quarta-feira, 11 de março de 2009

RUMO À SENHORA DA ASNEIRA - 2



António Rebelo
Vimos, na peça 1, que a autarquia tomarense parece não saber muito bem o que fazer com a Cerca Conventual (Mata dos Sete Montes), com a Cerrada dos Cães, ou com as calçadas cidade/convento, e vice-versa. Disse-se, também, que a aliança Câmara/IGESPAR/INCN já começou a abrir brechas. Os que administram a Mata fizeram saber que apoiam a requalificação da ligação ao Convento, mas não podem assumir a parte que lhes competia, por falta de verba.Nestas condições, cheguei a temer seriamente que se fosse cometer mais uma asneira das grandes, introduzindo o trânsito automóvel naquele recinto florestal. Seria uma verdadeira heresia mas, nestes tempos conturbados, nunca se sabe.
Uma conversa recente, com alguém ao corrente destes assuntos, deixou-me mais sossegado, embora não totalmente tranquilo. Mais sossegado, porque me garantiram que nada será feito para introduzir o trânsito automóvel na multicentenária mata. As obras previstas têm por fim único melhorar a ligação pedonal já existente.
Embora não totalmente tranquilo, dado que continuo sem saber quando é que se resolverão a mandar reparar e limpar a Calçada de S. Tiago (que poderá depois vir a ser integrada na Rede Europeia dos Caminhos de Santiago), bem como a Calçada dos Cavaleiros. O mesmo acontece com a opção de ligação escolhida, que considero útil mas errada, porque não prioritária. Mais adiante, noutro texto, tentarei argumentar a minha posição.
Entre a cidade e o Convento existem 8 (oito) possíveis ligações pedonais directas. Destas, duas só os realmente conhecedores sabem onde se situam, e não são praticáveis por qualquer um. De momento é até conveniente que a situação se mantenha, para evitar possíveis erros crassos. Quando, e se um dia, houver um plano devidamente estruturado, valerá então a pena considerar a utilização dessas duas passagens, agora praticamente ignoradas. Pode ser, contudo, uma hipótese de muito remota concretização, posto que quem costuma planear, ou mais ou menos, nem sequer sabe onde ficam; quem sabe onde ficam, não costuma planear, e quem sabe onde ficam e sabe planear, só estaria disponível em condições muito específicas.
Neste enquadramento, restam-nos 6 seis ligações utilizáveis Cidade/Convento/Cidade, das quais cinco são apenas pedonais. Destas cinco, três atravessam a antiga Cerca Conventual: Almedina, que é de longe a mais antiga, Torre da Condessa, do século XVI e Lagar ou Arcos, que sempre serviu apenas para veículos de tracção animal.
As duas fotos acima mostram o Portão do Lagar, ou dos Arcos, a melhor ligação pedonal ao Convento, apesar de ser a mais longa. Na verdade, é a única em condições de acolher os visitantes com dificuldades de locomoção, ou mesmo em cadeiras de rodas, pois não comporta qualquer degrau no seu percurso, o que torna desnecessária a construção ou instalação de rampas de acesso, ou de ascensores, obrigatórios de acordo com as normas da UE Tem o inconveniente de aceder ao Portão do Pátio dos Carrascos, a poente, quando a actual recepção aos visitantes se situa do lado oposto, a nascente. Não se trata, contudo, de qualquer dificuldade inultrapassável. Para a resolver bastará planear e proporcionar circuitos de visita alternativos, com início no Pátio dos Carrascos. Ir à Índia, por mar, contornando a África, era incomensuravelmente mais complicado e já o conseguimos há mais de quinhentos anos.
Apesar disso, pensaram e pensam de maneira diferente, os autarcas que temos. Escolheram melhorar o acesso pedonal ao Convento pela Torre da Condessa. No próximo artigo procurarei demonstrar porque não têm razão. Sem antipatia ou azedume, mas igualmente sem renúncia ou autocensura.

3 comentários:

Anónimo disse...

A fim de criar uma álea suficientemente larga para poder escoar o trânsito imenso que se vai gerar, quer de peões, quer de viaturas, advogo uma solução idêntica à que foi tomada na zona da igreja de Santa Maria, isto é, o corte radical da grande parte das árvores da Cerca, até porque desse modo ficará bem à vista a obra feita.
Quanto as explicações alguém (ir)responsável da câmara saberá concertar uma justificação a contento da galitada...

...ou não estivéssemos nós em Tomar!

Anónimo disse...

E depois ainda há quem diga que são bons para ir em segundo, terceiro ou quarto de uma lista. Tomar está cheio de criminosos "paiventos" que assassinaram não só a economia como a alma da cidade e do concelho. Estes sim eram capazes de vender o Convento de Cristo para fazer mais duas dezenas de rotundas e umas centenas de lombas.
Ass.Brum

Anónimo disse...

Depois de ler no Cidade de Tomar desta semana a opinião que o presidente da câmara, Corvêlo de Sousa, tem sobre o abate das árvores da igreja de Santa Maria, rematada com o hino ao pensamento que é defender que o abate permite uma melhor visão do conjunto arquitectónico, sugiro que se abatam os plátanos do Moucão parque por forma a permitir melhor visão da estalagem de Santqa Iria. Que se abatam as árvores da mata dos Sete Montes para permitir melhor visão da Charolinha. Que se abatam TODOS os pinheiros do Pinhal de Santa Bárbara para melhor visão das antenas lá montadas. Que se desertifique a encosta do Castelo a fim de permitir melhor visão das traseiras da câmara e do tecto do parque de estacionamento que o sr. paiva mandou construir nas traseiras da mesma.
Enfim, e finalmente, que se abatam todas as árvores com altura superior a 2,50 mts para permitir melhor visão...da miséria em que esta terra se transformou!!!

Cidade Jardim, dizem eles...