Em mais um bom trabalho da Rádio Hertz, que assim prossegue a sua acção em prol do debate dos problemas locais, Corvêlo de Sousa assumiu posições que nos parece merecerem alguma análise.
No que concerne ao falhado investimento local de Francisco Ferrari, fica muito bem ao nosso presidente assumir todas as responsabilidades. Assim é que deveria suceder sempre, dado que é ele o responsável máximo a nível local. Infelizmente, logo a seguir enveredou por uma via que não se recomenda. Não só se esqueceu de referir um eventual inquérito, tendente a apurar quem reteve o pedido do sr. Ferrari durante meses, e com que intenções o fez, como usou de uma habilidade detestável -deu a entender que, provavelmente, o cidadão em causa não terá dito a verdade, ou pelo menos não terá dito toda a verdade. Está mal. Após assumir a responsabilidade por um determinado fracasso, um autarca nunca deveria, lateralmente, tentar "sacudir a água do capote". O povo começa a estar cansado de viver num país e numa terra onde os responsáveis são sempre os outros.
Abordando a questão da situação financeira da autarquia, Corvêlo de Sousa resolveu recorrer à comparação com um orçamento familiar. É um hábil ardil, que todavia não resiste a um exame mais atento. Desde logo, porque a definição de investimento, em linguagem económica, significa basicamente aplicação de capitais e outros recursos, tendo em vista a obtenção de retornos transaccionáveis. Acontece que, no caso do governo e do poder local, a fronteiras entre investimento/despesa/esbanjamento, são bastante gasosas. No caso tomarense, excluíndo a rede de saneamento, que permite arrecadar sumarentas taxas, tudo o resto é pura despesa sem qualquer retorno negociável. Há as contribuições e impostos ? É verdade, mas esses têm sempre de ser liquidados, com ou sem os tais "investimentos" tipo arranjo do Mouchão, Ponte Mouchão-Campo de Treinos, Paredão do Flecheiro, Pavilhões, Campos de Ténis, Parque Subterrâneo, Terreiro de Santa Maria...
E depois, uma família pode sempre vender o andar ou moradia, uma vez pagos, realizando assim, por vezes, confortáveis mais-valias, coisa que a autarquia, naturalmente não pode fazer, salvo excepções, de resto cada vez mais raras. Basta pensar no caso do Convento de Santa Iria, em que se anda há anos a contar com o ovo no oviduto da galinha, mas esta não há meio de se resolver...
Quanto à relação orçamento/serviço da dívida, convirá antes de mais ressalvar uma evidente gralha (fugiu-lhe a língua para a verdade ?): o total orçamentado é de 57 milhões, e não de 27 como está escrito. Depois, resulta claro que, em termos de raciocínio na área económica, o autarca tomarense está (sem disso se dar conta ?) numa posição comparável à dos veículos 4x4 nas picadas africanas, em época de chuvas: os sulcos deixados pelas anteriores viaturas são de tal modo profundos que não adianta tentar saír deles. Só deixando a picada e abrindo outra, o que é bastante laborioso...
A questão do serviço da dívida, que é de mais de 600 mil contos anuais, vai complicar-se cada vez mais, devido a uma conjugação de factores que a autarquia só poderia contrariar liquidando-a, o que está evidentemente fora de causa, por evidente falta de recursos. Esses factores são, entre outros, os seguintes: 1-Aumento progressivo das taxas de juro; 2-Retracção cada vez mais acentuada da actividade económica no concelho; 3-Debandada forçada da população residente, devido à falta de empregos e de postos de trabalho; 4-Diminuição progressiva da cobrança de receitas locais, devido aos factores anteriores; 5-Redução das transferências do poder central, resultantes dos apertos orçamentais (quem não cobra também não pode transferir) e da redução de eleitores inscritos no concelho, a partir de cujo total é calculado o montante anual a transferir.
A soma destes factores e dos elementos anteriores, exige que os eleitos locais tenham quanto antes a coragem de começar a pensar de outra maneira e a partir de bases novas, tendo em vista um novo enquadramento sócio-económico, capaz de gerar valor acrescentado endógeno. Receitas transaccionáveis, como vulgarmente se diz. Isto se realmente pretendem que a cidade e o concelho consigam saír do atoleiro onde se enterram pouco a pouco. Caso de trate apenas de garantir fins de mês tranquilos, saibam que a partir de determinada altura (já faltou mais...) nem isso está garantido. Nem mesmo para os senhores autarcas, alguns dos quais acabam de perder a chupeta da aposentação+um terço do ordenado, ou vice-versa... A justiça tarda, mas vem ! Quando a chuva é intensa e tocada a vento, até os transeuntes com bons chapéus de chuva acabam todos molhados. Não se esqueçam !
3 comentários:
Boa noite! A já algum tempo que venho seguindo o que se passa neste blogue, desde já os parabéns pelo serviço publico que é feito!
Bom, em relação ao tema em si...Eu vivo em Tomar há um ano e meio, talvez dos poucos jovens que procuraram viver numa cidade como tomar...apesar da minha vida profissional ter de ser realizada fora do concelho, mas isso é demasiado óbvio...
Agora sim em relação ao tema, o senhor presidente da camara, bem como granda parte dos "senhores" que constituem o poder local são de uma fraca capacidade de gestão, organização e acima de tudo, falta de visão a tantos niveis, e as vezes era tão simples certas coisas! Depois de ter vivido em algumas cidades do nosso pais, acabo por utilizar o instrumento comparativo em inúmeras situações, e com pena e desagrado esta comparação acaba sempre por ter um resultado negativo para os lados tomarenses. Tanto potêncial que esta "terra" tem, até assusta! Mas o que me assusta mais é ver esse potencial constantemente e progressivamente desaproveitado. Bom mas tudo isso já todos vocês sabem e bem.
De um ponto de vista ,talvez, mais sociológico, acabo por reparar que apesar de todos verem o "ridículo" continuam a eleger democraticamente as pessoas que já conhecem e sabem que nada fazem para mudar essa situação. Depois penso,tenho o bloqueio cognitivo, e acabo a rir do tal "ridiculo", mas ainda mais do ridiculo das pessoas que elegeram e são em grande parte responsaveis por ajudar a criar e manter esta situção ridicula! As vezes parece que a mentalidade é demasiado retrograda e conformista. E essas duas características acabam por fortalecer a patologia.
Acabei por nada comentar em relação ao tema, mas sinceramente acaba por ser mais um comportamento característico desse estado patológico.
Um resto de bom fim de semana e um abraço para todos(as).
Peço sentidamente ao senhor Corvelo de Sousa que não se vá embora, que continue há frente do executivo que muito bem o acompanha, para que os nossos filhos possam testemunhar o "obra" do PIOR presidente de que há memória por terras do nabão.
Cordialmente
Carta aberta ao senhor Corvelo,
Meu caro,
Não se deixe ir abaixo com o que dizem sobre si.
Que o senhor anda perdido? lá isso é verdade!
Que o senhor não tem competências para o exercício do cargo? Lá isso é verdade!
Que o senhor é um froxo e não se apercebe disso? Também parece ser verdade!
Que o senhor anda perdido e vai chutando para a frente umas baboseiras? Lá isso é verdade!
Mas, o que todos sabemos é que o senhor faz parte daqueles que usam uma linguagem seminarista (porque foi seminarista!) de faca e alguidar...? Lá isso é verdade!
Mas por favor, logo que atinja o direito à REFORMA (por via da política) vá-se embora. TOMAR AGRADECE!
Até lá, o povo, esse, vai ficando cada vez com menos esperança no futuro que você está a esmagar!!!
Enviar um comentário