quarta-feira, 3 de março de 2010

A DESCOBERTA DO CAMINHO MARÍTIMO PARA A ÁGUA D'EL CANO

Já aqui foi escrito que impera nalguns serviços da autarquia uma mentalidade doentia, que pune os pobres munícipes com decisões nitidamente sádicas e despropositadas. Pode-se agora acrescentar que tais práticas ocorrem sobretudo no DAU e nos SMAS, mas não só. No entender de tomaradianteira, por nítida falta de pulso, de projecto político e de modelo de sociedade, no que toca aos eleitos.
Já na primeira metade do século XVI, o insigne médico, viajante e herborista Garcia da Horta proclamou que "a experiência é a madre das coisas". Nos nossos dias, o presidente brasileiro Lula da Silva demonstra que o nosso ilustre antepassado tinha toda a razão. Com mais de 70% de opiniões favoráveis, o actual presidente do grande país irmão é o exemplo perfeito do valor insubstituível da experiência pessoal. O líder do PT nunca frequentou qualquer universidade, nem tenciona vir a frequentar. Mas conheceu a fome, o frio, a miséria, o desprezo, a violência, a repressão, os empregos mal pagos, a prisão, e por aí adiante. Por isso, quando à terceira tentativa conseguiu vencer, não teve qualquer dificuldade e começou logo a fazer aquilo que a maioria dos brasileiros ambicionava. Entretanto por aqui...

Eis um relato na primeira pessoa, com assinatura e demais elementos identificatórios. Para que conste.
Precisei de requisitar a luz e a água para um pequeno apartamento de família. Fui primeiro à EDP e correu tudo bem. Pediram-me o contrato de arrendamento, expliquei que agia em nome da senhoria, pediram-me a procuração, leram e perguntaram qual era o NIB, se era o mesmo que já lá constava, imprimiram, deram-me o contrato pronto e ofereceram-me uma tomada tripla, por ter optado pelo pagamento por conta bancária. Até me deram a escolher as horas mais convenientes para efectuar a ligação. E estiveram lá à hora combinada ! Não paguei nem um cêntimo.
No dia seguinte fui aos SMAS, pedir a ligação da água. Mesma conversa inicial, com uma funcionária menos sorridente. A seguir à procuração, pediu-me o título de propriedade. Leu atentamente e declarou que a matriz não estava actualizada, pelo que tinha que ir às Finanças fazer a actualização, sem o que... Retorqui que a matriz actualizada, ou não actualizada, nada tem que ver com o fornecimento de água. -Eu cumpro ordens, foi a resposta seca. Expliquei que os oficiais nazis também disseram o mesmo em Nuremberga, o que não impediu que posteriormente fossem condenados à morte e executados. Não me pareceu muito convencida.
Lá fui às Finanças. Tirei a respectiva senha, aguardei cerca de 10 minutos e fui atendido por um funcionário assaz amável. Entregou-me logo a actualização solicitada e à pergunta "quanto é?" disse que era gratuito. Saí, a pensar que afinal neste país nem tudo continua mal.
Voltei aos SMAS, entreguei os papéis, a funcionária voltou a ler e inquiriu: -Tem aí o bilhete de identidade deste senhor Jacinto Lopes (marido da senhoria) ? Disse-lhe que não, porque o senhor faleceu há mais de cinco anos. Tem aí a certidão de óbito ? Claro que não, respondi agastado. Então tem de ir buscar uma.
Podia ter começado a fazer banzé e exigir que chamassem o chefe, que provavelmente me daria razão, uma vez que continuo a não perceber qual a utilidade da certidão de óbito do marido da senhoria, para um mero pedido de fornecimento de água. Receio de que eu ou a senhora estivéssemos a enganar o morto ? Que este deixasse de pagar ? Que eu estivesse a mentir ? Em todo o caso, nunca fiando. Limitei-me a dizer à funcionária, por uma questão de lealdade, que era capaz de vir a ser incomodada por causa deste assunto. Senhora de si indagou: -Porque é que o senhor diz isso ? -Só para depois não dizer que fui desleal para consigo.
Aproveitando a embalagem, solicitei que me dissesse se faltava mais algum documento, além da certidão de óbito. -Se a senhora é viúva, o bilhete de identidade está desactualizado. Diz aqui que é casada e já não é. Realmente, balbuciei eu, quase sufocado com tão caricata situação. -Mas olhe que o BI é vitalício e a senhora mal pode andar. Tem 80 e tantos anos e já não consegue pôr-se em pé à frente daquela maquinória das fotos digitais, lá no Registo Civil. -São ordens, disse-me em tom conclusivo. -Pois, mas na EDP foi tudo muito mais simples, observei. A resposta foi elucidativa: -A EDP, sabe, é a nível nacional. Nós é a nível local, não podemos facilitar.
Ala, direito ao Registo Civil, que se faz tarde. Certidão de Óbito 50 cêntimos, Certidão de Actualização de Estado Civil 1 euro (É a 50 cêntimos a folha, esclareceu-me a funcionária, em tom amável). Regresso aos SMAS, nova verificação, fotocópia de tudo aquilo, do meu BI e da minha caderneta bancária, por causa do NIB. Nem o governo americano exige tantos documentos para se entrar no país, apesar de ter razões para se sentir ameaçado. Pagamento de 32, 36 € e aguarde que o funcionário lá vá colocar o contador. -O contador é interior ou exterior ? É interior? Tem um contacto telefónico ?...Eu escrevo aqui para o meu colega telefonar antes de lá ir.
Tal e qual, sem tirar nem pôr.

Perante isto, se autarcas e eleitores tomarenses em geral acham que está bem tratar qualquer consumidor como eu fui tratado, como se fosse um foragido, um vigarista, um aldrabão, um caloteiro, ou um preso em liberdade condicional, quem sou eu para os contradizer ? Hão-de vir a compreender, dentro de alguns anos, o mal que fizeram uns, e deixaram fazer os outros, a esta terra que no meu entendimento merecia bem melhor. Oxalá não seja então já demasiado tarde...
Entretanto continuo com uma dúvida: O conhecido acrónimo SMAS significa: A)-Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento ? Ou B)- Secção de Mariquices, Autoritarismos e Sacanices ?
Aqui há anos, no final do último mandato de Pedro Marques, tornou-se evidente, aos olhos dos eleitores, que certos sectores da autarquia estavam praticamente em autogestão, às ordens de determinados dirigentes. Pedro Marques deixou de ser aceite pelo PS como candidato e António Paiva venceu. Teve a coragem de usar os seus poderes para restabelecer a normalidade nos citados sectores. Alguns quadros superiores resolveram ir arejar para outros lados. Diz-se que a história raramente se repete e que, quando tal acontece, se da primeira vez foi um drama, a seguir é uma comédia, e vice-versa. Será agora o caso ? Aos leitores, como sempre, cabe a resposta. Em todo o caso, apesar das tentativas, Pedro Marques nunca mais voltou a ser presidente sa autarquia...

António Rebelo, BI 0534432, eleitor nº 3762 de S. João Baptista, pensionista nº 2211795oo, ADSE 003429504, calço 41, uso camisas 42 e blusões 54. Espero que seja suficiente para me identificar, ficando no entanto às ordens dos senhores funcionários para quaisquer outros elementos julgados indispensáveis. Não quero que me possam vir a acusar de lhes estar a dificultar tão magnífico trabalho em prol do bom nome e do prestígio de Tomar. À evidente simpatia é imperativo responder de igual forma.

13 comentários:

Luis Ferreira disse...

Prof. Rebelo, deu aqui um grande e exemplo de cidadania no seu blogue. O relato que faz deve-nos chamar à atenção da incompreensivel insensantez que em algumas reparticoes e departamentos da nossa administração publica ainda existe.
Já há alguns anos tive a mesma experiência que o meu amigo. 15 anos passados nada mudou, o que nos deve fazer pensar.
Não seria altura de os obrigar a mudardes forma e de atitude?
Eu penso que sim!
E desculpem lá qualquer coisinha, mas há absurdos que convinha terminar antes que 'o pessoal se farte'.

Luis Ferreira

Anónimo disse...

“Devolver o União de Tomar ao Povo”
3 Março 2010 in U. Tomar | No Comments »

A situação do União de Tomar já ultrapassou todos os limites. De um clube com pergaminhos na história, vive um momento de uma história sem pergaminhos. Continuo a defender que deverão ser encontradas as soluções técnicas viáveis, com o apoio da Autarquia, para devolver a Tomar o que alguns incompetentes e o maior destruidor de Tomar até hoje vivido – Antonio Paiva – tentaram acabar.

O rápido pagamento da dívida e o compromisso dos dirigentes actuais e futuros, com uma gestão transparente e legal, auditável publicamente é a única solução.

Quando estava na oposição defendi esta posição, hoje na Câmara Municipal mantenho a posição.

Neste ano de tão importantes efemérides e comemorações, a autarquia deve a Tomar limpar o nome do União e devolvê-lo ao Povo que é a quem ele pertence.

Luis Ferreira
Vereador do PS"

A minha observação não pode deixar de ser a de que a “última coisa” que o União de Tomar necessitava nesta fase era a de ser envolvido em qualquer tipo de questões de âmbito político-partidário… que, aliás, já vêm impedindo a possibilidade de obter uma resolução para o problema desde o período eleitoral autárquico de Outubro do ano passado.

Procurando superar as naturais divergências a esse nível, será mesmo impossível chegar a um entendimento “supra-partidário” que permita, de alguma forma, sem “prejuízo” camarário (e, portanto, dos munícipes), evitar o desfecho que, de todo, não gostaria de antecipar, e que todos viríamos a lamentar?

Funiculi disse...

Tudo o que foi descrito não é de admirar face aos péssimos serviços prestados pelos SMAS. É somente mais uma prova evidente que o dito "engº" Vicente há muito que está por lá e o que faz de eficiência? Vai somente buscar os cêntimos ao fim do mês? Está mais uma vez à vista, através destes factos que a prestação eficente dos serviços é toda aquela bagunçada. E ainda por cima têm colaboradores "simpáticos" e "eficientes", "afáveis".
Uma pergunta ficará no ar: Para que serviram as eleições na concelhia do PSD? Não serviram para correrem com esta banda de parasitas, de chulos com interesses instalados? Ou foram somente sorrisos para a fotografia?
Hipócritas, são todos.

Anónimo disse...

Muita parra...pouca uva!!!

Anónimo disse...

Devolver o U. Tomar sim, mas à legalidade...

O União de Tomar dispensa bem qualquer tentativa de aproveitamento político e a situação económica da Câmara Municipal de Tomar (pior que a do União) dispensa ainda melhor mais encargos excusados, aberrantes, ilegais, absolutamente inpensáveis.
Não bastaria tudo o resto, mas o simples facto do clube não apresentar contas há uma série de anos, os seus dirigentes não respeitarem os estatutos (nomeadamente na convocação de eleições, apresentação de contas, apresentação de plano de actividades, etc...) não é suficiente para quem deve zelar pela legalidade não se deixar enlamear?
Isto não é mesmo vontade de se meter em confusão?
Que dirão os funcionários despedidos da Platex, João Salvador, Supermercados Santo André... e por aí fora? Não era de muito mais senso (se estivesse em condições) a Câmara ajudar na resolução destes casos do que no União de Tomar?
Então mas ao longo dos anos, a Câmara não tem apenas dado ao União de Tomar? Faça-se um apanhado das deliberações de câmara para somar os apoios dados durante os anos em que a actual dívida foi acumulada e ficamos a saber o valor dado por cima da mesa. E por baixo da dita? Quantos milhares camuflados em apoios indirectos? E que fizeram os seus dirigentes? Estiveram semanas alojados em hotéis de quatro estrelas no Algarve à conta do orçamento... por exemplo ou compraram vestimenta desportiva nas cores do clube para oferecerem aos amigos e se passearem pela cidade, ou... é melhor não dizer mais porque isto é um local onde a escrita tem un nível que as expressões não devem desvirtuar.
Tenham juízo.
Quem criou as dívidas que as pague e a Câmara que se preocupe é em receber as taxas que estão regulementadas para a utilização das instalações. Há quanto tempo é que o União de Tomar não paga nada? E ainda querem mais ajuda...
Rui Matos

Sebastião Barros disse...

Obrigado Luis ! Confesso que não esperava o teu apoio, dadas as circunstâncias. Ainda bem que me enganei ! Que um vereador da actual e circunstancial maioria, com o qual nem sempre estou de acordo, como é público, se mostre sensibilizado para os problemas apontados na crónica, é sinal de que, felizmente, ainda nem tudo está perdido. Afinal, a esperança continua a ser a última coisa a morrer.

Um abraço,

Ãntónio Rebelo

Sebastião Barros disse...

Muita parra e pouca uva, certamente devido ao facto de aqui no blogue não vendermos fruta, nem fazermos vinho...mesmo a martelo.

Anónimo disse...

Sempre os mesmos piu-pius a piar.

Anónimo disse...

É de facto único o exemplo de coragem demonstrado pelas duas opiniões aqui apresentadas pelo Vereador Luis Ferreira.

Não é habito, nem comum opiniões tão claras sobre dois problemas tão concretos.

Anónimo disse...

Para 12:47

Imagine a tristeza que seria caso todos escrevessem tanto e tão frontalmente como você. Valia mais pôr já as chaves debaixo das portas e emigrar !

Cambada de incapazes ! Nem escrevem nem gostam que outros escrevam !

Unknown disse...

Declaração de interesses: move-me tão só aquele, pelo rigor, verdade e isenção, enquanto rural pagante e cumpridor!


Eloquente escriba, considerado Sr. Sebastião de Barros: caminhos iguais, transportes diferentes…

Não é que o relato do seu dito e protestado sofrido calvário pelos venturosos corredores das serviçais repartições que nos ajudam neste canto pelo Infante louvado, me trás, à já cansadita mente, relembranças de uma por mim passada e comparável façanha. – permita antes que, com agrado, me regozije por V. Mercê, porquanto apronto que, se algo não correu tão ao gosto e singeleza de processos que, V. Pessoa inconformada, reclama, sobrou a virtude de ( … e, por via de mal fazer bem haver) ter organizado maneira de pôr em dia, e conforme as leis que nos governam, uma porção de testemunhos que o deveriam estar; pelo imperativo da Constituição que a todos nós?, obriga!...

Mas, adiantemos ao que me trouxe: por “ida” de alguém próximo, obrigado fui a semelhante senda que a percorrida por V. Mercê ; e dela, só posso dizer coisas boas da forma e eficiência com que fui tratado no serviço das águas: da simpatia da gentil, bonita e jovem funcionária à eficácia e rapidez do serviço prestado, tudo foi bom – de tais modos, que meu jovem e espigado neto, acompanhante meu em tal andança, me disse de saída: que rapariga bonita e prestável e também muito competente; ao que comentei: rapaz, a mocinha mais não fez que o que a obrigava o ofício já que todos os testemunhos trazíamos; ao que retorquiu: mas lá bonita era…

Não queira, meu ilustre, saber, do calvário passado na empresa da luz; que foi terrível foi: desde a figura carrancuda do empregadO atendedor de balcão até aos anteriores e supérfluos gastos em telefone (aconselhados no boletim informativo da antes dita recebido…) onde me sujeitaram: se deseja A marque 1, se deseja B marque 2, se deseja C marque 3, e por aí adiante; foram meia hora de telefone e paciência mal gastos e sem soluções…! ( ou bem gastos vá lá a saber-se…) – de tais modos que matutei estar, sem vontade nem obrigação, a contribuir( de forma sibilina) para o pagamento dos rendosos vencimentos desses mui falados jovens e competentes administradores da empresa de comunicações, mandatados pelo governo daqueles que desgovernam…

( e digo isto, por mor e por dor, da minha minguada reforma: bem alicerçada em dezenas de anos de prestimoso e leal serviço, de, e em proveito de quem, nem hoje sei bem… – tal o estado das coisas que vemos, ouvimos e lemos, aí pelas televisões, rádios e jornais…)

Deixo-lhe, meu mui ilustre Sr. Sebastião de Barros, o pequeno testemunho, particular, de quem, como Vós, se infernizou nos corredores do bem-fazer: caminhos iguais, transportes diferentes…

Um privilégio, num fortalecido aperto de mão.

De si,

manuel do povo


dde: Não posso deixar de manifestar também, a folgança, pelo sentir do gesto solidário, exteriorizado por quem, por favor de todos nós, faz o favor de aparecer!

Anónimo disse...

Para a azia há pastilhas "rennie". Há à venda na farmácia Dias Costa (passe a publicidade).

Unknown disse...

…SE a este, tão terapêutico anónimo se dirige, penhorado do fundo lhe fico!

Porém, desnecessariamente o fez: vegetariano por devoção, nunca, a sedução de tenros bifes, dados, doados ou emprestados, (…que a ser, seriam sempre comprados…. e pagos) provocaram aquilo que tão terapeuta admonição infere…

Do alto da singeleza, manda-me a boa educação, devolver-lhe o que lhe é devido!


sempre,

manel