sexta-feira, 6 de março de 2009

AUTÁRQUICAS 2009: TUDO EM ABERTO

António Rebelo
A entrevista do Dr. Bento Baptista, publicada em duas páginas da edição de hoje de O MIRANTE, constitui, segundo penso, o acontecimento político da semana, ou até do mês. Merece por isso uma reflexão mais alargada que o já escrito aqui no blogue sobre o mesmo tema (Ver Análise da imprensa local e regional).
Até agora, era ponto aceite, pela generalidade da chamada opinião pública, que havia dificuldades nalgumas candidaturas, mas que o PSD já as teria ultrapassado com a difícil aceitação do 2º lugar pelo vereador Carlos Carrão. As declarações ponderadas de Bento Baptista vieram dar outra vertente à questão. Fundador do PSD local, vereador antes e depois do 25 de Abril (durante o mandato de Pedro Marques), tomarense de sempre, as suas declarações praticamente não deixam margem para dúvidas. Não está particularmente entusiasmado com nenhum dos candidatos já anunciados, que considera "boas pessoas", ao mesmo tempo que coloca numa posição incómoda os dois semanários tomarenses, ao prestar declarações tão importantes a um jornal de fora do concelho. Tudo isto feito com tacto e num tom calmo, de quem já viu muito e não depende de nada nem de ninguém.
Quanto à comunicação social nabantina, poderá estar agastado com o facto de parecer que é controlada pelo PSD, uma vez que, "em política o que parece é". Já sobre as candidaturas, anunciadas ou previsíveis, terá concluído que todas padecem de três grandes problemas, qualquer deles dificilmente ultrapassável: A - Cabeça de lista pouco mobilizador; B - Lista pouco credível; C - Não existência de um projecto ao mesmo tempo empolgante, plausível e realizável.
No que se refere ao PSD, é agora manifesto que um dos fundadores do partido não considera que o anunciado cabeça de lista possa ser um bom autarca. Apenas "sensivel, culto e boa pessoa". Acresce que, para convencerem Carlos Carrão a embarcar na aventura em 2º lugar, ter-lhe-ão prometido que, na hipótese de vencerem, o presidente aposentar-se-á a meio do mandato, cedendo-lhe o lugar. É pelo menos o que dizem fontes geralmente bem informadas, que os responsáveis PSD ainda não julgaram útil desmentir, apesar de semelhante rumor enfraquecer singularmente a candidatura de Corvêlo de Sousa.
No caso dos IpT, além da questão do cabeça de lista, que muitos pensam já não ser o candidato ideal para as actuais circunstâncias, há a falta do tal programa credível e ganhador, bem como a óbvia dificuldade para encontrar as candidatas, tornadas indispensáveis pela legislação em vigor. Pesa igualmente o facto de o mandato em curso não ter sido, apesar de todos os seus esforços, muito prestigiante para a formação de Pedro Marques e Rosa Dias. Muitos eleitores ainda não entenderam o que terá levado à aliança de pessoas tão diferentes e o que teriam feito na realidade, caso tivessem vencido as anteriores eleições.
O PS/Tomar parece viver numa espécie de realidade virtual. Tudo indica que ainda não se deu conta de que irá sofrer as consequências das posições impopulares do governo Sócrates, sem todavia beneficiar de eventuais decisôes governamentais favoráveis para Tomar. Isto porque, apesar dos evidentes esforços da actual estrutura dirigente, é claro que a mensagem não passa, e não passa por falta de credibilidade. Na altura adequada, em vez de um cabeça de lista que pudesse suscitar expectativas favoráveis, escolheram um que não terá sido particularmente brilhante como vereador, nem no mandato de Jerónimo Graça, pelo PSD, nem neste, pelo PS, malogrando assim antecipadamente o factor surpresa. Há depois a tal ausência de programa atractivo e realista, particularmente importante numa época de grave crise económica. A exagerada aversão pelos IpT é mais um aspecto nada abonatório para quem proclama a ética e os bons costumes, mas se revela amiúde de uma intolerância doentia.
Restam a CDU e o BE, forças políticas úteis para o debate sério dos problemas locais, mas cuja acção será sempre supletiva, dada a sua fraca implantação.
Os dirigentes locais vão protestar contra este texto. Os mais calmos e educados dirão que é tudo falso. Outros, mais exaltados e menos cordatos, dirão outra vez que não estou bom da cabeça. É humano. Ninguém gosta de perder o seu ganha-pão de forma inglória, tal como ninguém ousa admitir que está equivocado. Mesmo após o escrutínio de Outubro próximo, os derrotados vão tentar demonstrar por A mais B que atingiram os objectivos previamednte fixados. Como dizia o Vasco Cunha Rego "As coisas são o que são e não como gostaríamos que fossem".
Conforme prometido anteriormente, esclareço qual a minha intenção de voto, no estado actual das coisas. Em Junho votarei PS, o partido que realmente nos uniu à Europa, para os bons e para os maus momentos. Nas legislativas não terei qualquer dúvida em votar PS/Sócrates, por evidente inexistência de qualquer alternativa de confiança, mesmo relativa. Nas autárquicas, a manter-se o panorama actual, ficar-me-ei pela abstenção, voto branco, ou nulo. Gosto muito de dormir descansado e se votasse num dos candidatos já conhecidos era bem capaz de me arrepender e perder o sono de vez em quando. Já pensaram na actual situação emociomal de quem votou António Paiva?

4 comentários:

Anónimo disse...

Oh Tó sabes porque é que o Rosa Dias se meteu nos IpT? Tinha hipótese de ser eleito vereador, para matar o bicho da política, e o objectivo fundamental, segundo palavras suas, conseguir que o Paiva ajudasse o seu Sporting de Tomar... mais nada. Quem negar isto é mentiroso. Eu sei do que escrevo pois andei por lá.
Quanto ao Paulo Krugman... pronto como és um grão de areia (e és mesmo) devo dizer-te que se fores tecnicamente razoável diferenciarias, aos teus ignorantes leitores, economia positiva de economia normativa ou não notas nada desta diferença nas palavras de Krugman? Eu não comprei o livro porque tenho que pagar o ginásio e gosto mais de pensar pela minha cabeça e menos pelo dos outros embora sendo ele um génio mas muito artista!

Sebastião Barros disse...

Se o que diz é verídico, o Rosa Dias terá desiludido muita gente e traído os princípios que defendeu durante anos. Usar uma função para a qual foi eleito pra tentar conseguir ajudas para um clube desportivo a cuja direcção preside, é duma promiscuidade que lhe retira qualquer base ética para criticar o que seja. E vai concerteza afundar ainda mais as já fracas perspectivas dos IpT. Os eleitores não gostam de ser enganados, mesmo a favor do seu clube. Com que autoridade poderá ele criticar doravante a numeação do irmão do Corvêlo para a Casa Lopes Graça? Afinal parece que sempre andam todos ao mesmo, uns mais directamente, outros nem tanto.

Anónimo disse...

São todos da mesma igualha.

Os resultados, fraco, do passado garantem o seu futuro: uma nódoa?

Votar neles? Não. Meter a cabeça na areia como A.Rebelo? Também não. A solução é fácil de ver.

Unknown disse...

Não se deve substimar a candidatura que vai surgir da CDU. Irá ser a tal pedrada no charco que Tomar está a precisar. Composta de gente valorosa em que a palavra "servir" substituie a palavra servir-se.
Estou optimista. Vamos ter boas notícias.