É verdade. Num país tão pequeno e já com mais de oito séculos de independência, onde todos falam a mesma língua e nenhuma região reclama a independência (a não ser o pacóvio Jardim, para sacar mais ajudas do "contenente"), chegámos a esta fractura nacional: duas tribos que se falam e convivem, mas não se compreendem nem vivem no mesmo mundo. Cf. reacções indignadas às declarações de Isabel Jonet, a configurar casos de censura prévia e pensamento único.
A nível local -que é o que mais interessa, pois à escala do país a nossa influência provinciana é nula- basta atentar nas recentes reacções dos presidentes de junta face à decisão governamental de agrupar freguesias, no comentário de Luís Ferreira ao texto anterior ou nas sucessivas e infrutíferas manifestações a favor da suspensão da reforma hospitalar, para constatar que, lado a lado, convivem uma população pachorrenta mas realista e outra mais activa mas fantasista, no sentido em que age como se vivesse numa outra sociedade. Vejamos mais em detalhe.
Dados oficiais indicam que 75% dos portugueses dependem do Estado e que 43% não pagam IRS nem IRC. Não consegui aceder às percentagens concelhias. Porém, observando à volta, sou levado a concluir que as ditas percentagens serão ainda mais elevadas. Ou seja, a actividade privada, a única que produz riqueza transaccionável, é por estas bandas residual e demasiado parasitada pelas estruturas públicas. Nestas condições, que esperar?
Nos países comunistas, que entretanto implodiram, não foram a contestação popular nem os opositores políticos que os derrocaram; foi a economia, constantemente anemiada pela enormes despesas militares e de segurança e por isso incapaz de corresponder aos anseios das populações. Outro tanto está a acontecer em Portugal e particularmente em Tomar. Com uma autarquia demasiado pesada e excessivamente burocrática, dependendo de um governo idem idem, aspas aspas, é óbvio que se impunha e impõe um único verbo: CORTAR. Cortar a direito, doa a quem doer, tendo em conta bem entendido a necessária protecção dos mais indefesos (crianças, idosos, doentes, incapacitados...). Os outros que vão ocupar postos de trabalho, onde os houver disponíveis. Ou empreender.
A comunicação social dá relevo à actual vaga de emigração, procurando dramatizar a coisa. Não há para tanto. Nos anos 60/70 do século passado, cerca de um milhão de compatriotas atravessaram as fronteiras "a salto", rumo a França, à Alemanha, à Bélgica, à Suiça. Iam sem emprego prometido e uma vez chegados eram obrigados a conseguir carta de trabalho e autorização de residência, designadamente em longas filas desde as cinco da manhã nos ex-matadouros de La Villete, no sector norte de Paris. E agora que saem legalmente, de avião e sem necessidade de autorizações de trabalho ou residência nos países da UE, ainda se queixam? É a geração mais preparada de sempre? Pois nem tanto. Os do século passado é que saíam preparados para tudo, incluindo os sacrifícios e os bairros da lata. Os de agora, se excluirmos os médicos, investigadores científicos, enfermeiros, engenheiros e pouco mais...ostentam diplomas, é verdade, mas sabem fazer alguma coisa com qualidade, além de reivindicar?
Em conclusão, creio que o melhor é "voltar à terra", manter os pés bem assentes no chão e procurar dar o corpo à curva. As coisas são o que são. Não adianta iludir-se ou tentar iludir os outros No meu pobre entendimento, dentro de 25 anos no máximo (tenho pena de já cá não estar para ver), já não haverá juntas de freguesia e quanto a municípios, só com mais de 50 mil habitantes. O que significa que o de Tomar, se nada de profícuo for feito entretanto, está condenado. Quanto aos hospitais, aqui no Médio Tejo apenas subsistirá um custeado pelo Estado. E o glorioso 15 tem os dias contados, tal como o Politécnico no seu formato actual. É triste mas a caminhada para o futuro não poupa nada nem ninguém. Se até a França já está com a corda no pescoço...
1 comentário:
-Plenamente de acordo...
Isto, claro está, se nos entretantos não rebentar por aí uma guerra qui ça mundial!!!
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