sexta-feira, 20 de março de 2009

ANÁLISE DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL

A ganância perante os fundos europeus dá nisto. Projectos à trouca-marouca, obras à Lagardère, acabamentos à paposseco. Bastas vezes alertada, designadamente pela comunicação social, a Câmara manteve-se firme e hirta nas suas posições. Só agora, pressionada por quem de direito após os acidentes já ocorridos na zona, se resolveu a sinalizar o perigo ali existente. Se e quando o tribunal determinar uma reparação monetária avultada às vítimas, quem vai pagar? Os contribuintes, como é costume. E quem fez as asneiras? Os autarcas teimosos e deslumbrados. Com é costume também.




Redacção de Tomaradianteira Colaboração CLIPNETO









A nossa análise da imprensa desta semana limita-se a três tópicos e um comentário. Começamos pelos tópicos.


Sem papas na língua, Pires da Silva, por enquanto ainda presidente do Instituto Politécnico de Tomar, afirmou que o organismo a que preside é "líder mundial ao nível dos estudos da arqueologia e do património". Nem mais nem menos. E tem direito a citação e foto a duas colunas na 1ª página do MIRANTE.


Enquanto isto, nos blogues tomarenses, designadamente do d'O TEMPLÁRIO, comentadores tecem fortes críticas ao funcionamento do IPT, onde ao que parece uns comem os figos e a outros rebentam-lhes os beiços. A tradicional má-língua local até já conseguiu arranjar uma formulação sintética para o ensino ministrado naquela instituição da Estrada da Serra. Segundo dizem, após o ensino básico e o ensino secundário, alguns alunos, quando não conseguem entrar em mais lado nenhum, vão para o ensino terciário do IPT, passando assim a integrar o refugo do refugo a nível nacional. E a frequentar "o líder mundial ao nível dos estudos da arqueologia e do património", fica-se agora a saber. Como usam dizer os europeus de além Pirinéus -estes tipos do sul são cá uns exagerados!


O outro tópico é a manchete do CIDADE DE TOMAR : Projecto de recuperação dos Lagares D'El-Rei - O futuro museu de arqueologia industrial. A incorrecção começa logo pela denominação. Muito antes de serem d'El-Rey foram os Lagares e Moinhos da Ordem de Cristo. Usurpados aquando da subida ao trono de D. Manuel, que já era Mestre da Ordem, como herdeiro por linha masculina do Infante D. Henrique, perpetuar tal designação é aprovar esse esbulho, que marca o início da longa decadência tomarense, à qual continuamos a assistir.


Para além de tal erro histórico, pretender avançar com a recuperação de vários edifícios para neles sediar outros tantos museus, é totalmente errado e quase do domínio da realidade virtual. Além dos fundos da UE, se chegarem a ser concedidos, quem avançará com o restante? Quem assegurará a avultadas despesas de instalação, funcionamento e manutenção de tanto museu? Com que fim?


Com a ida para Coimbra do seu antecessor, cuja principal qualidade era a obstinação quase doentia, houve alguma esperança de que Fernando de Sousa caísse na real e tentasse pelo menos trilhar outros caminhos, mais promissores e mais transparentes. Chegou até a dizer, em entrevistas, que respeitaria as ideias de António Paiva até final deste mandato, mas depois traçaria outros planos. Vai-se a ver, tudo indica que ou se esqueceu, ou entretanto mudou de opinião, posto que, se tudo correr bem, as obras dos tais museus arrancarão lá para o próximo ano. Se os novos autarcas aceitarem arcar com tal molho de bróculos, na previsível situação de grave crise económica e social. Cá estaremos para ver...


O terceiro tópico é a manchete de O TEMPLÁRIO: Ainda o processo Parq T - Tribunal de contas chumba empréstimo. Trata-se de mais uma das muitas complicações em que se meteu a autarquia tomarense, justamente por causa das ideias fixas de António Paiva. Neste caso, o tribunal competente chumbou o pedido de empréstimo de 4,3 milhões de euros, com os quais se pretendia, entre outras coisas, liquidar os 750 mil euros devidos à Parq T por decisão judicial. Segundo o Tribunal de Contas, os fins a que se destinava o empréstimo careciam de esclarecimento prévio.


O comentário referido no início é, igualmente sobre O Templário, que na edição desta semana publicou, supomos que uma vez mais, o seu "Estatuto Editorial". Quando tal acontece, é costume dizer-se que há mouro na costa, ou enguia debaixo da rocha. Maneira de insinuar que nada acontece por acaso, sobretudo na imprensa.


No citado estatuto, pode ler-se no ponto 5 que "O Templário distingue, muito claramente, a informação da opinião. Reservamo-nos, todavia, o direito de relacionar, interpretar e emitir opinião sobre quaisquer factos ou acontecimentos." Para além da redundância, pois qualquer facto é um acontecimento e qualquer acontecimento não pode deixar de ser um facto, nada temos a condenar ou criticar enquanto princípios teóricos. Quanto à prática, a música já é outra.


Ao reservar-se o direito de relacionar, interpretar e emitir opinião, está o Templário a explicitar as tarefas mais nobres da profissão, as quais, no seu conjunto, permitem perspectivar as ocorrências para os leitores demasiado ocupados dos nossos dias. Excelente princípio, portanto. Só é pena que o Templário, que se saiba, raramente ou nunca o aplique, em conformidade aliás com aquilo a que se poderá chamar a "escola nabantina de jornalismo". (Ver "Parabéns a Cidade de Tomar"). É assim. Não se trata de gostar ou não. Apenas de mostrar as coisas como elas são.

6 comentários:

Anónimo disse...

Consulte a lei de imprensa e perceberá o porquê da publicação.
Não sou pago para defender o Templário, mas julgo que o pessoal do Templário está a cumprir a lei, que a isso determina. Pelo menos foi o que me disseram.

Um amigo de O Templário

Anónimo disse...

E a isenção existe, lá pelo Templário?

Basta comparar na mesma semana um jornal e outro e percebe-se bem quais os grupos políticos que são de forma ostensiva obliterados da informação.

Não é da opinião. É da informação.
E isso se não é crime, está muito próximo.

Anónimo disse...

Tomar, terra de zombies...yes???

Anónimo disse...

Gosto muito da perspectiva! Banquinhos para o lazer, aliás, Tomar é uma cidade voltada para o lazer e para a baixa política feita à medida da ralé que a procura. Lemos as suas defecações por estes sítios. A luta vai-se assanhando à medida que o tempo corre e se aproximam as eleições. Cem cães a um osso, neste caso um osso suculento, recheado de bom salário e outras benesses conexas, fora o que vem por fora...

Ao fundo um resquício do que foi Tomar. A chaminé das Fábricas Mendes e Godinho desmembradas por sucessivas administrações autofágicas...

Em Tomar nada perdura, tudo é demasiado efémero. Pode mesmo dizer-se que até o efémero é efémero tal a velocidade a que tudo desaparece...

Anónimo disse...

Perdura, perdura...

A incompetência e o oportunismo dos que nos têm governado.

Sem rumo, sem querer, sem coragem.

Filhos menores de um Deus ainda mais pequeno.

Anónimo disse...

Tem razão meu amigo! Mas quando escrevi o que escrevi estava a pensar só nas coisas boas que se nos escapam por entre os dedos...