota de Portugal inquietam os mercados."
Sem que os portugueses em geral, e os tomarenses em particular, disso tenham consciência, (porque pouco ou nada percebem de economia), estamos a ser arrastados muito rapidamente para situações inteiramente novas. Esta, por exemplo: cansada dos devaneios dos países do "Clube Mediterrâneo", a chanceler alemã Merkel nunca pensou provocar a saída da Grécia da zona euro, como deu a entender a imprensa lusa. Pressionada pelos seus parceiros de coligação e pela opinião pública alemã, pensou em algo muito pior, segundo o Le Monde. Ameaçou que seria a Alemanha a abandonar o euro, caso a Grécia e outros países deficitários (Portugal, Espanha, Irlanda...) não fossem forçados a conter drasticamente as despesas públicas, recorrendo ao FMI em caso de necessidade. Porquê o FMI ? Porque alemães, holandeses e luxemburgueses estão fartos de abrir os cordões à bolsa, para pôr os respectivos contribuintes a financiar as palermices e outras infantilidades dos PIGS.

Após mais uma longa negociação "à europeia", Merkel moderou a sua posição, mas não cedeu na questão da redução das despesas públicas. Significa isto que, obrigado a reduzir despesas, constrangido a moderar o recurso à dívida, a receber menos impostos, não tardará que o governo, pela calada, corte drasticamente nas transferências para as autarquias. Justificará a sua atitude, nada popular, com o velho princípio segundo o qual quem não recebe também não pode transferir. Conforme se observa na ilustração acima (copiada do SOL de hoje) a situação de Portugal, como eterno pedinte de fundos no mercado é já, de certo modo, trágica. Pior do que nós, na Europa dos 27, só Malta, a Eslováquia e a Grécia. Doença comum -novo-riquismo doentio.

O ideal seria que o governo se organizasse de forma a necessitar de cada vez menos crédito interno e externo. Infelizmente, é o oposto que está a acontecer (ver texto supra, do SOL, de hoje). Por este caminho, não será preciso muito tempo para chegarmos ao dia em que o país deixará de conseguir pagar sequer os juros da dívida contraída, quanto mais agora os reembolsos. Exactamente o que está a ocorrer com a Grécia. Terá de obter um novo empréstimo daqueles de 10 zeros, pelo menos, unicamente para "refinanciar" a sua dívida pública.
Em vez de perderem tempo a discutir subsídios, festas, excursões, comemorações, espectáculos, animações, morteiros, almoços e jantares, bem andariam os nossos autarcas se humildemente se vergassem ao contexto dominante e começassem a executar duas tarefas urgentíssimas -Poupar os dinheiros dos contribuintes, enquanto é tempo; tentar descobrir como gerar valor acrescentado a nível local. Sem isto, continuaremos a rodar rumo ao abismo da insolvência e da concomitante irrelevância política. Desde há 1008 mensagens e mais de 110 mil visitas que andamos a martelar nisto, até agora sem quaisquer resultados. Vamos continuar sem desfalecimentos, como até aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não me parece justa e adequada esta espécie de perseguição - admito que o termo seja exagerado - que, de quando em vez, é feita ao U. Tomar neste espaço. Está mais do que claro que o autor do blogue não tem qualquer afinidade com o clube, o que se aceita, à semelhança do que acontece com quem não gosta de cinema, de teatro ou de ópera. Mas colocar sempre em causa o nome do U. Tomar para falar de verbas mal gastas no passado ou despesas futuras sem sentido, é descabido. Aproveito para deixar a minha visão: Muito se fala da divida às finanças e, a verdade, é que os responsáveis deveriam ter vergonha e chegar-se à frente. Quem errou, paga! Simplesmente! Mas a autarquia não pode andar constantemente a assobiar para o lado pois o ex-presidente António Paiva, desde há vários anos para cá, hipotecou qualquer receita de bilheteira do clube. Repito: a Câmara Municipal de Tomar é CULPADA pelo facto do União não ter receitas. E não estão em causa nem um, nem dois, nem três anos. É uma questão de fazer as contas aos prejuízos que a CÂMARA MUNICIPAL deu ao clube. Já dava para pagar essa maldita dívida... e até sobrava! Não querem pagar a dívida? Tudo bem, quem a fez que seja obrigado a pagar. Mas, então, que se dignem a indemnizar o U. Tomar de todos estes anos sem receitas devido à vergonhosa e escandalosa demolição do estádio. Só não entende isto quem não quiser.