Tomar a dianteira teve acesso a duas propostas, subscritas pela vereadora Rosário Simões, com contornos surpreendentes (e totalmente inesperados) no actual contexto. Uma refere-se a avaliação e subsequente promoção de funcionários. São 23 considerandos (!!!), quase todos do tipo "no âmbito da Lei nº..., tendo em conta o disposto em...., bem como o nº do artigo ... do decreto...." A outra visa fixar, para o corrente ano, os quantitativos globais para novas admissões (800 mil euros = 160 mil contos), promoções (421 mil euros = 84 mil e duzentos contos) e prémios de desempenho (10 mil euros = 2 mil contos). Um total de mais 1 milhão e 51 mil euros.
Para os contribuintes cumpridores, tais documentos só podem provocar arrepios e suores frios, pois sabem muito bem que, no fim de contas, são eles que têm de pagar, quer queiram quer não. Na presente envolvência sócio-económica, avançar com tal tipo de propostas, em manifesta contradição com o PEC e com as recentes declarações do ministro das finanças, representa, no mínimo, um alheamento pouco comum da realidade local. Não se entende de modo algum que uma artarquia atascada em dívidas, que no mandato anterior até julgou necessário escamotear alguns milhões de débitos, aquando da visita dos inspectores do IGAL, apareça agora a fazer novas contratações e a facultar promoções, quando na realidade não tem fundos disponíves nem para mandar rezar uma missa por alma dos autarcas falecidos.
Prova do que acabamos de afirmar é a atitude da vizinha câmara de Ourém, cuja vereadora da administração e finanças acaba de anunciar uma redução de 30% nas despesas, vincando que "O que nós queremos tão só é equilibrar o orçamento, porque efectivamente uma casa que gaste muito mais que o que recebe, está condenada."
Dado que o concelho de Ourém tem mais eleitores e muito mais pujança empresarial do que Tomar, ocorrem-nos duas perguntas indispensáveis: 1-A autarquia tomarense resolveu adoptar o modelo de gestão de Alberto João Jardim, na Madeira ? 2-Corvêlo de Sousa resolveu assumir a conhecida atitude dos comandantes da marinha, invertendo os termos ao quebrado ? ( Se eu me afundar, o barco afunda-se comigo).
Deve ser grande o desconforto na circunstancial maioria, para que um dos seus membros tenha necessidade de avançar com propostas que poderão ser tudo, prudentes, razoáveis ou oportunas, não são de certeza. Têm a palavra os eleitores, que dentro de 6 meses a um ano serão obrigados a apertar ainda mais o cinto, pois a Moodys (uma das três grandes agências internacionais de notação financeira) já anunciou que o PEC não basta para evitar o agravamento da nota portuguesa, o que implicará aumento dos juros da dívida pública. Nestas condições, onde pensa a autarquia tomarense ir sacar verbas para assumir as novas despesas agora anunciadas? Mistério...
8 comentários:
É fartar vilanagem!
Mais uma situação vergonhosa, ainda por cima numa altura tão má, enquanto deixam fechar empresas na região andam a encher os bolsos, nós apertamos o cinto mas por este andar temos de apertar é o pescoço desses ladrões, é que ao contrário dos ladrões que por aí andam a roubar á noite e a fugir da policia esses roubam sempre que lhes apetece e não fogem de ninguém.
Paulo Marques
Sabe o que lhe digo. Vamos para nova revolução, que isto já lá não vai sem uns sopapos e cabeças partidas.
E desta vez, para ver se aprendem mesmo, não haverá cravos para ninguém!
Não me parecem que estejam a esbanjar assim tanto dinheiro. A Vereadora ex-extrema esquerda, agora no PSD tem de justificar o injustificável ao seu Presidente. Então isto não é fazer alguma coisa no âmbito da política tomarense? Os cofres estão a abonar de dinheiro e o desemprego também abunda por todo o País. Será que em Tomar tal não existe?
Money for the boys?
Pois é. O Ministro Teixeira dos Santos não deve mesmo saber destas coisas. Como não tenho jeito para bufo, não lhe vou contar.
Eu defendo que não se deve intensificar o fogo sobre os autarcas, há outros alvos a que apontar as baterias, uma vez que o melhor que se fez para as populações desde Abril 74, deve-se ao poder local e, naturalmente, aos autarcas, independentemente de muitas coisas... Tenho uma admiração muito especial por eles e às vezes arreiam-lhes em excesso.
Uma coisa já eu tenho a certeza com o tal PEC: vou viver com menos a partir de agora. E aceito, por sentimento de solidariedde e, sim senhor, por sentimento patriota. Isto não é treta! E até, se for preciso (e vai ser...) podem tirar-me mais umas pinguinhas, não irei, em princípio passar fome. Aceito.
Mas assim...
É preciso ter muito juízo, muita responsabilidade com os dinheiros públicos.
E os autarcas devem ser os primeiros a tê-los, porque se confrontam muito diretamente com os problemas das pessoas.
Há muita gente desgraçada por não ter um emprego, muitos, desgraçados para o resto da vida.
Os valores indicados no Post são muito altos. Mas eles é que sabem.
Ó Sr. Presidente da Câmara?!... A sua almofada eleitoral são os funcionários?
O problema é que essas medidas devem decorrer de uma imposição legal, do CCT. E não há PC que lhes resista.
Há de facto opiniões para todos os gostos, mas vamos ver a coisa como ela é de facto. Tal proposta decorre da implementação do Sistema de Avaliacao de Desempenho da Asministracao Publica SIADAP, começado e bem, digo eu, pela então Ministra Manuela Ferreira Leite, que visa conseguir avaliar todos os trabalhadores da administração publica. Começou por ser só uma avaliação dos trabalhadores e rapidamente passou a ser também dos serviços, já com Jose Socrates.
De qualquer forma a versão final de todo o sistema, para a administração autárquica só ficou concluído no ano passado e teve de levar em linha de conta o facto de ter havido em anos sucessivos o congelamento dos concursos para promoção e progressao nas carreiras, em virtude também de não haver sistema de avaliação valido e em execução. Basicamente, estivemos desde 2004 nessa situação. Assim, a lei prevê que os serviços possam decidir usar a chamada opção gestionária, que permite digamos assim colocar o "contador a zero" reposicionando quase todos os trabalhadores, de forma a que agora que a avaliação vai ser efectiva, ninguém ficasse muito prejudicado pelo atraso verificado.
Assim, a opção tomada pelo município é justa para os trabalhadores, com especial impacto nos que menos ganham. De lembrar que 25% dos trabalhadores ganham menos de 600 euros e são esses os mais beneficiados com este reposicionamento, que varia mas tem um valor médio de cerca de 50 euros.
É demagógico afirmar que na "crise" que vivemos não devíamos repor alguma justiça para com os trabalhadores do Municipio. Não foi esse o entendimento da maioria que Governa a Camara (Psd-Ps) e muito bem. Se o governo socialista decidiu deixar essa opção aos serviços, foi porque entendeu que seria uma alternativa para repor alguma justiça, tendo em conta as inúmeras alterações de o sistema de níveis e de avaliação da administração publica tiveram.
Mal seria que em Tomar não usássemos essa justiça para com os nossos trabalhadores, tendo os meios para o fazer. Reduzir as injustiças e gerir com parcimónia os recursos, são também características inatas ao ser e estar da gestão do Partido Socialista. Orgulhamo-nos de estar também neste momento a ajuda-lo a fazer em Tomar.
"Reduzir as injustiças e gerir com parcimónia os recursos, são também características inatas ao ser e estar da gestão do Partido Socialista."
Que o digam aqueles boys da REN, PT e quejandas, bem como sociedades de consultadoria, de advogados e similares que vão medrando à conta do erário público!.
"Orgulhamo-nos de estar também neste momento a ajuda-lo a fazer em Tomar."
Claro, dividindo a (indi)gestão com o PSD e colocando os principais candidatos autárquicos PS de 2005 e 2009 nos lugares da administração que aproveitam para tal efeito.
Gente com uma grande noção da ética republicana do serviço público (venha a nós!!!!).
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