domingo, 7 de março de 2010

PEC, ESTILOS DE VIDA, MENTALIDADES E FEITIOS



Fotografias tiradas o ano passado, junto das estações de caminho de ferro de Florença, Pisa e Luca.

Vai por aí um coro de incitamentos para que a nova direcção concelhia do PSD desfaça a circunstancial coligação 3+2, ou, no mínimo, que ponha os dois eleitos do PS na ordem. Reconhecendo que têm todo o direito de o fazer, pedimos licença para discordar. O problema tomarense não resulta só nem principalmente da coligação, nem sequer dos autarcas que temos ou que tivémos. É sobretudo a consequência das decisões do corpo eleitoral nabantino, que ainda não percebeu estarmos apenas a colher os amargos frutos das árvores que sistematicamente temos semeado.
Os autarcas poderão, quando muito, ser acusados de terem apresentado a candidatura a lugares para os quais, como é cada dia mais evidente, não têm jeito, nem pulso, nem ideias, nem gabarito intelectual para o seu desempenho. Não estão à altura daquilo que os munícipes têm o direito de esperar, tendo em conta as generosas retribuições mensais auferidas. Porém, a partir do momento em que foram sufragados, a responsabilidade vai inteirinha para todos aqueles que, embora avisados e bem avisados, designadamente neste blogue, lhes deram os seus votos, apesar de não terem apresentado qualquer programa, projecto, plano, ou sequer um mero esqueleto de um deles.
Nestas condições, manter ou desfazer a estranha coligação, ter a liderança dos dois vereadores do PS, ou dos dois independentes mais o do PSD, como diz o povo, é igual ao litro. Não muda nada de substancial. Nem para lá caminha. E é urgente que mude, se possível de forma radical, porque vêm aí tempos ainda mais negros que o actual. E quanto mais tarde mudarmos, mais difícil vai ser encontrar um novo rumo mais promissor. Basta pensar que, desde o 25 de Abril, muito pouca coisa mudou para melhor nesta nossa terra. O estádio está pior, o mercado idem, o mercado grossista idem, o mercado semanal idem, o Mouchão idem, o Parque de Campismo idem, a recolha do lixo idem, a limpeza urbana idem, o ex-bairro Salazar idem, o da Senhora dos Anjos idem, etc.etc.etc. Praticamente, o único sector que melhorou, e muito, foi o conjunto eleitos+funcionários da autarquia. São muito bem pagos, tendo em conta aquilo que produzem, têm instalações novas, ar condicionado, computadores, impressoras, faxes, fotocopiadoras, telemóveis e material consumível (esferográficas, papel, tinteiros, tonner, etc. etc. enquanto nalgumas escolas por vezes nem sequer há dinheiro para coisas básicas), entram às nove e vão ao café a partir das dez e meia, entram às duas e vão ao café antes das quatro. Quanto aos eleitos, bastará dizer que nenhum dos actuais membros do executivo alguma vez ganhou cá fora tanto como está a agora a embolsar. Convém ter tudo isto presente para perceber que não há, por assim dizer, salvo imprevisível hecatombe política, qualquer hipótese de encurtar o actual mandado. É pena, mas é assim. Quem vos mandou votar em tais candidatos ? Alguma vez alguém viu um cão de pata curta vencer uma corrida de galgos ?
Enquanto isto ocorre por terras da Nabância, lá em baixo, em Lisboa, o governo aprovou o PEC na generalidade. Trata-se, na nossa modesta opinião de eleitores de Sócrates, de mais um embuste para entreter os portugueses. Antes de mais, na designação escolhida -Plano de Estabilidade e Crescimento- este último termo não passa de mero paleio de agência de comunicação. Uma vez que o documento prevê o congelamento dos salários e das pensões, bem como o fim dos principais benefícios fiscais e, eventualmente, mais um aumento do IVA, como poderá haver crescimento se o rendimento disponível vai forçosamente baixar ? Os empresários, por muito boa vontade que tenham, vão produzir para vender a quem, se não há poder de compra ? Para exportar ? Mas para onde, se os nossos principais parceiros também estão em crise, e a implementar planos de estabilidade, alguns bem mais gravosos do que o nosso ? Tudo indica pois que o desemprego vai aumentar e as falências vão continuar, apesar do optimismo de circunstância alardeado pelo primeiro-ministro.
Face a esta sombria conjuntura, os tomarenses continuam a agir como se nada fosse com eles, vivendo "habitualmente", como disse um dia Salazar. Aguardam provavelmente que as coisas melhorem, voltando ao que sempre foram. Infelizmente, para eles e para nós, desta vez estão redondamente enganados. Logo a seguir ao 25 de Abril éramos a segunda cidade do distrito, em termos absolutos, já somos a quarta e estamos na iminência de ser ultrapassados por Torres Novas. Continuem anestesiados com até agora, não se mexam, confiem nos que elegeram, não pensem no "Ajuda-te e Deus ajudar-te-á", nem no "A sorte ajuda os audazes", e depois vão queixar-se ao Muro das Lamentações, a Jerusalém. Se tiverem dinheiro ou crédito para isso, bem entendido.
E a que propósito vieram aquelas fotografias, perguntarão alguns. Apenas para demonstrar que, embora igualmente europeus do sul, dos tais "PIGS" ou "Países-cigarras", os italianos não têm a nossa mania das grandezas. Não se vêem por lá terrenos incultos, nem automóveis junto das estações da Trenitália, ao contrário do que acontece aqui em Tomar, junto à CP. Racionais e modestos, vão até aos transportes públicos de scooter, que é mais barata e gasta muito menos. E não andam constantemente a armar ao pingarelho, ou aos cágados. Vão aprendendo com a experiência. Mas para tanto, é preciso ter um mínimo de inteligência prática, lá isso é verdade !

5 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

Realmente apetece-me dizer que encontrar alguém que tenha decidido ser político, e neste particular autarca, por simples espírito de missão é como tentar encontrar um melro branco na Mata dos Sete Montes.
É por isso que cada vez mais vamos assistindo ao assalto do poder por parte de indivíduos de carácter e competências duvidosos. E a luta política acaba por ser uma farsa, servindo apenas de terreno para guerras partidárias em que o interesse comum está pura e simplesmente ausente!
Os prémios (não lhes chamo ordenados por ser um insulto a quem realmente trabalha e moureja penosamente para ter uma vida digna) são inversamente proporcionais às competências, e não fosse o luxo e o conforto que permitem a quem os aufere, nem um por cento da fauna política que temos estaria "a fazer um grande sacrifício pela nação".
Como se não bastasse, para sangrar ainda mais o erário público, há que acrescentar aos prémios de desempenho (desempenho = falta de empenho) as mordomias adventícias próprias da realeza, traduzidas numa série de "brinquedos" que vão desde automóveis, telemóveis e despesas correlativas que atiram os encargos com estas "sumidades" da nossa sociedade para valores que nem é bom calcular...

Anónimo disse...

Pena seja que se o anterior comentador fosse
ministro não entregasse o seu vencimento legalmente obtido ao Cire...

Tanta demagogia e inveja recalcada.

Anónimo disse...

Nem demagogia nem inveja recalcada. Primeiro porque os factos estão aí à vista de todos e não me deixam mentir! Em segundo lugar porque não preciso do dinheiro que eventualmente receberia por um cargo político. Ao longo da vida soube ganhar e amealhar o bastante para ser actualmente totalmente autosuficiente. Mas do corpo me saiu, ou não tivesse andado a penar com temperaturas negativas a manter pipelines no norte da Europa!

Anónimo disse...

Pois então companheiro em lugar de dizer mal nos blogues nas próximas eleições candidate-se e diga a todos que se for eleito oferece o ordenado e as mordomias ao Cire, uma vez que não precisa dele e delas, de contrário não passa de um tonteco que se diverte e dizer banalidades baseadas na sua pessoal frustração, como é evidente.

Anónimo disse...

Mas porque é que você não se cala com o CIRE? Tem interesses por lá? É que toda a gente sabe que aquilo é um ninho de crocodilos, carregado de interesses e de nepotismo!
Porque não sugere, por exemplo, a criação da Fundação Paulino Paiva?