EL PAÍS, Negócios, 11/11/2012, página 6
"Primeiro Plano.
"Os canhões apontam para Paris. Alemanha, Bruxelas e as instituições internacionais avisam a França que, sem reformas, pode vir a ser a próxima pedra do dominó da crise."
EL PAÍS, Negócios, 11/11/2012, página 8
"Pierre Moscovici, ministro das finanças francês: "Sei que todos querem que façamos reformas. Vamos fazê-las."
Compreensivelmente, os socialistas portugueses, arredados do poder por indecência de execução, rejubilaram com a vitória do socialista francês François Hollande, na eleição presidencial. Consideraram que iria fazer a demonstração de que há outro caminho, diferente da austeridade e das reformas estruturais. Infelizmente para todos, seis meses mais tarde constata-se que o sonho durou pouco. Estes dois recortes do espanhol EL PAÍS, geralmente considerado da esquerda rigorosa, são assaz elucidativos. A França tem de actuar quanto antes na área da economia e finanças, sob pena de vir a enfrentar um resgate semelhante aos já em vigor na zona euro, designadamente o português.
Se dúvidas subsistem ainda, nomeadamente no que concerne ao prezado conterrâneo Luís Ferreira, eis o que noticia o insuspeito LE MONDE de ontem:
"Berlim manifesta inquietação com a "falta de acção" de François Hollande"
"O ministro das finanças alemão terá solicitado um relatório sobre as reformas estruturais a implementar em França"
"Já havia na diplomacia os "non-papers", documentos sem existência oficial que explicam em "off" o ponto de vista governamental. O ministro das finanças alemão acaba talvez de inventar o "não-pedido".
De acordo com um artigo publicado no passado dia 9 pelo semanário Die Zeit, Wolfgang Schäuble solicitou oficiosamente, na quarta-feira, dia 7, aos cinco economistas que aconselham o governo germânico, um relatório sobre a situação em França e sobre o que conviria fazer para o relançamento da economia gaulesa.
Se o presidente do referido conselho desmentiu que o ministro tenha efectuado tal pedido, aquando da entrega das previsões para 2013, no governo alemão, um porta-voz do ministério das finanças limitou-se a um surpreendente "no comment". E aproveitou até para recordar que "o ministro se preocupa em permanência com as medidas a implementar nos países da zona euro" e que "muitos países necessitam de levar a cabo reformas estruturais". Pouco depois, aproveitou para convidar os jornalistas a contactar com um dos conselheiros do governo germânico, Lars Feld, que declarou à Reuters que "as preocupações são cada vez maiores devido à falta de acção do governo francês sobre a reforma do mercado laboral".
O governo francês teriam motivo para ficar chocados com semelhante pedido, de tal forma seria um exemplo de desconfiança entre as duas capitais. Quanto aos alemães, tèm uma outra razão para se ofender: o referido conselho de economistas é independente e, desde a sua criação, há meio século, nunca trabalhou senão sobre a Alemanha.
Seja qual for a verdade factual, é incontestável que a Alemanha se mostra cada vez mais inquieta sobre a saúde económica da França. No seu relatório, os economistas consideram que, "tendo em conta as tendências recessivas da zona euro, a situação em França é cada vez mais preocupante. A segunda economia da zona euro estagna há três trimestres, enquanto que o PIB se situava no segundo trimestre deste ano 0,3% abaixo do valor registado um ano antes. Os indicadores conjuntura não mostram qualquer evolução favorável da situação."
Tal como a Comissão Europeia, os citados economistas germânicos duvidam da capacidade da França para conseguir reduzir o défice a 3% do PIB em 2013. "Tal evolução parece tanto mais difícil quanto é certo que a nova taxa de IRS de 75% para os rendimentos anuais superiores a um milhão de euros, poderá vir a gerar um contexto hostil aos investimentos." Como sintetiza o Deutsch Bank, num estudo publicado no passado dia 9, "a França continua a ser uma criança problemática".
Alguns íntimos de Angela Merkel já nem usam luvas quando comentam a política de François Hollande. "Seria bom se agora os socialistas franceses começassem realmente a implementar as reformas estruturais. Seria bom para a França e para a Europa", declarou sexta-feira passada ao Spielgel On line Volker Kauder, presidente do grupo parlamentar CDU no Bundestag.
Sendo certo que estas declarações de dirigentes conservadores têm segundas intenções, denotam igualmente uma verdadeira preocupação da Alemanha. Se a França se afunda, toda a zona euro corre o risco de entrar em recessão, incluindo a Alemanha. A tarefa será árdua para o primeiro-ministro francês, que no dia 15 se desloca a Berlim, para explicar à chanceler alemã a política francesa."
Frédéric Lemaître, Le Monde, 11/11/2012, página 12
8 comentários:
Ou muito me engano, ou daqui a uns meses a Europa terá um triste final:
1º a Grécia
2º Portugal
3ºa Itália
4º a Espanha
Seguidamente a França
Parece um baralho de cartas a desmoronar-se.
Tanta gente incompetente e ao mesmo tempo tantos a roubarem e sem que nada lhes aconteça, enquanto outros que roubam "migalhas" são logo presos.
Vou-me escangalhar a rir quando este malfadado dia chegar, e acreditem que não está longe...
O Povo é tão ignorante...
Prof.Rebelo
Há uma reforma essencial que deve ser implementada o quanto antes:
- a alteração da política seguida que, está visto, não funciona;
- o financiamento direto aos Estados pelo BCE, em lugar de engordar os lucros fabulosos da banca comercial que se financia no BCE a 0,75% e vende aos estados a 4 , 5, 6%;
- a derrota dos governos de posição neo-liberal, a começar pelo Governo Alemão, substituídos por Governos socialistas.
Subscrevo as duas últimas. Quanto à primeira, por enquanto ainda ninguém apresentou qualquer alternativa susceptível de conseguir o acordo dos credores. E sem ele...
Mas nada de ilusões, amigo Luís! Mesmo com governos socialistas, como em França, ou comunistas, como em Chipre, ninguém escapa a rigorosas medidas de austeridade, nem a dolorosas reformas estruturais. É só dar tempo ao tempo...
" a derrota dos governos de posição neo-liberal, a começar pelo Governo Alemão, substituídos por Governos socialistas."
- Levaram Portugal à falência, não assumem as suas responsabilidades "fugindo" uns para Paris, e mesmo assim não se calam!! O que querem mais!? Levar a Europa(Grécia tb falida está) à falência!?
É certo que a actual politica está errada, mas o que deve ser realmente feito nem o PS nem qualquer partido politico o fará, pois umas das primeiras coisas a fazer, é limpar o País desta gente intitulada de políticos.
Necessário um sistema politico sério, muito mais barato e que preste contas à justiça em caso disso.
Winston Churchill estava certo quando disse: "O vício inerente do capitalismo é a distribuição desigual da riqueza, mas a virtude do socialismo é a distribuição igualitária da miséria"! É verdade! Aos montões de pobres já existentes, os vários governos socialistas europeus nivelaram a praga da pobraza por alto: juntaram-lhe agora também a depauperada classe média!
Segundo informaçoes vindas a público a Europa já se encontra em recessão(técnica).
Contra a opiniao dos sabichoes aqui do burgo(Portugal) isto vai lá, aí vai vai, é tudo uma questao de tempo...
Opa, pela primeira vez vejo algo escrito pelo vereador Luís Ferreira com cabeça, tronco e membros. Há muito que digo que a crise "acabaria" e o crescimento subia, se não fossem os elevados juros que os países pagam pelas suas dividas, bastava o BCE intervir, renegociar as dividas, baixar os juros e de certeza que haveria um crescimento sustentado, mesmo com austeridade, mas nunca com esta que nos querem impor de empobrecimento total. Pensem se tudo não está a ser feito de forma que iremos ficar como estávamos no dia 24/4/1974?
-Não digam que a culpa agora é do valor dos juros!!
-Senhores, mas será que as cabecinhas muito inteligentes que estiveram no anterior governo, e sendo eles os principais culpados da bosta em que estamos metidos, não sabiam os juros que se pagavam!? Querem porco e corda à borla!?? Isso não existe.
-Nos dias de hoje ninguém dá nada a ninguém.
- O BCE, tal como o Banco de Portugal anteriormente, não tem nem terá o papel de financiador de Países nem de Pessoas ou Empresas. Esse não é o seu papel como "todos" deverão saber.-Nesse imaginário dia a Banca comercial fechava as portas, ora isso é sonhar o impossível.
- O que tem de ser feito, já o tenho escrito muitas vezes é uma profunda reforma do sistema politico, doa a quem doer, e isto implica fechar câmaras, juntas de freguesia, reduzir drasticamente as estruturas do Estado Central, fechar quartéis militares, e reduzir os gastos em equipamento militar ao mínimo dos mínimos.
A juntar a tudo isto, também, e não menos importante, existir responsabilização civil e criminal nos actos por parte dos decisores políticos e judiciais. A impunidade vigente nos meios políticos e nas cúpulas das grandes empresas "apadrinhadas" por políticos tem de acabar dê por onde der(Exs: BPN e companhia)....
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