Várias fontes alertaram tomaradianteira para o alegado agravamento da discórdia no seio daquela instituição tomarense de solidariedade social. Conforme é do conhecimento de todos, cada Misericórdia, oficialmente designada por "Santa Casa da Misericórdia", é uma instituição multi-secular, católica, apostólica e romana, sob a forma de irmandade. É gerida por um provedor, eleito de entre os irmãos. O provedor é assistido por uma mesa, composta por determinado número de mesários, em função do total de irmãos. A Misericórdia de Tomar tem como provedor o irmão Fernando Lopes de Jesus, natural de Torres Novas, mas há muito residente em Tomar, ex-proprietário e ex-gestor da Auto Mecânica Tomarense, empresa do ramo automóvel que declarou falência (insolvência, como agora se diz) ao cabo de mais de 40 anos de actividade. Efeitos da crise...
O cidadão Fernando de Jesus integra igualmente, desde há vários mandatos, a Assembleia Municipal de Tomar, para a qual tem sido eleito nas listas do PSD. Neste mandato, faz parte da mesa, em conjunto com Miguel Relvas (que preside) e José Fortunato Pereira, do PS, eleito nos termos do acordo post-eleitoral PSD/PS. O actual provedor foi também vereador da autarquia tomarense na câmara AD liderada por Amândio Murta.
Já na sua qualidade de dirigente máximo da Misericórdia de Tomar, Fernando de Jesus submeteu à aprovação dos mesários uma proposta, que foi aprovada, nos termos da qual o
provedor passou a receber um vencimento mensal de 1.500 euros + ajudas de custo + despesas de representação. Esta nova situação, em total contradição com a prática seguida até então, em que a liderança da irmandade era exercida a título gracioso, causou alguma indignação. Houve mesmo sinais exteriores de discórdia, naturalmente sob anonimato, à boa maneira tomarense.
Posteriormente, a mesa, da qual faz parte entre outros o actual presidente da Câmara, (conforme consta da lápide comemorativa colocada do lado esquerdo da porta de entrada do Hospital Velho), recusou a admissão como irmãos do Padre Borga, ex-vigário geral de Tomar, e do tomarense Luís Pedrosa Graça, que por sinal integra a mesa de uma outra Misericórdia da região da Grande Lisboa. Registou-se novamente alguma discórdia, sob a forma de protestos orais fora da instituição.
Mais recentemente, causou justificada estranheza o facto de não ter havido vagas para internar dois conhecidos irmãos daquela Santa Casa, cujas famílias foram forçadas a recorrer a uma outra instituição especializada da região. Um é mesmo membro da mesa; o outro foi provedor. Insólito, na verdade, pois se a Misedricórdia não acolhe os seus próprios irmãos, há algo que não está bem.
Contestatários ouvidos por tomaradianteira, que solicitaram o anonimato, manifestaram a sua indignação face ao que consideram ser métodos indignos de uma instituição cristã, tutelada pelo bispo da diocese, mas naturalmente submetida às leis do país, que são iguais para todos. Alegam que os empregados daquela Santa Casa são recrutados de forma muito peculiar, na base do compadrio e da subserviência, o que permite ao actual provedor ir-se perpetuando no lugar, uma vez que beneficia dos seus votos, naturalmente condicionados.
Segundo as mesmas fontes, a mais recente turpitude do provedor, acolitado pela mesa, foi a venda de vários bens que integravam o património da Santa Casa, baseando-se numa decisão específica, votada há doze anos, que garantem ter tido na altura um fim bem determinado, em todo o caso muito diferente daquele que agora lhe está a ser atribuído. Ao ser-lhes perguntado porque não contestavam essas decisões junto do poder judicial, alegaram que a Santa Casa é tutelada pelo Bispo de Santarém, pelo que... Ao que percebemos, têm receio de cometer um pecado mortal, que os levaria para o inferno quando morrerem.
Consultado por este blogue, um sacerdote amigo declarou-nos, também sob reserva de anonimato, que pugnar pela transparência, pela justiça e pela honestidade nunca pode ser pecado, mortal ou não, e que, pelo menos para já, o inferno é cá em baixo. Ficamos a aguardar os próximos capítulos de mais esta saga tomarense...
7 comentários:
"...se a Misedricórdia não acolhe os seus próprios irmãos, há algo que não está bem."
De facto, este pacto de quase silêncio em torno da Misericórdia de Tomar tem contornos de heresia.
Sabemos que o mundo não é perfeito mas sonhamos que a moral dos que dizem que a praticam contribua para melhorar as relações humanas. Pelos vistos não é assim. Há quem já tenha desistido de obter um lugar no Céu.
A hipocrisia domina mesmo onde menos se esperaria.
AA
Prof.Rebelo:
Quando o Senhor Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Tomar, passou a usufruir da remuneração que ele fixou a si próprio, houve quem, publicamente, se indignasse com tal acto," pouco misericordioso".
Não teve,na altura, o apoio dos Tomarenses. Todos "aceitarem pacificamente" a como sendo normal tal procedimento e coisa interna da Instituição.
Excepto o Dr.António Maria de Carvalho,(ex-Director de Recursos Humanos das Fábricas Mendes Godinho) que no jornal O Templário, tomou posição. Mas, infelizmente ficou a falar sozinho, ou pelo menos, pouco acompanhado!
Alice Marques
Mais uma situação triste em que o dirigente está claramente a ocupar uma cadeira para encher os bolsos, a caridade é feita não a quem precisa mas sim a esse senhor! ainda por cima vende o patrimonio da instituição, troquem-no por alguém de boa fé sff
Paulo Marques
A nossa cidade vive, talvez, uma das maiores crises da sua história, e principalmente uma crise de valores morais e éticos.
Lembro-me de ler no jornal Templário uma crónica onde era abordada a questão, muito pertinente na altura, do vencimento do provedor, Fernando Jesus.
Creio mesmo que a questão era levantada a propósito de uma artigo sobre o senhor Deoclécio Mina.
Porém, e não vale a pena por a cabeça na areia, que os tomarenses olharam para o lado, porque, aprentemente, não era nada com eles.
Vivemos actualmente uma das maiores crises da história recente de Tomar.
Convém também lembrar que a exclusão dos candidatos a integrarem a irmandade da Misericórdia de Tomar, no caso padre Borga e Dr. Luís Pedrosa da Graça, teve a concordância do actual presidente dâ câmara de Tomar, o senhor corvêlo! Para além de outros que muito hipocritamente passam pelos "rejeitados" e cumprimentam-nos como se os amassem.
Esta hipocrisia reinante é transversal e só saem enaltecidos aqueles que corajosamente vão assumindo outras posturas que não passam, seguramente, pela bajulação fedorenta que por aí reina.
Como diz o povo: DEUS NÃO DORME!
..."O actual provedor foi também vereador da autarquia tomarense na câmara AD liderada por Amândio Murta"...
... meu caro PCA* do blog TOMAR A DIANTEIRA, por amor à verdade e ao rigor, como Vexa. mui bem costuma avocar, diga-se: o actual distinto Provedor da SCMT**, ilustre tomarense por adopção, e à sua (dele) causa muito dedicado, não foi vereador da autarquia na câmara do saudoso Presidente Dr. Amândio Murta; antes, foi-o na câmara de um eminente tomarense, importado das ex-colónias, chamado Dr. Jerónimo Graça; isto na companhia de um outro tomarense, de ginja verdadeira, actual vereador da amantisada maioria, de seu nome Becerra Vitorino!...
então não se lembra que este duo até tentou por em prática, em golpe palaciano, o “corte da cabeça” daquele presidente aquando doente!...( tudo por amor a Tomar…naturalmente!)
meu caro até parece que não andou por cá….
ou come muito queijinho do bom?
PCA* : presidente do conselho de administração
SCMT**: santa casa da misericórdia de tomar
comrigor
Será que não há neste País alguém, uma única pessoa que seja, que diga basta! A falta de pudor alastra, mas um dia o 'saco' fica vazio. E depois? Não se queixem...
Cidadão Atento
O fernando lopes e o zé bezerra fizeram a cabeça em água ao venerando jerónimo.
Ambos vereadores a tempo inteiro, um só queria estar ao serviço depois das seis da tarde, o outro descobriu a sua virilidade e só pensava nas gajas - parecia um adolescente marialva.
Em suma, não faziam patavina, só complicavam.
Foi nessa altura que houve uma jantarada no "Chez Nous" em que o fernando lopes e mais dois luminares do PSD de Lisboa combinaram arranjar forma de o dr. jerónimo perder o mandato, na ocasião valeu o rosa dias e um atestado médico do dr. ferreira para o evitar.
E uma última nota interessante: foi a Câmara que pagou o repasto político dos PSD!!!!!!!!!!
Mas o fernandinho lopes o zézinho bezerra têm muito mais e edificantes histórias.......!!!!!!!
A sorte deles é que há imensas pessoas decentes que as não querem contar ... até um dia!!!!!!!
Perguntem ao dr. jerónimo que ele explica tudo!!!!!
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