domingo, 4 de novembro de 2012

Cuidado com a tecnoestrutura!!!

Na segunda metade do século passado, o grande economista e filósofo canado-americano John Kenneth Galbraith, duplamente grande, pois além estar entre os maiores da sua especialidade, media 2 metros e 12, alertou por diversas vezes o presidente dos Estados Unidos para o perigo do "complexo militar/industrial". O seu amigo John Kennedy, que o nomeou embaixador USA na Índia, ainda o ouviu, mas foi assassinado.  O seu sucessor, o texano Johnson, fez ouvidos de mercador e foi o que se viu desde então: Vietnam, Iraque, Afeganistão... Porque segundo o conhecido slogan "business must go on".
A uma escala infinitamente mais pequena, desde há tempos que nestas linhas venho chamando a atenção para o polvo municipal, ou tecnostrutura autárquica, em linguagem mais erudita. Como bem sabem todos os que nas suas actividades têm necessidade absoluta de recorrer aos serviços da câmara nabantina, são os funcionários intermédios e superiores "bem colocados" que de facto dirigem o município, quando de acordo com as leis em vigor deviam ser os eleitos. Não se trata agora de saber porquê, desde quando ou por culpa de quem. Não é este (por enquanto) o local indicado nem o momento oportuno. Trata-se, isso sim, de tentar seguir o exemplo de Galbraith, chamando a atenção para a necessidade imperiosa de restabelecer quanto antes a legalidade democrática e republicana, ali para os lados da Praça da República e da Várzea Pequena, condição sine qua non para começarmos a sair do atoleiro.
A presente situação, que já vem de mandatos anteriores, é tão aberrante que estive tentado a baptizá-la como "o carro (os funcionários que dirigem de facto) à frente dos bois" (os eleitos que dirigem oficialmente ou de jure). Só não o fiz para respeitar os autarcas, que nela poderiam ver uma ofensa cabeçal, absolutamente fora das minhas intenções.
Em todo o caso, uma vez que, seguindo o curso normal da história, as formações políticas locais começam a escolher os respectivos cabeças de lista, parece-me essencial que tenham em conta que o futuro alcaide possua sem quaisquer dúvidas estatura humana, académica, política e moral para se impor junto dos actuais patrões municipais de facto. A bem ou a mal. Se colocarem de novo uma ou outra raposa dentro do galinheiro, estamos perdidos! Aqui fica o alerta.

3 comentários:

Leão_da_Estrela disse...

Caro professor,

Plenamente de acordo consigo!
Os FP's têm o dever "apenas" de servir com profissionalismo, competência e isenção aqueles que são os seus "clientes", dentro do estritamente estipulado na Lei. A sua existência funcional justifica-se nesse pressuposto, doutro modo não serão necessários e a sua função deixará de fazer sentido. (não confundir contudo "servidor público" com capacho, p.f.).

O que por vezes acontece e parece ser o caso de Tomar, é que os eleitos vão com tanta sede ao pote, na ânsia de agarrar tudo o que lhes dê estatuto e lhes acautele o futuro, que descuram o essencial: a governação! posso afirmar, arriscando-me apenas a pecar por defeito, que mais de 95% dos autarcas "governa" a pensar no voto da próxima eleição. Não seria grave, se em causa estivessem projectos em curso para a vida dos municípios, mas, bastas vezes, o que está em causa é assegurar o emprego por mais quatro anos.

Será aí que entram os malandros dos FP's, que vendo-se sem rei, nem roque, sem orientações e caminhos definidos, não vão mais além da natureza humana: o espaço está livre, a coisa tem que andar minimamente e alguém começa a preencher o espaço deixado vago; normalmente os com menos escrúpulos é que se chegam à frente, e depois para os desalapar, é um castigo. Mas como muito bem disse, as coisas só acontecem porque alguém deixa(deixou) que aconteçam e não é preciso vir alguém com chicote, que apenas conseguirá o efeito contrário. Basta vir alguém competente, proactivo, conhecedor da Lei, das atribuições, funções e estatuto do Funcionário, dar-se ao respeito e, mais importante, colocar cada macaco no seu galho! há-de ver que a coisa entrará nos carris.

Oxalá haja por aí alguém com esses atributos.

Cordialmente

Anónimo disse...

Lá haver há, o problema é que não parece convir nem a uns nem a outros, embora por razões nem sempre convergentes.

Paulatinamente,

A.R.

Leão_da_Estrela disse...

Caro professor,

Sem mais local para colocar a "piadola" e como cita um tipo meio americano, tomo a liberdade de lhe enviar também um artigo dum americano inteiro, Marc Faber:

Curiosa teoria económica anunciada nos Estados Unidos.
O tipo chama-se Marc Faber. É analista e empresário.
Em Junho de 2008, quando a Administração Bush estudava o lançamento de um projecto de ajuda à economia americana, Marc Faber escrevia na sua crónica mensal um comentário com muito humor:

"O Governo Federal está a estudar conceder a cada um de nós a soma de 600,00$(USD). Se gastarmos esse dinheiro no Walt-Mart, esse dinheiro vai para a China. Se gastarmos o dinheiro em gasolina, vai para os árabes. Se compramos um computador o dinheiro vai para a India. Se compramos frutas, irá para o México, Honduras ou Guatemala. Se compramos um bom carro, o dinheiro irá para a Alemanha ou Japão. Se compramos bagatelas, vai para Taiwan, e nem um centavo desse dinheiro ajudará a economia americana. O único meio de manter esse dinheiro nos USA é gastando-o com put@s ou cerveja, considerando que são os únicos bens realmente produzidos aqui. Eu já estou a fazer a minha parte..."

RESPOSTA DE UM ECONOMISTA PORTUGUÊS IGUALMENTE DE BOM HUMOR:

"Estimado Marc: Realmente a situação dos americanos é cada vez pior. Lamento no entanto informá-lo que a cervejeira Budweiser foi recentemente comprada pela brasileira AmBev. Portanto ficam somente as put@s. Agora, se elas (as put@s), decidirem mandar o seu dinheiro para os seus filhos, ele viria diretamente para a Assembleia da República de Portugal aqui em Lisboa, onde existe a maior concentração de filhos da put@ do mundo."

Desculpe as arrobas, mas sem elas isto não teria piada.
No entanto a situação não é muito diferente em Portugal, onde parece que só o tintol ainda é português, porque a cerveja também já era...

Ah, e veja lá se desencanta praí o D. Sebastião.

Ctos